segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Pearl Jam - Jogo de volta

Eddie Vedder espalha a palavra/Reprodução
Uma semana depois do show de São Paulo, o Maracanã recebeu o jogo de volta do mata-mata com o Pearl Jam. Que coisa maravilhosa. Acho que dessa vez foi 8 ou 9 a 1. Sete a um seria muito pouco para o que vimos. Só o que nos resta neste momento é uma análise malemolente. 

1- A apresentação do Pearl Jam no Maracanã foi mais uma a comprovar a minha tese de que o último show de uma turnê pelo Brasil é sempre o melhor. Comparando com o de São Paulo, que foi o outro que vi, foi melhor. E olha que o do Morumbi tinha sido ótimo. Mas o do Maracanã se alinha muito perto daqueles inesquecíveis como os de 2005 e 2011. 

2- Num ano em que o futebol carioca fez figuração, teve um time na Série B e tem outro quase tragado para a segunda divisão, não é exagero dizer que o maior espetáculo que o Maracanã viu em 2015 foi o de ontem. 

3- Poucos notaram, mas entre tantos fatos relevantes do show havia um que é um retrato do poder da música e do amor de alguém por uma banda. Entre os milhares de espectadores, havia um cego na pista. Ele não podia ver, mas sentiu o show tanto quanto todos os fãs que estiveram no estádio. Ele cantava e dançava em "Black" ou "Even Flow" com a mesma empolgação de quem podia ver a banda no palco. Não sei quem ele é, mas foi emocionante e esse cara é um exemplo. 

4- O Perl Jam começou com "Oceans", a melhor canção do grupo para cidades de praia como o Rio, com seu clipe da galera pegando onda e numa boa. 

5- Ninguém levou mais toco na noite do que os vendedores de batata frita. Todos saiam oferecendo de todo jeito. Alguns disseram até que era "sem colesterol e fazia parte da dieta", mas o preço salgado (R$ 15) assustou as pessoas, que, em tempos de crise, preferiram jejuar. 

6- Certa vez, alguém virou para um Eddie Vedder impressionado com a histeria dos fãs dos Ramones e questionando se um dia tocaria para tanta gente no Brasil e disse: "O lugar do Pearl Jam no Brasil é em estádios". Depois de dois shows na Apoteose, o dia finalmente chegou e o cantor estava satisfeito: "É uma honra encher o Maracanã".

7- Foi um show ainda sob os efeitos de Paris, principalmente porque a banda descobriu que um dos mortos no Bataclan era fã do Pearl Jam. O grupo aproveitou para fazer um cover do Eagles of Death Metal, que tocava na capital francesa quando aconteceu o atentado. 

8- Foram 34 músicas e 3h de um espetáculo mais nostálgico. O disco novo, "Lightning Bolt", contribuiu com apenas três canções, enquanto tivemos sete do "Ten", quatro do "No Code" e outras quatro do Vitalogy", que neste domingo completava 21 anos de lançamento. 

9- Tivemos ainda seis covers. Entre eles, claro, "Rockin' in the free World", do Neil Young, "Imagine", de John Lennon, e "Comfortably Numb", do Pink Floyd. 

10- Como é dura a vida desde o advento da pista VIP/Premium/Coxinha. Mesmo na grade da pista comum eu me vi tão distante do palco... 

11- Carioca é mais animado que paulista e canta tanto e tão alto que em algumas musicas mal dava para ouvir a banda. 

12- Por outro lado, os paulistas deram um banho de tchururu tchutchururu em "Black". Os cariocas foram mais tímidos, mas compensaram e deram um banho nos paulistas nos GEMIDOS de "Jeremy" e "Alive". 

13- O número de camisas de flanela esteve dentro da média atual de 5% das pessoas usando. Mas Eddie Vedder levou uma para manter a tradição. 

14- O cantor, aliás, realizou o sonho máximo de qualquer fã. Deixou que ele cantasse uma música. Inicialmente Vedder disse que só pagaria uma bebida para o fã que garantia que era seu aniversário. Duas músicas depois, o cidadão subiu no palco, bebeu do vinho do cantor (até eu beberia se o Eddie Vedder tivesse me oferecido) e cantou a primeira estrofe de "Porch" para delírio e INVEJINHA dos demais presentes. 

15- A banda estava em casa e bem bagaceira. Eddie Vedder foi pra galera, brincou, fez piada e tomou cachaça. O baixista Jeff Ament fez uma cara de quem não curtiu muito e achou meio azedo. Já Mike McCready ficou até sem camisa no maior clima churrascão de domingo. 

16- Mas nada superou o quesito nonsense do que a pessoa que jogou uma SUNGA VERMELHA no palco num efeito Wando às avessas. Eddie Vedder olhou, riu, foi zoado pelo guitarrista Stone Gossard, esqueceu que tinha que cantar, a colocou na cabeça e, no fim, a vestiu por cima da bermuda, pois se o Superman pode, ele também pode. 

17- "Corduroy", "Do the evolution", "Amongst the waves", "Given to fly", "Jeremy", "Better Man" e "Alive". Foi lindo e puro amor. Se tivesse rolado "I am mine", "Animal" e "State of love and trust" teria sido ainda mais. 

18- O saldo final da minha loucura é 6h de show, 67 músicas e um sentimento: se tivesse outro show amanhã eu iria de novo. 

Cotação final da corneta: 9,5.

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