domingo, 5 de junho de 2016

Palavras

Uma amiga me mostrou esta semana uma mensagem verdadeira sobre como é fascinante a palavra "ué". O ué é fenomenal, pois pode ser aplicado em várias situações dependendo do contexto e entonação. Isso me fez colocar no papel (ou melhor, no bloco de notas virtual) umas ideias que eu já desenvolvia há algum tempo sobre algumas palavras que deveriam ser universais e estar em todos os idiomas. Sem que suas respectivas traduções sejam excluídas, é claro, pois o Marcelismo é a pura democracia. Obviamente, o ué estaria nesse grupo.
Meu esperanto particular também teria o "disgusting". A força dessa palavra tem muito mais valor do que o português "nojento", como você pode ler nos exemplos abaixo:
1. O governo é nojento
2. O governo é disgusting
Perceberam? O impacto é muito maior.
Também estariam neste meu grupo particular o grego "kalimera" e o francês "bon jour". Quem escuta um kalimera de bom dia, começa o dia feliz, em êxtase, porque é uma palavra dita com sorriso de orelha a orelha. É provável que ouvir um kalimera te faça sair para trabalhar cantando e dançando como numa cena de "Mamma Mia". Já se você escuta Bon Jour, você começa o dia já apaixonado. Agora, escutar Bom dia é broxante e dá azia. É como acordar cedo na segunda-feira.
Por falar em amor, a expressão "Jet'aime" tem muita imprensa. Não chega perto de um "Eu te amo" ou um "I love you". Agora, se a questão é trepar mesmo, nada supera o espanhol "te quiero". Eu sei que não necessariamente isso tem a ver com sexo, mas vai dizer que você não pensa naquilo quando ouve um "te quiero"?
Mas se o assunto é odiar, "I hate you" tem muita força, porém nada comparável ao alemão "Ich hasse dich".
Da língua de Nietzsche eu também tiraria para o meu esperanto particular o termo "Entschuldigung", porque "com licença" e sua variante "licencinha" não têm condição. Enquanto "excuse me" soa como aquela patricinha metida e sebosa falando. E se alguém espirra, nada melhor do que dizer "Gesundheit". E nada exemplifica melhor o significado de trabalho do que o alemão "arbeit" (entendam como quiserem).
Aliás, o inglês têm uma série de expressões que podem soar mal. Tipo "sorry". O italiano "scusa" é mais bonito. "Pardon" também é uma boa e elegante opção.
Agora, se temos que dizer adeus, não busque a música do Roupa Nova. Bye bye é ruim, mas eu até gosto de farewell, porque é classuda e aparece nas peças de Shakespeare. Contudo, ninguém diz adeus como os russos. Ouvir "Do svidaniya" é o melhor até logo que você pode receber. Quando você escuta Do Svidaniya, parece que acabou de deixar o bar bêbado e feliz. Perto dos russos só o "arrivederci" italiano.
Por falar em bar, aquele momento do tim-tim seria lindo se disséssemos o sueco (e nórdico) skål (fala-se iskool). Ninguém brinda como os nórdicos.
Outra palavra inglesa que não engulo é "Thank you". Soa debochado na boca de alguns. Talvez esteja desgastada, afinal, o inglês é o esperanto que deu certo. "Obrigado" também me incomoda. Se você tira primeira sílaba remete a briga, se tira a última remete a obrigação. E o agradecimento deveria ser um ato de generosidade. No esperanto marcelista falaríamos "Efscharistó" (se fala Efaristô). Quando você usa a expressão grega, está sempre sorrindo. O "merci" francês te traz um meio sorriso enigmático e também está valendo. E o arigatô japonês devia ser usado sempre em ocasiões formais.
Se tem uma expressão que é universal é "Ok". O mundo ocidental inteiro diz ok. Ok, eu peguei implicância. No meu dicionário diríamos mais o espanhol "vale".
- Vamos no cinema amanhã?
- Vale
E para que eu fiz esse textão linguístico afinal de contas? Sei lá. É apenas uma reflexão de domingo enquanto eu espero "Game of Thrones".

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