sexta-feira, 10 de julho de 2015

Cotação da corneta: 'Exterminador do futuro: Gênesis'

He's back
O primeiro “Exterminador do Futuro” se passa em 2029 e eles viajam para 1984. O segundo se passa em 2029 e eles viajam no tempo para 1995. O terceiro filme acontece, aparentemente, em 2032 e eles viajam para 2004. Já o quarto filme rola em 2018, não tem viagem no tempo, não tem Arnold Schwarzenegger e foi dirigido pelo cara que fez “As Panteras” (2000). Ou seja, um strike de erros. Sua mais recente versão se passa em 2029 (De novo! O que me faz refletir em como será o novo filme quando a humanidade chegar a 2029), eles viajam para 1984 e depois vão parar em 2017. Por sorte, o Ramones é eterno e onde houver um rádio e uma tomada, Joey estará vivo para cantar "I wanna be sedated". Canção esta que foi lançada em 1978, quando Sarah Connor era uma adolescente rebelde.

E ai, eu me pergunto. Com toda essa bagunça cósmica provocada pela Skynet, como saber o que é passado, presente e futuro? Você pode estar numa boa curtindo Los Angeles e, de repente está conversando com o seu pai, que é mais novo que você. Em outro momento, você tem uma vida em São Francisco, e ai o seu filho surge sem que você sequer tenha transado com a mãe dele. Ao mesmo tempo, você conversa com você mesmo mais jovem. É uma franquia puramente filosófico-freudiana, admitam.

E é nessa vibe "Interestelar" que tio Arnold Schwarzenegger, também conhecido como ex-governador da Califórnia, retorna ao seu melhor papel, aquele que ele demonstra todo o seu talento: o do robô T-800. 

"Exterminador do futuro: Gênesis" é legalzinho, é maneirinho (assim mesmo no diminutivo para não valorizar muito) e no mesmo estilo dos anteriores. A guerra entre humanos e máquinas não tem fim no futuro apocalíptico, mas quando John Connor parece ter dado o tiro certeiro, a Skynet, que, vocês sabem, não é um pool de TVs a cabo, mas um conglomerado de robôs Ultron que deu certo, manda um robô para 1984 para matar adivinha quem? Sarah Connor (Emilia Clarke em sua nova versão), é claro. O objetivo é aniquilar Sarinha antes que ela possa gerar o jovem problemático, revoltado e que não aceita as coisas como devem ser John Connor (Jason Clarke na idade adulta de 2029).

Diante disso, Kyle Reese (Jay Courtney) é o escolhido por motivos que vocês entenderão no filme para voltar ao passado e proteger Sarah. Só que o 1984 do passado, não é mais o 1984 de hoje (ou não será, sei lá). Desde a primeira visita do Exterminador lá no filme dos anos 80, Sarah não é mais uma garçonete e, sim, já está por dentro dos acontecimentos futuros dadas as visitas recentes de robôs do futuro nos últimos tempos. 

E aqui precisamos de um parêntese. Vocês não acham que Emilia Clarke é a atriz mais mimada do momento? Em “Game of Thrones”, ela tem DRAGÕES para ajuda-la quando a coisa aperta. Sempre se dá bem. No “Exterminador do Futuro”, ela tem um robô Schwarzenegger para tirá-la de todas as enrascadas. Esta moça nunca anda com as próprias pernas nas produções que participa. Assim é molezinha.

Sarah está em mais uma roubada
Enfim, Daenerys Targaryen em sua versão morena reúne o seu time para abalar a boca do balão no futuro: Schwarzenegger e Kyle para combater um vilão que é o último grito em tecnologia, o cara responsável por fazer a Skynet ser uma versão ainda mais poderosa nesta versão paralela do futuro que tangencia outros futuros. Pois é, este filme é um grande wormhole.

Talvez por ser um pouco confuso para o espectador situar em que momento do tempo-espaço ele se encontra, o filme de Alan Taylor tenta explicar tudo. Ele tem que explicar demais. E isso no cinema é como explicar piada. Não dá certo. É até possível compreender o que eles querem dizer, mas são muitos dados para processar.

Por falar em chistes, o humor é o grande trunfo do filme. Schwarzenegger esta impagável e totalmente sem se levar a sério. É como se o “Exterminador do Futuro” tivesse tomado um banho de “Irmãos Gêmeos” (1988) ou “Um tira no Jardim de Infância” (1990). O jeito robótico de interpretar com frases puramente cartesianas do ator de 67 anos é o que há de mais legal num filme que não chega a ser o último copo d’água no deserto apocalíptico e anda sendo vendido desnecessariamente com um 3D que não serve para nada.

Enquanto acontecem as perseguições e cenas impossíveis de praxe para um filme do gênero, o roteiro de Laeta Kalogridis e Patrick Lussier vai soltando uma série de referências em relação ao primeiro e ao segundo filme da franquia (os outros foram esquecidos). Tem até a frase: “I'll be back" (risadas no cinema). Reunir a formação clássica do Guns N’Roses que é bom, no entanto, não rolou.

No fim, em um 2015 em que se olha para o passado lá no século XX (já tivemos neste ano no cinema os retornos de “Poltergeist” e “Mad Max” e ainda vem aí o novo “Star Wars"), “Exterminador do futuro: Gênesis” optou por um caminho oposto ao de “Jurassic World”, outra franquia que retornou neste ano. Ao invés de ser uma continuação, é um filme com cara de reboot. Mas como nada é simples neste universo passado-futurista, é um reboot com reminiscências do passado. Deu para entender?

Kyle deixa isso claro no fim, quando diz que agora é possível escolher o futuro. E a cena final pós-créditos desenha para os que ainda não haviam entendido. Um novo começo pode ser avistado. A roda gira e Schwarzenegger esta ai disponível para nos divertir com o seu T-800 remodelado, ou melhor, com upgrade.

O novo Exterminador não é um desastre completo e arranca algumas risadas. Se este não era o objetivo, aí paciência. Tudo graças a Schwarzenegger, que poderia muito bem fazer um filme da série a cada dois anos. E se não tiver mais ideias para proteger a família Connor, a corneta sugere que ele vá para momentos históricos. Algumas sugestões: 

1) Exterminador volta para 1865 e impede o assassinato de Abraham Lincoln

2) Exterminador volta para a idade média e duela com Vlad Dracul

3) Exterminador volta para 1945, decide a Segunda Guerra Mundial e vira rei da Alemanha

4) Exterminador volta para 1789 e participa da revolução francesa

5) Exterminador volta para a pré-história e impede um meteoro de cair na terra. Só para ficar numa vibe mucho loka estilo “Jason X” (2001).

Enquanto estas e outras ideias não são implantadas, a corneta deve reconhecer que “Exterminador do futuro: Gênesis” podia ser melhor. Ou pelo menos com uma história menos mirabolante com passagens difíceis de engolir (Como o Schwarzenegger estava esperando os dois no futuro de 2017?). Para coisas complexas e insanas, nós temos Christopher Nolan, não é verdade? Mas o humor do filme, algumas boas cenas e aquela sensação boa de nostalgia da corneta vai lhe garantir uma nota suficiente para passar de ano: 6.

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