sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

"Sem volta para casa", o melhor filme do Homem-Aranha

Peter sofre neste filme
Três é o número mágico como diz a canção de Bob Dorough no fim de “Homem-Aranha: sem volta para casa” (Spider-Man: no way home, no original). E a Marvel realmente acreditou nessa premissa para realizar não apenas o melhor filme do Homem-Aranha como um dos melhores já feitos sobre personagens baseados em seus quadrinhos.

“Sem volta para casa” é um caso raro nos quase 30 filmes da Marvel. Ele consegue fazer dar certo a combinação entre o desejo dos fãs e a construção da história do universo (ou multiverso) da Marvel. Neste ponto, ele se alia a dobradinha “Guerra Infinita” — “Ultimato” tornando-se um dos grandes filmes do universo e trazendo a sensação de satisfação plena que os lançamentos recentes do estúdio não davam.

Se em “Viúva Negra”, no bom “Shang-Chi” ou em “Eternos” havia mais expectativa sobre as cenas extras e para onde elas apontariam no futuro do universo do que propriamente sobre o filme, aqui as duas cenas finais são apenas o que eles deviam ser: extras divertidos, interessantes e que, claro, apontam para o futuro sem gerar uma ansiedade sobre ele.

E por que elas são assim? Porque “Sem volta para casa” é um filme bem conduzido em sua mistura de aventura, suspense, drama, emoção e fan service. Tem uma história bem contada e bom trabalho dos atores envolvidos no projeto.

Mas nada acontece por acaso. Tudo está a serviço da história envolvendo uma implosão do multiverso a partir dos atos envolvendo Peter Parker (Tom Holland) e os problemas que ele passou a enfrentar depois de ter sua identidade revelada pelo famigerado jornalista J.Jonah Jameson (J.K. Simmons) e a tentativa de consertar tudo por um perigoso feitiço lançado pelo Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch).

Holland está no seu melhor trabalho no papel de Parker. O filme também ganha muito tendo Willem Defoe de volta no papel do Duende Verde. Sua interpretação de Norman Osbourne é ainda melhor do que sua aparição inicial no “Homem-Aranha” de Sam Raimi. Alfred Molina é outro ator de peso que volta como Doutor Octopus e entrega um bom trabalho. Juntando eles com Cumberbatch e Zendaya (MJ) o filme tem um grupo de atores que entregam algumas de suas melhores interpretações para seus respectivos personagens.

“Sem volta para casa” é ainda bem sucedido por funcionar perfeitamente como um filme único. Ou, vá lá, como o tomo final da primeira trilogia de Holland como “Homem-Aranha”. Ainda que você não tenha visto os outros filmes da Marvel ou mesmo outros filmes da Sony envolvendo o Homem-Aranha a experiência do filme continua sendo boa.

É claro que as piscadelas são muitas. Algumas mais permanentes, outras sutis. Fãs podem se empolgar com uma ou mais situações. Mas ainda que nada tenha sido visto, “Sem volta para casa” funciona muito bem como uma aventura do Homem-Aranha como não viamos desde os dois primeiros filmes do herói, quando sequer havia a atual febre de super-heróis.

O cabeça de teia merecia um filme assim depois de ser quase um coadjuvante de luxo dos filmes da Marvel na fase 3. E as perspectivas são muito boas para o futuro, quando, aparentemente, veremos um Parker entrando numa fase mais madura e lidando com os problemas e idiossincrasias da vida adulta.

É claro que “Sem volta para casa” tem seus problemas. Um pedaço da trama pareceu bem aleatório envolvendo um soro. Mas no mais complicado, que era lidar com o conceito de multiverso, o filme vai bem. E sabemos que isso vem atravessando todos os projetos da Marvel desde a aparição de Kang em “Loki”, que pode vir a ser o grande vilão da atual fase da Marvel.

Resumindo, “Homem-Aranha: sem volta para casa” entregou tudo o que prometeu. É um filme para fãs e haters encontrarem um caminho do meio em busca da paz.

Cotação da Corneta: nota 9.

(ATENÇÃO QUE A PARTIR DAQUI PEQUENOS COMENTÁRIOS COM SPOILERS)

1- Impossível não ter sentido uma pontinha de emoção ao rever Tobey Maguire e até Andrew Garfield de volta em seus papéis. Nem fui muito fã da fase de Garfield, mas este filme representou para mim uma redenção do seu personagem. Deu até vontade de rever seus dois filmes.

2- Estou curioso para saber, inclusive, se ambos voltarão um dia. Com o multiverso, é possível haver diferentes Homens-Aranha cada um no seu universo e tudo bem.

3- O filme também foi uma reabilitação do Parker de Garfield, que aqui consegue salvar a garota.

4- Inclusive, será inevitável a chegada de Miles Morales com a menção de que deve haver um Aranha negro em algum universo.

5- Ainda bem que o Multiverso trouxe de volta os vilões que morreram em filmes anteriores. Com isso a porta está aberta para que a Marvel possa fazer o que quiser. Desde trazer de volta o Capitão América e o Homem de Ferro se a coisa ficar feia, até trazer personagens de volta a vida como é bem frequente nos quadrinhos. A Marvel transformou o cinema em quadrinhos e nele tudo cabe.

6- É claro que Maguire e Garfield monopolizaram as atenções, mas o que mais me empolgou foi a breve aparição de Charlie Cox como Matt Murdock. Estou bem feliz que a Marvel está aproveitando os personagens que estavam aparecendo na Netflix. Já tínhamos visto o Rei do Crime de Vincent D’Onofrio na série do Gavião Arqueiro e agora vemos o desembarque do Demolidor no Universo Marvel.

7- Será interessante ver o que será dos vilões do Aranha daqui para frente e como o multiverso funcionará. Será que voltam? Será que o Aranha vai cruzar com o Venom? Será o Aranha do Holland? Muitas questões ficam.

8- Com um pedaço de simbionte perdido no universo do Holland a próxima trilogia promete envolver algum Venom e não necessariamente o Venom que vimos no cinema.

9- Muito triste pela morte da Tia May (Marisa Tomei).

10- Será muito interessante ver Parker lidar com todo o conhecimento que tem sem que todo o universo saiba que ele também estava lá nos acontecimentos. E lidando agora com a falta de dinheiro, a solidão de não ter mais amigos e precisando trabalhar, estudar e salvar a cidade dos vilões e bandidos.

11- Interessante ver como o Capitão América virou o símbolo do heroísmo após os eventos de Ultimato. Tão marcado agora com o escudo na estátua da liberdade.

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