sexta-feira, 8 de maio de 2015

Cotação da corneta: 'Os Vingadores: Era de Ultron'

A vida dos Vingadores não é fácil
Dizem que a primeira vez é complicada. Mas a segunda vez parece ser ainda mais. Calma, gente. O papo aqui da corneta é sobre cinema. Não confundam as coisas. Por que este meu questionamento? Porque depois do primeiro e maravilhoso filme dos Vingadores lá em 2012, top-10 fácil dos melhores filmes já feitos sobre quadrinhos, a expectativa para “Os Vingadores: a era de Ultron” era que, no mínimo, manter-se-ia (eu passei três semanas ausente, era preciso usar uma mesóclise para marcar o meu retorno) a qualidade no filme de número 2.

Só que.... bem, é preciso dizer que eu sai do cinema um tantinho (assim mesmo, no diminutivo) decepcionado. Não que o filme seja ruim, mas está looonge de ser especial. Meu top-10 continua sem mudanças. Quem venham os próximos filmes baseados em HQs.

Mas qual é o seu top-10, perguntariam vocês? Bom, aqui vai o meu ranking, que, é claro, sempre vai gerar alguma polêmica como qualquer ranking. Com estreia prevista para este ano, será que o Homem-Formiga entrará nele? Aguardemos.

1- “Watchmen” (2009)

2- “Batman - o cavaleiro das trevas” (2008)

3- Os Vingadores (2012)

4- “Homem de Ferro 2” (2008)

5- “X-Men” (2000)

6- “Capitão América 2 – soldado invernal” (2014)

7-”“O Homem-Aranha” (2002)

8- “300” (2007) – Eu gosto, tá!

9- “Batman” (1989)

10- “Sin City” (2005)

Mas falemos dos novos Vingadores. Como os filmes da Marvel são como uma grande série, “Os Vingadores: a era de Ultron” se passa não apenas após os acontecimentos do primeiro filme, como também após os acontecimentos de “Homem de Ferro 3” (2013), “Thor – O Mundo Sombrio” (2013) e “Capitão América 2 – o soldado invernal” (2014). Nele, o supergrupo de heróis já está um pouco mais entrosado, mas eles continuam implicando uns com os outros como se fossem adolescentes. Volta e meia eles se reúnem para cumprir super-missões nos lugares mais inóspitos do planeta.

Pois é, dessa vez Nova York foi poupada da devastação e a ação passou para a Segóvia. E a primeira função do filme é educativa. Nós descobrimos que a Segóvia existe e fica na Espanha, como vocês podem ler neste link aqui do Wikipedia. A essa altura também já deu para reparar que um filme dos Vingadores é como um elefante sambando numa loja de cristais. Pobre Segóvia. Talvez nunca mais se recupere das tragédias causadas pela passagem do grupo e de Ultron e seus asseclas robóticos. Mas eles estavam apenas tentando salvar o mundo, diga-se de passagem. E tenho certeza que a Segóvia vai ganhar um generoso Plano Marshall para se recuperar.

E aqui temos o primeiro problema deste filme. É mais do mesmo de uma forma estratosfericamente ampliada. A destruição tem que ser maior, a ação e os efeitos especiais têm que ser daqueles que tirem ainda mais fôlego que no primeiro filme (e infelizmente não é) e há um excesso de piadas sem graça. Será que o diretor e também roteirista Joss Whedon perdeu o seu mojo, questionaria Austin Powers?

A “piada interna” do martelo do Thor (Chris Hemsworth) também já deu. Aliás, está na hora de um certo personagem conseguir levantar Mjolnir. Eu não vou dizer quem é para não dar spoiler, mas quem leu nos quadrinhos sabe de quem estou falando.

Há ainda outra questão difícil de engolir. O relacionamento meio “Ghost: do outro lado da vida” (1990), meio "How deep is your love", dos Bee Gees, do Hulk (Mark Ruffalo) com a Viúva Negra (Scarlett Johansson). Cada vez que eu via a Natasha tentar aquela conexão pelos dedinhos com os dedões do Bruce Banner em sua versão vegan eu imaginava a cena da Demi Moore fazendo vasos com aquela massinha de modelar para adultos. Só faltava tocarem “Unchained Melody”.


