sexta-feira, 27 de março de 2015

Cotação da corneta: 'Insurgente'

Quebrando tudo sem perdão
Foi-se o tempo em que o cinema era palco de jovens garotos que vão para a Califórnia em busca de aventuras, sexo e diversão. Não necessariamente nesta ordem. Aquela era mágica compreendida entre os filmes do "Cinema em Casa", do SBT, até pérolas do DESVIRGINAMENTO, como "American Pie" (1999).

Os jovens ficaram mais complexos. Eles agora vivem em mundos distópicos que pretendem libertar das amarras de regimes opressores. Governos estes liderados por atores de peso que dão credibilidade e servem de escada para uma nova safra oriunda das divisões de base virar protagonista.

Sim, amigos, a corneta passou por um intensivão e viu no mesmo dia "Divergente" e "Insurgente" para falar com (pouca) propriedade e (muita) malemolência sobre o novo filme de baseado nos livros de Veronica Roth.

A série "Divergente" é evidentemente um lado B de "Jogos Vorazes". É como se "Jogos Vorazes" fosse "Brown Sugar" e "Divergente" fosse "Play with fire", sacou? Não é necessariamente ruim, é um hit mas também não é O hit. Afinal, todos sabemos que Jennifer Lawrence >>>>>>>>>>>>>> Shailene Woodley.

No novo filme, Beatrice Prior (Shailene Woodley), Tris para os íntimos, e seus amigos continuam praticando o péssimo hábito de pular em trens em movimento. Essa galera da Audácia se acha. Por isso que eu sempre preferi Franqueza e Amizade, ainda que Abnegação também tenha o seu valor. Já Erudição tem muita gente metida e de nariz em pé.

Agora, Tris tem duas missões importantes: salvar o mundo e conhecer a sogrinha. Que momento difícil da vida de uma jovem.

A história começa pouco tempo depois do fim de "Divergente", quando Tris enfiou a faca na mão de Kate Winslet, que vive Jeanine, e estragou os planos da vilã erudita. Nossa heroína agora está com um novo corte de cabelo, mais alinhado com os novos tempos e a modernidade, e novas ambições.

Mas... Jeanine também tem novos planos. E eles não são nada estéticos. Ela encontrou uma caixa secreta na casa dos pais de Tris que contém uma mensagem que para ela vai mudar o mundo até onde conhecemos. Só que ela precisa de um divergente nível alfa, com características de todos os povos para abrir a tal caixa de pandora pós-moderna. E vocês sabem que esse divergente só pode ser Tris. É o destino, Tris. A culpa é das estrelas. Opa, desculpa, esse é o seu outro filme. É que você vive contracenando com Ansel Elgort que eu confundi.

Sabemos que no fundo, lá no fundo, tudo o que Tris queria era continuar o seu romance água com açúcar com Quatro (Theo James) e viver feliz para sempre na Amizade (a comunidade, é claro). Mas ao mesmo tempo ela tem um desejo de vingança e sangue contra Jeanine que é mais forte e precisa ser saciado.

Antes de tudo, porém, uma missão mais complicada. Tris precisa conhecer a sogra. E que sogra! Afinal, estamos falando de Naomi Watts. Naomi, ou melhor, Evelyn, é também a líder dos sem-facção, uma comunidade de desajustados que quer dominar essa Chicago do futuro, derrubando os eruditos. Os eruditos são um problema para a sociedade, como vocês estão vendo. Para isso, ela terá a ajuda de Tris e Quatro, na missão. Além de Peter (Miles Teller), que largou a bateria de "Whiplash" para ficar transitando entre o apoio aos rebeldes e ao governo. Bem em cima do muro. Parece até partidos políticos.

Então está traçado o cenário de “Insurgente”. No corner esquerdo, divergentes e sem-facção. No canto direito, eruditos e audaciosos. Em cima do muro, amigos, francos e abnegados. E vamos para a guerra.

“Insurgente” é um típico filme para jovens fãs dos livros de Verônica Roth. Não tem muita profundidade e segue a fórmula menina deslocada e diferente dos demais embarca numa jornada de autoconhecimento e ao mesmo tempo bagunça a sociedade e tenta mudar o mundo.

Insira no meio disso um romance fofo com um cara bonitão e forte pronto para protegê-la, alguns gritos, uma pitada de efeitos especiais e bata no liquidificador (juro que não é merchan do blog). Temos um filme.

Claro que o filme vai faturar muito. Só nos Estados Unidos já fez US$ 54 milhões. Como “Divergente” faturou. Foram US$ 288,7 milhões. Mas Shailene não tem o mesmo carisma de Jennifer. E a própria história de “Jogos Vorazes” é mais interessante.

As duas franquias tem ainda um erro em comum: o fato de dividirem o último livro em dois filmes criando a famigerada trilogia de quatro trabalhos. Mas enquanto “Convergente - parte 1” não vem ao mundo (só em março do ano que vem), “Insurgente” vai ganhar uma nota 5.

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