domingo, 20 de março de 2011

Para abrir o ano com estilo

Enquanto muita gente ainda recolhia fantasias de uma festa menor e sem importância chamada carnaval, o Rio de Janeiro começava a ficar muito mais interessante a partir da Fundição Progresso. São 13 de março, mas não é sexta-feira, quando os ventos da Finlândia trazem a turnê de “What Lies Beneath” e novo e ótimo disco da cantora Tarja Turunen.

A soprano do metal melódico desembarcou pela segunda vez no Rio e me surpreendeu com um show ainda melhor que o de três anos atrás, quando o Canecão recebeu a turnê do segundo disco da cantora após a saida do Nightwish, “My winter storm”.

A bela voz de Tarja, 33 anos, metade deles de serviços bem prestados ao metal é o que ecoa primeiro quando ela ataca de “Dark Star”. Embora o público esteja sedento para ver os belos olhos verdes e outros atributos físicos igualmente bem cotados de Tarja, a cantora faz um suspense com uma espécie de véu na frente do palco que só cai no último refrão da canção que abre os trabalhos.

A Fundição está saudavelmente cheia. Nada abarrotado que sufoque o indivíduo e nem constrangedoramente vazio que desanime Tarja e a banda formada pelo baterista Mike Terrana, que já tocou com Yngwie Malmsteen, o tecladista Christian Kretschmar, o guitarrista Julio Gomez, figuraça como todo guitarrista, o violoncelista Max Lilja e o baixista Doug Wimbish, aquele mesmo do Living Colour e que já tinha acompanhado a cantora na “My winter storm tour”.

Enquanto os morcegos voam livremente sem causar maiores danos aos fãs (seu maior predador, Ozzy Osbourne, ainda não está na cidade), Tarja entra em sintonia fina com os fãs. Recebe presentes (dois sapos de pelúcia, algumas flores) e um acompanhamento em “I Walk Alone” que deve tê-la deixada satisfeita. A finlandesa está finalmente construindo uma carreira solo após uma confusa saída do Nightwish que envolveu um desentendimento entre o seu marido, Marcelo Cabuli, e o também vocalista e guitarrista da banda Tuomas Holopainen. Eu acabei vendo um dos últimos shows da banda também no Canecão. Hoje está tudo bem e o Nightwish seguiu sua vida com Anette Olzon nos vocais.

Está tudo tão bem que Tarja não se incomoda em dar pedaços açucarados do passado com “End of all hope” e “Higher than hope” num início de um surpreendente set acústico. “Vamos tentar uma coisa nova. Espero que vocês gostem”, diz a cantora. Com aquela voz e aquele sorriso, ela podia tudo.

Nos 110 minutos de show, algumas trocas de roupa, um português muito bem treinado e a alternância entre os dois mais recentes discos da cantora. Preferência óbvia para as músicas do “What Lies Beneath”. Afinal foi o que a levou ali naquela noite. E tome de “I feel immortal”, “Falling Awake”, “Little Lies”, “Underneath”, as belas “The archive of lost dreams” e “Crimson Deep” e o adeus com clima de até logo chamado “Until my last breath”.

Tarja está cantando ainda melhor do que há três anos. Com um repertório maior, seu show também ficou ainda melhor. E ela parece mais perfeita e confiante no palco nesse novo momento solo. Não abusa tanto dos seus vocais operísticos como na última apresentação e encontrou um tom perfeito para a sua técnica lapidada na Sibelius Academy, escola de música finlandesa em que começou a treinar para ser soprano e depois servir com louvor aos deuses do metal. Uma heresia para quem começou cantando em coro de igreja, mas a maçã proibida é sempre mais deliciosa.

Faltou algo? Lamentei apenas não ter ouvido novamente “Poison”. O cover de uma canção de Alice Cooper cairia bem no cardápio variado de Tarja que não escondeu a emoção do novo show no Rio.

“Queria agradecer ao Rio de Janeiro pelo inesquecível show desta noite. Foi um prazer e muito divertido estar com vocês. Obrigada e espero vê-los em breve novamente. Love, Tarja”, “twittou” e “facebookou” a moça, que não é muito afeita a isso, horas depois do concerto.

A gente é que agradece, Tarja. Foi um belo show para começar o ano em grande estilo.

Veja abaixo o set list e alguns bons momentos do show da cantora.

Dark Star
My Little Phoenix
I feel Immortal
In for a Kill
Falling Awake
I walk alone
Little Lies
Underneath
End of all hope
Higher than hope
We Are
Minor Heaven
The archive of lost dreams
Ciaran’s Well
Crimson Deep
Where were you last night / Heaven is a place on Earth/ Living on a prayer
Die Alive
Until my last breath



"Die Alive"

"Crimson's Deep"

"Archive of lost dreams"

"I walk alone"

"In for a kill"

"End of all hope"

"I feel immortal"

"Until my last breath"

Nenhum comentário: