domingo, 27 de julho de 2025

“Quarteto Fantástico” não é perfeito, mas tem coração

Finalmente um filme bom do Quarteto
Depois de tantas décadas sendo maltratado por diferentes versões de gosto duvidoso no cinema, pôde-se dizer que finalmente o Quarteto Fantástico ganhou uma adaptação digna do grupo no cinema.

São muitos os acertos do filme. A começar pela estética anos 1960 futurista que emula demais os quadrinhos e tem uma clara inspiração no desenho animado dos Jetsons.

Outro ponto positivo está no elenco. A química do quarteto Pedro Pascal (Reed Richards), Vanessa Kirby (Sue Storm), Ebon Moss-Bachrach (Ben Grimm) e Joseph Quinn (Johnny Storm) funciona muito bem. Especialmente os três primeiros, que conseguem dar nuances em suas atuações onde o roteiro por vezes soa pueril e básico.

Pascal sabe transmitir uma insegurança e falhas ao mesmo tempo em que demonstra ser o cientista mais brilhante daquele universo. Kirby foi muito feliz ao aproveitar muito bem o quanto o roteiro valoriza e faz justiça a Sue Storm como líder, ponto de equilíbrio, força mental e uma heroína extremamente poderosa do Universo Marvel.

Já Moss-Bachrach, que ainda tem o desafio de muitas vezes ser apenas a voz do Coisa, consegue transmitir perfeitamente as inseguranças de Ben e seus medos com a sua aparência e sua dificuldade de se encaixar num mundo cheio de pessoas de aparência normal enquanto ele é todo feito de pedra. Isso parece que será algo ainda mais explorado no futuro, principalmente pelo que vemos de sua relação com Rachel Rozman, personagem de Natasha Lyonne.

O elo mais fraco dos quatro é o Tocha Humana de Quinn, ainda que ele também tenha muitos bons momentos, especialmente nas cenas de ação. No entanto, é o personagem que mostra menos complexidade do quarteto.

Outro ponto positivo está na história. A melhor coisa que a Marvel podia fazer neste momento era o simples. Uma história com começo, meio e fim e uma linha bem básica: o Quarteto é o super grupo de heróis da Terra que precisa fazer o possível para impedir que o vilão Galactus (Ralph Ineson) destrua o seu mundo e roube o filho de Richards e Storm, que aparentemente é muito poderoso.

É um roteiro direto, sem grandes conexões com toda a história do Universo Marvel em um filme que pode ser visto como uma aventura única, sem precisar olhar para outras produções da Marvel.

É claro que não é a história mais criativa do mundo e as diálogos por vezes são até bem simples e pouco criativos, mas é um feijão com arroz bem gostoso.

Além do mais, por mais que possa ter algumas falhas, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é um filme bonito e que tem coração. O diretor Matt Shakman, o mesmo de “WandaVision” (2021), uma das melhores produções da Marvel pós-“Vingadores: Ultimato” (2019). Shakman parece ser um diretor que consegue ler bem os personagens da Marvel e transformar em produções que se não são brilhantes, são bastante satisfatórias e prazerosas de assistir.

Em “Quarteto Fantástico”, Shakman meio que repete o exercício que fez em “WandaVision”, especialmente nos episódios que falavam das séries de TV do passado. E dá muito certo. Ainda mais aliado à ótima direção de arte do filme e o CGI, que parece muito bem feito. Pelo menos aos olhos de um leigo no assunto como eu.

Em resumo, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é um ótimo filme da Marvel como não se vê há algum tempo. Se será o primeiro passo para a retomada do estúdio, só o futuro dirá.

Nota 8,5/10.

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