sábado, 26 de janeiro de 2008

Clooney e seus grandes filmes pequenos

A partir de hoje Memórias da Alcova começa uma série de análises sobre os cinco candidatos ao Oscar de melhor filme deste ano. A cerimônia acontece no dia 24 de fevereiro em Los Angeles (se a greve dos roteiristas deixar). A cada sábado, um dos filmes que concorrem ao principal prêmio será analisado. O primeiro é “Conduta de Risco”, que tem sete indicações. Na semana que vem será a vez de “Desejo e Reparação” (sete indicações), no dia 9 de fevereiro “Onde os fracos não têm vez” (oito indicações), no dia 16, “Sangue Negro” (oito indicações) e fechando a série, no dia 23, “Juno” (quatro indicações). Abaixo, a crítica de “Conduta de Risco”.

George Clooney está se especializando em interpretar personagens que inicialmente são, digamos, eticamente maleáveis, mas na medida em que o tempo e a película passam, são tomados por um sopro de moralidade e acabam tentando corrigir seus desvios éticos. Foi assim com o agente da CIA Bob Barnes em “Syriana” (2005), mas é em “Conduta de Risco” que ele avança no tema com o advogado Michael Clayton e encontra uma de suas melhores atuações na carreira, que não por acaso lhe valeu uma indicação ao Oscar de melhor ator.

Mais conhecido como “o lixeiro” de uma grande firma de advocacia, Clayton é responsável por apagar provas, negociar nos bastidores e fazer tudo o que é moralmente discutível para a empresa. Ele é mestre nisso e ganha bem para tal. Não tanto, porém, para suprir as suas dívidas de jogo e problemas que só aumentam quando ele começa a tomar nojo do que faz.

E o estopim acaba sendo um rebelde da firma, Arthur (Tom Wilkinson em ótima atuação e também indicado para o Oscar, mas como ator coadjuvante), que deixa de tomar seus remédios e passa a defender um grupo de pessoas que tenta processar uma grande empresa que as prejudicou no passado no clássico caso dos filmes de Davi contra Golias.

A medida em que tenta impedir a traição de Arthur, Clayton começa a tomar conhecimento da sujeira em que a firma está metida. Ao tentar investigar sem saber exatamente o que fará com aquilo, ele acaba escapando de um atentado. Mal sabiam seus malfeitores que aquilo foi o estopim para que ele fizesse o que é certo.

Com um roteiro inteligente e diálogos memoráveis escritos pelo diretor e roteirista Tony Gilroy (indicado para diretor e roteiro original), “Conduta de Risco” é mais um dos grandes pequenos filmes realizados por Clooney. Além de atuar, o ator é produtor da película ao lado do inseparável amigo, o diretor Steven Sorderbergh.

Uma vez li que ambos tem um acordo com o estúdio para o qual trabalham de que a cada blockbuster que realizam têm liberdade para projetos menores e/ou mais experimentais. Entre os três filmes da famosa quadrilha de Danny Ocean - “Onze homens e um segredo” (2001), “Doze homens e um segredo” (2004) e “Treze homens e um novo segredo” (2007) -, Clooney já participou dos ótimos “Confissões de uma mente perigosa” (2002), “Boa noite, boa sorte” (2005), ambos dirigidos por ele (este último, inclusive, lhe valeu um Oscar de diretor), o já citado “Syriana” e agora “Conduta de Risco”.

E ainda há o drama “The Good German”, dirigido por Sorderbergh e estrelado por ele e Cate Blanchett que eu ainda não vi e inexplicavelmente foi lançado no Brasil direto em DVD. Mesmo que esse filme seja ruim, no entanto, a platéia está no lucro nos diversos projetos em que Clooney se mete seja como diretor, ator ou produtor. E “Conduta de Risco” é a mais recente prova disso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Queria ter essa sua perseverança para escrever aqui no blog. É uma profusão incrível. Você faz análises de filmes, de times, de atores, shows etc etc e parece não se cansar. É um blog com periodicidade regular, recheado de bom conteúdo sempre!
Dá a receita para mim?????????rsrs
Beijos

PS. Como foi a viagem de volta para Nikit naquele dia da Cobal?

Anônimo disse...

O segredo, talvez mais do que a receita, está no amor pelo que eu faço. O blog é a minha ilha de liberdade plena e absoluta. Não tenho amarras e só escrevo o que quero e sobre o que gosto. É uma atividade prazerosa e, provavelmente alguém diria, terapêutica. Esse amor me faz querer melhorar sempre. Por isso mudei de endereço, o tornei mais interessante com fotos e vídeos e espero evoluir sempre.
Ter conteúdo sempre (a qualificação eu deixo para quem lê e agradeço seus elogios) é fundamental para manter o leitor visitando e comentando.
Só gostaria de ter mais do que sete leitores (se é que eu ainda os tenho) e que eles comentassem sempre para estimular o debate, pois eu sempre respondo às mensagens.
Enfim, e quanto a viagem para Nikit foi tranquila. E valeu por você ter sido um dos heróis.
beijo