terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Valeu Ron

É com muita tristeza que fiquei sabendo hoje da morte do guitarrista dos Stooges, Ron Asheton. Aos 60 anos, ele foi encontrado morto em casa em Ann Arbor, Michigan, após um ataque cardíaco. Lembro até hoje da apresentação incendiária que ele e seus companheiros de banda, o irmão e baterista Scott Asheton, o baixista Mike Watt e, claro, Iggy Pop, fizeram no festival “Claro Que é Rock” em novembro de 2005, na Cidade do Rock.

Foi um dos melhores shows que já vi. Muito peso e a guitarra de Asheton conseguia brilhar mesmo com toda a intensidade, atitude e porra-louquice de Iggy Pop a frente do grupo mostrando a bunda e incitando a platéia a subir no palco e cantar junto com ele. No palco, Asheton era o oposto de Iggy Pop. Econômico nos gestos, fazia, porém, sua guitarra ecoar nos ouvidos da platéia.

Um showzaço da banda que surgiu em 1967 e pelo seu peso influenciou todo o movimento punk que viria no início da década de 70 com Sex Pistols, Clash e tantos outros arrombando a porta e arrotando na cara da rainha.

Ashton participou dos quatro discos de estúdio da banda, “The Stooges” (1969), “Fun House” (1970), “Raw Power” (1973) – este como baixista - e o recentemente lançado “The Weiderness” (2007). Ajudou a compor clássicos como “I wanna be your dog”, “No Fun”, “1969” e “Down on the street”.

Embora seja mais conhecido pelo trabalho no Stooges, Asheton também tocou em outra banda como “The New Order” – que não tem nada a ver com o grupo de Peter Buck – Destroy All Monsters, New Race e Dark Carnival.

Fanático pelo Newcastle United, estava sempre presente em St. James Park acompanhando sua equipe que anda mal das pernas na Premier League, ocupando apenas a 14ª colocação.

Sua morte foi lamentada pelos companheiros de banda, que demonstraram seu pesar em um comunicado: “Estamos chocados e abalados com a notícia da morte de Asheton. Ele foi um grande amigo, irmão, músico e camarada. Insubstituível. Ele será sempre lembrado”.

Asheton cresceu no subúrbio de Detroit. Era fanático por rock e, lamentavelmente, pelo nazismo. Em entrevista a “Rolling Stone” americana, ele disse que “tinha suásticas espalhadas por todos os seus livros”.

Em meados dos anos 60, ele e um dos seus poucos amigos, Dave Alexander, que viria a ser o baixista do Stooges, viajaram até a Inglaterra. Durante um show do The Who no Cavern Club, Asheton ficou completamente fascinado.

“Foi minha primeira experiência num pandemônio. Nunca tinha visto as pessoas tão loucas. Aquela música poderia levar as pessoas a limites perigosos. Foi quando eu decidi que era isso que eu gostaria de fazer”.

Pouco tempo depois, formaria a banda com seu irmão, Dave e um tal de Jim Ostenberg, que ficaria mais conhecido como Iggy Pop. Os dois primeiros discos foram um sucesso absoluto. No terceiro, Iggy resolveu contar com mais um membro na banda, o guitarrista James Williamson. A decisão desagradou Asheton, que ainda assim tocou baixo no álbum.

Após o seu lançamento, porém, a banda se dissolveu devido a brigas internas. Foram 25 anos sem ver Iggy até que em 1998 o cantor o ouviu tocando velhas canções do Stooges na trilha sonora do filme “Velvet Goldmine”. Assim, resolveu chamar os irmãos Asheton para participarem de seu disco de estúdio “Skull Ring” (2003). Dentro do possível, uma vez que Dave Alexander falecera em 1975, a velha banda estava reunida.

Os Stooges fizeram turnês, lançaram um novo álbum e Asheton estava feliz com o momento. “É fantástico tocar para o divertimento da platéia. Nos sentimos como velhos bluesman, pois tivemos que esperar 30 anos para sermos aceitos por todos. Levou algum tempo para o mundo nos entender. Mas valeu a pena esperar, pois este é o momento mais divertido que eu já tive no palco em toda a minha vida”. Uma pena que ele teve que ser interrompido justamente quando os Stooges retomavam a carreira.

Abaixo três clássicos da banda:

“No Fun”

“1969” e “Down on the streets”

“I wanna be your dog”

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