sexta-feira, 13 de março de 2015

Cotação da corneta: 'Kingsman: Serviço Secreto'

Colin Firth é puro estilo
Há filmes que nos ensinam algumas lições. Em "Kingsman: serviço secreto" uma delas é: Não incomode um homem que esteja bebendo uma cerveja. Principalmente se for uma famosa marca irlandesa em um pub inglês. Você pode se arrepender. Afinal, é preciso uma certa fleuma até entre adversários.

"Kingsman" é daqueles tipos de filme que você sabe tudo o que vai acontecer a partir do momento em que viu o trailer. Mas como não se divertir com as melhores cenas de luta do cinema ocidental desde, sei lá, "Matrix" (1999)? Pois, convenhamos, é muito difícil bater os chineses especialistas em kung fu no quesito cenas de luta.

Eu não sei qual foi o orçamento gasto com o coreógrafo dos combates e todos os que trabalharam nestas cenas (o filme todo custou US$ 81 milhões), mas eles mereceram cada centavo. Parabéns a todos os envolvidos. Difícil é escolher qual é o melhor momento. Se é a cena do bar da lição de moral citada no início deste texto, a da igreja ou o bom e velho um contra um entre herói é o capanga do vilão ao fim que costuma marcar o clímax de filmes deste gênero. E tudo com um clima, digamos, “tarantinesco”.

Este é um dos motivos de o filme ser o mais divertido do ano até aqui. Veja bem, não é o melhor, não é o roteiro mais incrível ou com atuações dignas de prêmio de nome complexo em festival francês. O quesito aqui é o Oscar da diversão/zuera. E o filme de Matthew Vaughn sai na frente.

"Kingsman" é o típico filme de herói veterano que prepara o terreno para passar o bastão para o novato assumir o protagonismo. Nesse meio tempo, eles tentam salvar o mundo de um tirano maluco.

Tudo é uma paródia dos filmes de espionagem. As citações são muitas, 90% delas envolvendo James Bond (Uma hilária versão de como o Martini deve ser preparado e a cena com o herói e uma bela mulher, por exemplo). Mas também há a um pouquinho de Jason Bourne e até Jack Bauer, que nem agente secreto é. É ir pescando é rir das situações.

A história? Basicamente é o seguinte: o vilão Valentine, vivido de forma propositalmente caricata e com língua presa por Samuel L Jackson, tem um plano de dominação mundial que precisará ser executado, pois todo grande vilão deste tipo de filme tem Síndrome de Cérebro e acorda pensando num plano de como vai conquistar o mundo. Caberá aos alfaiates superpoderosos impedi-lo de realizar o feito. Você sabe que isso vai acontecer né? Não existe spoiler neste tipo de filme. 

Enquanto isso, o Kingsman precisa encontrar um novo agente secreto para substituir o antigo que morreu no Iraque em uma missão no início do filme ao som de Dire Straits. Pelo menos ele se foi com uma bela canção.


O bambambã do grupo é Galahad, vivido em corpo, alma, terno e sotaque britânico por Colin Firth (descrição feita de propósito só para fazer as mulheres suspirarem). Numa dessas coincidências da vida (é mesmo? – “sinal de ironia”), ele escolhe o filho de um agente morto no passado para indicar para o grupo secreto. O problema é que Eggsy (Taron Egerton) não tem nenhuma classe. É um fora da lei do subúrbio de Londres cheio de problemas, mas que pelo menos sabe parkour. Em meio a vários almofadinhas, ele terá que aprender não apenas a lutar, como a ter algum estilo, requisito fundamental para o trabalho.

E Galahad estará sempre pronto para ajudá-lo. Afinal, se tem alguém que tem classe nesse mundo é Colin Firth. Não importa se você está por cima da carne seca, é um rei gago (“O discurso do Rei”, de 2010) ou um soldado torturado por japoneses durante a II Guerra Mundial (“Uma longa viagem”, de 2013). Colin daria um James Bond infinitamente melhor que Daniel Craig. 

Então Egssy terá que aprender a ser “phyno”. Assim mesmo. Com ph e y. Não como em "Uma linda mulher" (1990), porque ele não tinha Sessão da Tarde na TV de casa para conhecer o filme. É sim como em "Minha bela dama”. Ao indicar que gosta de Audrey Hepburn, o rapaz mostra ao menos algum requinte.


Desnecessário comentar o que vem na sequência. Você já pode imaginar. Mas o divertido é ver como a história chega até o final ao som de Bryan Ferry. “Kingsman” realmente gosta de um som dos anos 80.


A corneta curtiu "Kingsman", deu boas risadas e conseguiu chegar até o fim deste texto sem contar a única surpresa que configuraria um spoiler neste filme. Vitória! Sobre a nota final, “Kingsman” ganhará um 7.

Nenhum comentário: