domingo, 1 de agosto de 2010

Falta tudo em “Salt”

Antes de assistir “Salt”, li a crítica do filme no Globo. Era negativa e num jogo de palavras português-inglês dizia que faltava “salt” ao filme. O Bonequinho foi bastante bonzinho com o novo trabalho de Angelina Jolie, pois falta não apenas sal à película. Falta o tempero todo e a comida ainda azedou.

Tentativa de ser uma espécie de Jason Bourne de saias, “Salt” é um equívoco daqueles que você se pergunta por que pagou para ver. Tudo bem, eu tinha como motivo bastante nobre ver a Angelina Jolie, mas o excesso de roupas da moça desanima os seus fãs. Afinal, com meia hora de filme não tinha mais nada de interessante para fazer do que apreciar a beleza da atriz.

Se isso, porém, fosse o único problema de “Salt” estaria ótimo. A questão é que o trabalho do diretor Phillip Noyce – de bons filmes como “Jogos Patrióticos” (1992) e “O Colecionador de Ossos” (1999) – é extremamente ruim, sem pé nem cabeça, um desastre como poucas vezes vi nos últimos anos.

No filme, Jolie vive Evelyn Salt, uma agente da CIA, mas que está apenas usando um disfarce. Na realidade, ela é uma agente russa que faz parte de um programa do extinto serviço secreto soviético de infiltrar agentes em órgãos do governo americano em preparação para um tal de dia X, quando começam uma série de ataques dentro dos Estados Unidos para derrubar o “império”. A transição da mocinha para a suposta bandida que é mocinha, aliás, é lamentável.

Mas lendo assim o enredo até parece interessante. Só que na prática não funciona porque o roteiro desenvolvido por Kurt Wimmer é fraco, muito fraco. Da maneira como Salt tem a identidade desvendada até os eventos que vão se desenvolvendo culminando num final que não tem final como quem está dando uma deixa para uma seqüência (afinal, não existe mais blockbuster que não pense em seqüência).

E nesse meio tempo Salt vem e vai, há as reviravoltas que não funcionam e você fica ali vendo aquilo sem entender muito bem como se chegou naquele ponto. E tome seqüências de lutas, tiros e explosões que culminam em interpretações canastronas numa embalagem de enlatado americano que já nos acostumamos a engolir aqui em Pindorama.


E assim Angelina Jolie mais uma vez desperdiça seu talento (tá, eu sou fã, me perdoa) e beleza (indiscutível, por favor) com mais um filme inútil. Foi assim com “Bewoulf” (2007) e “Procurado” (2008), numa sequência de bombas só quebrada por “A Troca” (2009), filme de Clint Eastwood que a levou a concorrer ao Oscar. A musa definitivamente precisa inverter essa equação.

Nenhum comentário: