segunda-feira, 10 de junho de 2019

X-Men em clima de fim de feira

Sophie até está ok no papel
É uma pena que uma das histórias mais importantes dos X-Men, a da Fênix Negra tenha acontecido num clima tão fim de feira para a saga que até o filme estrelado por Sophie Turner foi comandada pela Fox. É claro que quando o trailer de “Dark Phoenix” foi lançado, a maquiagem da Mística (Jennifer Lawrence) já evidenciava a falta de cuidado que o filme teria para entregar básico antes de os heróis mutantes entrarem em definitivo para o Universo Cinematográfico da Marvel com a compra da Fox pela Disney. 

A partir de agora caberá a Kevin Feige reintroduzir os mutantes nascidos com um gene X a mais no universo dos heróis Marvel. E já há boas ideias surgindo na internet envolvendo a Feiticeira Escarlate, além de outras pistas sobre um potencial multiverso causado pelo estalar de dedos de Thanos. Fato é que os X-Men vão ganhar um reboot, que eu espero que recupere um pouco da aura dos dois primeiros filmes da saga. Aqueles tinham tudo o que era a essência dos X-Men: heróis que protegem a humanidade “que os teme e odeia”, o embate de ideias entre Charles Xavier e Magneto e o combate ao preconceito contra o que é diferente que sempre esteve na linguagem subliminar dos X-Men. 

Aqueles foram pontos altos da saga que, com “Dark Phoenix” atinge um fim melancólico. O filme de de Simon Kinberg, tem diálogos fracos e uma história preguiçosa que parte de uma suposta evolução da humanidade após anos de trabalho de Xavier e seus mutantes para serem amados até a volta à estaca zero com as atitudes tomadas por Jean Grey (Sophie Turner) ao ser consumida por um poder cósmico. 

É triste que heróis como Ciclope e Tempestade, tão importantes para o grupo, tenham sido interpretados por atores que não conseguiram dar o seu melhor para os personagens. Culpa, também dos diálogos ruins que perpassam todo “Dark Phoenix”. 

Para piorar temos uma vilã vivida por Jessica Chastain, cuja origem e nome sequer sabemos direito e cujas motivações são apenas a velha postura “quero destruir o mundo”. Por que? Não sabemos muito bem. O talento de Jessica foi completamente desperdiçado. 

Mas há pontos positivos em “Dark Phoenix”? Claro que sim. A começar pela trilha sonora brilhante de Hans Zimmer. Ele soube muito bem pontuar o filme e as transformações de Jean ao longo do percurso. A música principal é excelente e daquelas que marcam um personagem. 

Outro ponto positivo é a participação de Sophie Turner. Muito se falou que não há uma Jean Grey como Famke Janssen e que Sophie não seria capaz de assumir esse papel. Seu trabalho só prova que devíamos ser mais paciente e acompanhar o desenvolvimento que os atores dão aos personagens antes de fazer qualquer crítica. Fica a dica para os que gritaram tanto quando Robert Pattinson foi anunciado como novo Batman. 

É claro que por vezes Sophie lembrou muito Sansa Stark, sua personagem em “Game of Thrones”, mas era inevitável ter essa lembrança visto que a personagem ainda está muito viva na nossa memória. Assim como a série. Mas na medida do possível e do que o roteiro permitiu, Sophie soube impingir a sua marca para esta Jean Grey vivendo um conflito enorme com um poder que a consome e transforma até a sua personalidade. Se era relevante ou não inserir a história dos pais, eu não sei, mas não foi isso que fez “Dark Phoenix” ser abaixo do que poderia ser. 

E, se eu pudesse escolher, gostaria de ver a atriz dentro do UCM continuando a desempenhar o papel de Jean. Embora reconheça que a tendência da Marvel seja mudar todos os atores para um verdadeiro reboot. 

Um pouco abaixo de Sophie, eu também destacaria o trabalho de Michael Fassbender. Seu Magneto isolado, depois em busca de vingança e, por fim, querendo ajudar os heróis, trouxe os melhores momentos de ação do filme. Fassbender é outro que eu gostaria de ver um pouco mais de no papel. 

E a cena final dele começando a jogar xadrez com Xavier em Paris, que remete ao filme em que ambos jogam xadrez quando Magneto está na prisão é uma ótima citação. 

No balanço final, porém, “Dark Phoenix” ficou devendo muito. Mas, lamentavelmente para a produção, tornou-se um filme irrelevante assim que foi anunciada a compra da Fox pela Disney. E sua execução só fez o sentimento sobre isso piorar ainda mais. 

Fato é que os fãs de quadrinhos querem mais é saber como os mutantes vão entrar no Universo da Marvel. A “Dark Phoenix” restou o papel de ser apenas um passatempo enquanto o melhor (espera-se) está por vir.

Cotação da Corneta: nota 6.

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