sábado, 20 de novembro de 2010

Um herói das pistas

“O Senna é a única coisa que o Brasil tem de bom”. “No Brasil falta educação, segurança, saneamento, falta tudo, mas tínhamos a alegria com o Senna. Agora nem alegria temos mais”. Estes são dois depoimentos que mais do que serem retratos do Brasil entre o final da década de 80 e o início da década de 90, mostram a dimensão que Ayrton Senna da Silva tinha nesse país.

Senna foi um herói quase perfeito no imaginário popular. E é essa quase divindade que encontramos no documentário do diretor inglês Asif Kapadia, que junto com o roteirista Manish Pandev se debruçou sobre mais de cinco mil horas de gravações, depoimentos, comentários e imagens, milhares de imagens, para contar a história de um mito do automobilismo que com o seu talento expandiu as fronteiras da Fórmula-1 para se tornar um dos maiores nomes do esporte mundial.

Como um herói trágico, Ayrton Senna morreu jovem e fazendo o que sabia fazer melhor. Foi aos 34 anos em Ímola, na Itália, que ele deixou órfão um país e fez o mundo inteiro chorar numa manhã de domingo em que costumava trazer alegrias como nas suas 41 vitórias e três títulos mundiais na principal categoria do automobilismo.

Filme de ficção nenhum poderia ser melhor do que a história real de Ayrton Senna contada pelo próprio e pelas pessoas que conviveram com ele. A dificuldade estava em organizar o vasto material deixado num trabalho enxuto de 1h45m que conseguisse contar a história de um piloto fantástico, um dos melhores da história da Fórmula 1 e um dos maiores esportistas de todos os tempos. E a missão de Kapadia e Pandev resultada no documentário “Senna” foi mais do que cumprida num filme excelente e fundamental para quem gosta de Senna, da F-1 e de esporte. Com a ressalva de que não é um documentário para leigos.

Estão lá o esportista que conseguia tirar leite de pedra de carros inferiores e brilhou no cockpit da McLaren, a rivalidade com o francês Alain Prost, tetracampeão do mundo e que foi de colega a inimigo mortal e posteriormente apenas rival que respeitava o brasileiro e hoje é colaborador do Instituto Ayrton Senna. Essa foi uma das maiores rivalidades da história do esporte e que impulsionou a popularidade da F-1.

Mas há também o piloto que tentava lutar contra o sistema da Fórmula 1, que buscava justiça e mais segurança para os pilotos e tinha o respeito dos colegas (exceto Prost, é claro).

Um gênio que era ainda mais genial na chuva, que ia além dos limites do carro e testava os seus próprios limites. Que foi sacaneado e também deu suas porradinhas, que foi campeão correndo para vencer com o que sempre se chamou de “faca nos dentes”. Um comentarista inglês o define com uma palavra: “fast”. É assim que era Senna.


As vitórias que construíram o mito também ganham espaço. A de 91, a primeira em Interlagos, só com a sexta marcha funcionando no carro que o desgastou profundamente. A de 93, também em Interlagos, com a torcida invadindo a pista, é mostrada de relance. E muitas outras que valeram ou não. O rei de Mônaco, o ídolo, são muitos os Sennas que aparecem na tela. São muitas as imagens curiosas que enriquecem a história da Fórmula 1 e não cabe a mim aqui contar para não estragar o filme. Melhor é vê-lo no cinema e recordar alguns momentos inesquecíveis nos vídeos abaixo. Eles não mostram necessariamente as grandes vitórias do cena, mas momentos de muita emoção na carreira de maior piloto que o Brasil já teve.






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