Desculpem, mas aqui é o mala chato fã de quadrinhos falando. Afinal, a Viúva Negra não se envolve com o Hulk. Ela pega o Gavião Arqueiro, pega o Demolidor, pega o Bucky Barnes. Pega até o Capitão América, mas o Hulk não. O Hulk, ou melhor, o Bruce Banner, é só da Betty Ross. Pior do que isso só o Jeremy Renner chamando a Viúva Negra de vadia. Cara, você realmente não entendeu nada.

Aliás, com um elenco tão estelar que ainda conta com Chris Evans (Capitão América) e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) e tantos outros, como pode ninguém se destacar ou ir além do meramente burocrático? Nem Downey Jr., que é claramente a grande estrela da franquia, consegue se sobressair. Talvez seja o texto, talvez não.

E por fim chegamos ao Ultron, um vilão importante na história dos Vingadores. Uma criação rebelde de Tony Stark que no cinema não passa de um mala com um ego gigante e um complexo freudiano em relação ao Homem de Ferro. Era aquela necessidade edipiana de matar a todo custo o pai, era aquela autoglorificação, aquele jeito meio “Chappie” (sorry, mas que filme ruim hein, Neil Blomkamp), meio “Pink e o Cérebro”. Preguiça disso. Esperava mais do que um "olhem como eu sou bonzão" do Ultron. Ele não é só isso.

Mas nem tudo é ruim nos Vingadores. Tem vários momentos legais. Um deles é o surgimento de dois novos personagens que são muito importantes na história do grupo: a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), uma das mutantes mais poderosas do universo Marvel (sim, ela é mutante e não foi "criada" como o filme insinua) e o Visão (Paul Bettany). O Visão ficou simplesmente perfeito no cinema e seu raciocínio lógico, de precisão matemática e sem emoções (ao menos num primeiro momento) trará coisas interessantes a um grupo tão intenso e tão FERVILHANTE emocionalmente. Deve ser o excesso de testosterona.

Há também alguns bons momentos de batalha com efeitos especiais (mas evite o 3-D porque não faz qualquer diferença).A primeira cena é boa. Tem uma outra de uma perseguição a um caminhão nas ruas, quando os Vingadores precisam resgatar um artefato, que também é ótima. Mas nada incrível perto do que a gente viu no insano "Velozes e Furiosos 7". E a briga do Hulk com o Homem de Ferro anabolizado também é muito boa. Sem contar a expectativa gerada de que a coisa ficará ainda mais feia com a chegada de Thanos (Josh Brolin) num futuro próximo. Lembremos que o vilão andou aparecendo no filme dos “Guardiões da Galáxia” (2014) e já vem ensaiando virar protagonista nesta história.

“Vingadores: a era de Ultron” exibe claramente o fim de um ciclo. E a formação da equipe após a passagem de Ultron ganha ares de um Fluminense pós-Unimed. Um time sem estrelas, mais modesto e operário. Ou, como diz o Capitão América, “não chegam a ser como o Yankees de 1927". Adoro as referências dele. Aos curiosos, o New York Yankees de 1927 era um timaço que ganhou a World Series do beisebol varrendo o Pittsburgh Pirates por 4 a 0 e que tinha ninguém menos do que Babe Ruth na equipe.

Ao contrário dos quadrinhos, fica difícil imaginar que os medalhões não surgirão nos futuros filmes 3 e 4, previstos, respectivamente, para 2018 e 2021 para participações especiais. Principalmente porque o próximo filme tratará da "Guerra Infinita". Além disso, as crianças curtem os personagens e eles vendem bonecos. Elas, aliás, podem muito bem ter curtido o filme ora em cartaz, mas para a corneta o sentimento foi aquele de um trabalho apenas legal. “Os Vingadores: a era de Ultron” vai ganhar uma nota 6,5.

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