sexta-feira, 24 de julho de 2015

Cotação da corneta: 'Homem-Formiga'

Batendo um papo com a amiga
Certa vez, numa conversa um amigo me disse: "Que época maravilhosa para ser nerd". Como discordar? No passado, nós nerds (a corneta pratica um nerdismo pós-moderno) nos contentávamos com "Star Wars", "Star Trek" e filmes em geral que passavam no SBT. Hoje, além de continuarmos de olho no poder da força, lutando contra o "dark side" (leia com voz de vilão) e falando klingon, nós vemos todos os nossos heróis dos quadrinhos no cinema. E muitas vezes em adaptações fiéis que emocionam qualquer fã. Que momento fantástico!

É claro que sempre existirão os haters. Aqueles que sobem na Ágora do Twitter, no palanque do Facebook, para berrar que o cinema acabou. Que não existem mais roteiros criativos. Que só fazem filme de super-heróis. Bem, estes estão procurando muito mal. Semana passada mesmo eu vi dois bons filmes no cinema: um alemão ("Phoenix") e um francês ("Uma nova amiga"). Tudo sem efeitos especiais, explosões, piadinhas e com temáticas sérias. Recomendo. But, haters always gonna hate e nunca entenderão o quanto é legal demais ver heróis como o Capitão América, o Homem-Aranha e o Homem de Ferro no cinema.

De fato (e analisando o outro lado), há um excesso de filmes, ou um boom de produções cinematográficas do gênero. Só neste século 92 filmes baseados em diferentes quadrinhos foram produzidos. Isso só em língua inglesa. “Asterix & Obelix”, por exemplo, não está incluído aqui. Assim como animações e filmes e séries para a TV. A título de comparação, antes de 2001, 51 filmes haviam sido feitos. O primeiro de um herói famoso que se tem notícia é um do Superman de 1951, estrelado por George Reeves e dirigido por Lee Sholen. Há ainda outras 32 produções previstas até 2020. Oito delas só para o ano que vem. São elas (para vocês ficarem com água na boca): “Batman vs Superman: a origem da Justiça”, “Deadpool”, “Capitão América: Guerra Civil”, “X-Men: Apocalypse”, “Esquadrão Suicida”, “Gambit”, “Doutor Estranho” e um novo filme das tartarugas ninja.

Tudo isso pode cansar o espectador comum, é verdade. Mas os números de bilheterias comprovam que isso ainda não atingiu boa parte do público. Quanto ao fã, ele nunca ficará cansado. Palavra de um.

"Homem-Formiga" é um exemplo de um filme muito voltado para este fã. Aquele cidadão que conhece a história de Hank Pym, lembra do herói nos Vingadores e começa a puxar pela memória que, em breve, a Vespa também aparecerá. E ela ainda será interpretada por Evangeline "Lost" Lilly. É muita emoção.

Para os demais, "Homem-Formiga" é mais do mesmo. Com certeza pode divertir. Mas é o de sempre que a Marvel tem nos oferecido. Tem uma história com um vilão insano, o Jaqueta Amarela (Corey Stoll, o Peter Russo de “House of Cards”, configurando que ele só se mete em roubada), que quer iniciar uma nova corrida armamentista, um lance meio família, reconciliações a partir da resolução de problemas do passado, um herói carismático, o núcleo cômico, um romancezinho que começa a engatar, pois ninguém é de ferro, e as já conhecidas citações a outros filmes da Marvel. Além da brincadeira do gênero “Onde está Wally?” para achar o Stan Lee.

O filme já começa com Hank Pym (Michael Douglas) aposentado, mas ainda capaz de acertar uns bons cruzados de direita. Ele sabe da ameaça que um ex-pupilo representa e já está de olho num jovem talentoso para substituí-lo como este pequeno grande herói.

Trata-se de Scott Lang (Paul Rudd), um ladrão com mestrado em engenharia (isso é que é qualificação para assaltar, amigos), que acaba de sair da cadeia e quer ter uma vida correta para ser um herói para a filha saltitante e ainda trocando a dentição de leite. Mas a vida não é fácil para ex-presidiários. Por causa do preconceito, ele não consegue nem manter um emprego numa sorveteria.

A vida não está fácil. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades e Lang precisa pagar a pensão da filha, do contrário nunca terá o respeito da ex-mulher. Mas Lang e seus comparsas, entre eles o divertido Luis (Michael Peña), arrumaram o golpe perfeito. Assaltar o cofre de um velhinho. Eles só não sabiam que o velhinho em questão era Hank. Se deu mal, Scott. Ele te colocou numa grande enrascada. Agora é aceitar a proposta de ser o novo Homem-Formiga ou mofar na cadeia.

Óbvio que ele diz sim, ou o filme teria que acabar por aqui. E também porque ficar mexendo com os átomos e brincando de encolher e aumentar é melhor do que ficar parado na cadeia. Então Lang começa a treinar em avançadas técnicas de artes marciais, aprende a mexer em novas tecnologias e estuda a incrível arte do ADESTRAMENTO de formigas. Afinal, serão suas novas amiguinhas que formarão o time que vai lutar contra as vilanias do Jaqueta Amarela e de tudo o mais que vier pela frente.

A partir daí, acompanharemos sensacionais MICROCENAS de luta, incluindo a incrível batalha final num trenzinho de brinquedo. Impossível não rir dessa vibe "Querida, encolhi as crianças" (1989).

Os efeitos especiais são uma das coisas mais legais do "Homem-Formiga". Ficou para mim a impressão de que o filme funciona melhor do que nos quadrinhos, pois é possível brincar com uma série de possibilidades.

A nova franquia, portanto, está estabelecida. Agora aguentem. Em breve, o Homem-Formiga fará parte dos Vingadores (é inevitável) e o filme de Peyton Reed pode ser considerado bem satisfatório. O Homem-formiga é meio que um herói B e diverte como o “Guardiões da Galáxia” (2014) ou o primeiro filme dos “Vingadores” (2012). E eu consegui terminar essa corneta sem citar a frase “Dos pequenos frascos que saem os grandes perfumes”. Afinal, “Dos pequenos heróis saem as grandes aventuras” (Ok, foi péssima). Piada infame à parte, o “Homem-Formiga” vai ganhar uma nota 7,5.

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