sábado, 23 de agosto de 2008

Eu sempre vou acreditar

Ir ao cinema para assistir a “Arquivo X – Eu quero acreditar” foi como rever velhos amigos. Depois de acompanhar por 10 anos a série que eu modestamente considero a melhor de todos os tempos e sofrer com o seu fim, embora reconheça que ele era necessário desde a saída de David Duchovny (Fox Mulder) e a natural falta de criatividade e repetição de roteiros depois de mais de 100 episódios, rever Mulder e Dana Scully (Gillian Anderson) foi como matar a saudade de tempos românticos.

Voltar às tensas quartas-feiras da Fox para saber o que iria acontecer com Mulder e Scully. Acompanhar as descobertas de um e o anteparo cético, filosófico, científico da outra.

A nova aventura no cinema, agora não mais atrelada à série como fora o primeiro filme, de 1998, mantém a qualidade de um dos muitos bons episódios que nós os fãs gostávamos de ver. Marcam presença o suspense, o mistério e um tom de sobrenatural junto a investigação de um crime bizarro. Junto disso, a dúvida.

A dúvida sempre foi o grande “personagem” de Arquivo X. Você nunca sabia se aquele cara que aparece na tela era mocinho ou bandido (às vezes ele era um pouco dos dois). É possível confiar nele ou não? O que ele diz é verdade ou não? Montar o quebra-cabeça e esperar a reviravolta no capítulo era algo delicioso.

Neste novo filme, Mulder e Scully, agora finalmente juntos desde o último capítulo da décima temporada, não são mais agentes do FBI. Ela trabalha em um hospital comandado por padres enquanto Mulder vive recluso para que os federais não o descubram e tentem prendê-lo. Lembremos que no final da série eles são perseguidos e têm que se esconder. Lutar pela verdade tem seu preço.

Mas o sumiço de uma agente e a ligação de um ex-padre pedófilo que parece ter visões com o crime, levam o FBI, disposto a retirar todas as queixas, a procurar Mulder, um especialista nos Arquivos X. Em mais um caso envolvendo fé, ciência, religião e a capacidade de acreditar em forças maiores ou não é que Mulder volta a ativa.

Escrever mais estragaria a história. Só posso dizer que ”Arquivo X – Eu quero acreditar” é um filme honesto com os fãs da série. Tem apenas um defeito. Não conquista novos admiradores.

O filme é como um grande episódio para os fãs. Quem não acompanhava a série não vai entender muitas referências, personagens e todo o clima “Arquivo X”. O pôster de Mulder com o OVNI e a frase “I want to believe”, a história de Samantha, a irmã morta de Mulder, ou as sementes de girassol (que, aliás, são gostosas, devo admitir). Ou talvez a brincadeira do tema do filme e da série sendo tocado num momento em que a câmera foca um foto de George W. Bush.

Uma outra piada, no entanto, que acontece já no final do filme será entendida pelas novas gerações. Principalmente as que acompanham “Lost” e após assistir à película conseguirão entender por que muitos comparam as duas séries. Foi uma boa sacada dos roteiristas Chris Carter e Frank Spotnitz.

Embora tenha dado entrevistas afirmando que desejava expandir o universo de fãs de “Arquivo X”, Carter, também diretor do filme, infelizmente não conseguiu isso. Não é a toa que o filme não arrecadou o esperado. Paciência. O diretor, aliás, promete continuar fazendo novos filmes. Nós, os fãs, agradecemos.

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