segunda-feira, 20 de abril de 2015

Xangai Facts

Xangai vista do alto/Marcelo Alves
Depois de atravessar o mundo duas vezes, vamos aos Xangai facts, sua leitura para o feriadão.

1) O mandarim é uma língua impossível de entender. Aprendi a falar olá (knee how, se fala niiiirrau) e obrigado (Syeah-Syeah Nee, se fala xienxiennê) e nada mais. E é uma língua esquisita e difícil demais. Nunca conseguirei conversar com Zhang Yimou. 

2) Como eles conseguem escrever aqueles hieróglifos, reportagens inteiras com aqueles desenhinhos? Não subestimem a capacidade de Steve Jobs e Bill Gates, amigos. Os IPhones e computadores deles indicam o desenho automaticamente a partir das palavras que você digita. 

3) Xangai é bonitinha, legalzinha, mas fede a óleo diesel porque...

4) ... as comidas chinesas são muito ruins e banhadas em óleo diesel. Passei fome nesse lugar que só tem arroz carnaval (sempre servido em bloco) e frito e a comida é sempre doce (e se eu quisesse doce comia chocolate). Até o gosto do brócolis é ruim. Não pode, gente! Quando até o brócolis é ruim, algo está errado. Uma jornalista de Hong Kong ainda tentou me convencer que era incrível um prato que basicamente era um filé de frango num panelão tomado de pimenta e óleo diesel. Não pode ser sério. 
5) Ah, mas por que você não foi num restaurante estrangeiro, no McDonald's, no Starbucks (tinha um perto de um templo budista), no KFC? E qual é a graça de estar na China e comer a comida que tem no Reino de Niterói?
6) Ainda na cozinha, eu diria que é mais fácil reproduzir solos de Jimi Hendrix do que comer de pauzinho. Minha tentativa foi um desastre e comer uma alface foi uma experiência tão emocionalmente desafiadora quanto um filme iraniano. O saldo final foi de 30% da comida no meu estômago e 70% da comida em cima da mesa, no chão ou caída na roupa 
7) Não comi cachorro. Juro. Pelo menos não conscientemente. Embora desconfie de uma carne que comi lá. Além disso, eu não vi cachorros nas ruas. Claro, comida não fica por aí dando mole. 
8) Xangai é mais bonita de noite do que de dia.
9) Os chineses não são bonitos nem de noite, nem de dia (desculpa, galera, não é preconceito, eu também me acho feio)
10) Os chineses têm um problema. Adoram dar aquela escarrada no chão. Teve um que levou a equipe de reportagem (leia-se eu e o repórter da TV Globo) de MERCEDES para o hotel CINCO ESTRELAS. Mas não há glamour nem assim. Num dado momento, ele abriu a janela e puxou aquela meleca do fundo da alma para jogar longe num belo arremesso de três pontos. Foram as minhas boas-vindas de Xangai. 
11) Como a China é longe. Foram 50 horas entre ida e volta atravessando o mundo. Parecia que a África e a Índia não acabariam nunca. Saudades dos tempos da Pangeia.
12) Como os chineses conseguem viver sem Twitter, Facebook, Google, Instagram e YouTube? Muito dura essa vida de privações. Mas os que podem pagar, driblam a lei com um IP americano ou britânico e uma anuidade paga ao governo chinês. É como burlar a lei oficialmente. Sensacional. 
13) O metrô de Xangai é muito melhor que o do Rio. Já está começando a pegar mal para o Hell de Janeiro. Qualquer lugar tem um metrô melhor.
14) Andar de táxi, no entanto, é uma aventura. A maioria está caindo aos pedaços e quase segurei na mão de Deus quando o capô de um carro em que estava simplesmente levantou e rachou o vidro da frente num túnel em alta velocidade. Por sorte e graças a Buda, ninguém atrás bateu no carro em que estava. 
15) O governo bem que tentou esconder cancelando um evento do Laureus, mas eu vi pobreza, eu vi mendigos, eu vi favelas, eu vi gente chata e insistindo para eu comprar relógio (falso), bolsa (falsa), engraxar os sapatos e oferecendo sexo (50 yuans, ou R$ 30, a quem interessar possa), mas... Bandido e violência não vi. Xangai 2 x 0 Rio. 
A cidade velha de Xangai/Marcelo Alves
16) Xangai tem praia, mas é poluída. Tem um rio que corta a cidade, mas é poluído. Pelo que me contaram, parece que a orla é tipo uma grande Praia do Flamengo. "Não vá, ela é muito poluída", disse Dan Dan, uma chinesa que conheci por lá. Uma pena, não foi dessa vez que mergulhei num mar asiático. 
17) Em Xangai parece ter tanta loja que faz massagem nos pés quanto farmácia no Rio. Não, eu não experimentei. Tinha mais o que fazer. 
18) "Xangaienses" (chamemos assim) são como cariocas. Não respeitam o trânsito, avançam sinal e batem-boca aos altos brados nas ruas quando divergem no trânsito.
19) O Guzheng é o cavaquinho deles. É aquele instrumento musical que faz aqueles sons característicos que vemos nos filmes (tum....dom....teimm...dom e coisas assim). Tem lojas só disso em Xangai e muitos chineses sabem tocá-lo, mas é preciso ter unha de Zé do Caixão para o som sair mais limpo. 
20) Quando eu disse para Dan Dan que, por lei, eu tinha 30 dias de férias, ela quase teve um enfarto e perguntou se podia trabalhar no Brasil. Na China você só tem 15 dias de férias divididos em duas semanas específicas do ano, o Ano Novo Chinês e o Feriado do Dia Nacional, quando é celebrada a fundação da República Popular da China. "Se você quiser fazer uma viagem maior em outra época, tem que pedir demissão ou ter um chefe muito legal que vai te liberar por um mês suspendendo o seu pagamento", disse ela. E vocês ainda querem me convencer que o comunismo é legal. 
21) Lamentavelmente um dos grandes clichês chineses não se comprovou. Não vi ninguém lutando kung fu nas ruas. Mas tudo bem, também destruí as ilusões de uma chinesa que me perguntou se era verdade que todos os brasileiros dançavam bem. 
22) Conca tem muita moral por lá. Mas o MURIQUI (ele mesmo, ex-Vasco) não fica muito atrás. 
23) Vou abrir uma filial do Open English na China e ficar rico. Ninguém fala inglês lá, o que pode tornar um desespero andar nas ruas se você não for bom com mapas. 
24) Todo chinês é igual. Então o que faz o adolescente rebelde sem causa de Xangai para se diferenciar dos pais? Pinta o cabelo. Ai vai para a Old Town com seu cigarrinho se exibir para os brotos.
25) Conclusão: 

Voltaria para Xangai? Sim. 
Voltaria para a China? Claro!
Recomendaria a China a alguém? Com certeza!
Moraria em Xangai? Não. Só se meu objetivo fosse virar um graveto

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