Quer um planetinha na cara? |
A Corneta sai do exílio do mestrado apenas para falar verdades. E cá
estou, tal qual o TRIBUNAL VIVO (entendedores entenderão), para o julgamento
final de “Vingadores: Guerra Infinita”. E o veredito, amigos, é que o filme é
excelente! Com uma história bem diferente da dos quadrinhos, porém, totalmente
excelente.
Parabéns a todos os
envolvidos neste processo tortuoso de fazer uma verdadeira orgia de
super-heróis dar certo. Os diretores, os roteiristas, os produtores, todos
conseguiram misturar doce de leite, chocolate, cocada, leite condensado e
brownie e deixar maravilhoso. E pensar que ainda faltou gente no filme!
Eu sempre vou achar
muito difícil juntar um monte de personagens de realidades e planetas
completamente diferentes e colocar junto e misturado numa história com um nível
mínimo de coerência. E nisso o filme é brilhante ao fazer tudo girar em torno
de Thanos (e Josh Brolin está ótimo no papel do titã), o grande protagonista de
“Guerra Infinita” (como sempre foi). Thanos conduz uma história simples que dá
para explicar num tweet dos velhos tempos enquanto todos têm espaço para os
seus truques e piruetas sem ficar over.
E a partir de
agora, embora não seja bem spoiler uma história que foi publicado há 30 anos,
cuidado! Seguem uma penca de SUPOSTOS SPOILERS.
Eu tenho uma
professora de cinema que tem um vício de linguagem. Para casa coisa difícil que
eu nunca ouvi falar ela usa a expressão: “Como toda a gente sabe”. Vou imitar
ela é dizer: Como toda a gente sabe, “Vingadores: Guerra Infinita” é baseada nas
trilogias “Desafio Infinito” e “Guerra Infinita”. Este primeiro filme, por
sinal, é LEVEMENTE baseado no prelúdio da história publicado para contar os
acontecimentos antes da primeira trilogia e no próprio “Desafio Infinito”.
Levemente porque
tirando a linha mestra da história, todo o resto foi alterado. Ou seja,
permaneceu apenas que Thanos está reunindo as seis joias do infinito para
tornar-se onipotente, onipresente, onisciente e dono de tudo o que respira e
dizimar metade do universo para reestabelecer através de um super genocídio o
que ele chama de equilíbrio.
E as alterações não
foram necessariamente ruins. Por que? Vamos a alguns motivos e outros
comentários gerais:
1- As motivações de
Thanos são muito mais interessantes. Nos quadrinhos ele faz tudo por amor a
Senhora Morte, que o despreza até o fim. E os diálogos são bem bregas. Esse
lado amorzinho ia ser meio patético no cinema, ainda mais com ele só levando
toco e ficando maluco com isso. No filme, Thanos age por ele próprio por
acreditar que só o extermínio de metade da vida do universo trará prosperidade
e fartura para os sobreviventes. Thanos é um déspota que não teme tomar todas
as medidas necessárias para fazer o seu plano acontecer. Para ele, os fins
justificam os meios. O que me assusta é que muita gente na rua concordaria com
ele.
2- Os heróis
obviamente têm muito mais protagonismo no filme. Nos quadrinhos eles são meros
joguetes e buchas de canhão para distrair Thanos enquanto entidades celestiais
travam a batalha nos bastidores para derrotá-lo. Os únicos heróis que têm algum
protagonismo são o Doutor Estranho (no filme, Benedict Cumberbatch) e o
Surfista Prateado, grande ausência do filme e figura que, na história original
cai na casa de Estranho para avisar da chegada de Thanos. No filme, o Hulk
(Mark Ruffalo) fica com esse papel. E não é a mesma coisa. Infelizmente.
3- Mas seria mesmo
complicado tirar da batalha toda essa galera de salário baixo e que vem ralando
aí desde “Homem de Ferro” (2008). Afinal, o duelo com Thanos era o grande filé
que aguardávamos há dez anos.
4- Portanto, parece
improvável que os editores e colunistas do universo, Eternidade, Amor, Ódio,
Lorde Caos, Ordem e o Tribunal Vivo dêem as caras. Além de Galactus, o
devorador de mundos. Ou seja, o confronto com Thanos será menos metafísico e
mais físico. O máximo que pode acontecer é o Vigia surgir para testemunhar a
batalha, afinal, o Vigia é uma Suíça. Não se mete em nada. Só testemunha a
história.
5- Outra mudança
importante é que Thanos consegue as joias de pessoas comuns espalhadas pelo
universo. E não dos chamados anciões, seres cósmicos e etc...
6- Por falar no
nosso vilão protagonista, deram uma baixada de bola. No filme, os heróis até
conseguem fazer cosquinha em Thanos. E que cena maravilhosa a do Capitão
América (Chris Evans) usando todas as suas forças para segurar a mão do titã. É
um retrato do homem comum que faz de tudo para superar as barreiras do
impossível e desafiar aquilo que ele não tem a menor possibilidade de vencer.
Aquilo é a humanidade falando: “Não desista!”. Praticamente uma cena de
auto-ajuda.
7- O Homem de Ferro
(Robert Downey Jr.) também tem seus belos momentos contra Thanos na batalha em
Titã. Assim como é reservado ao Thor (Chris Hemsworth) algumas das melhores
cenas. A chegada dele na batalha de Wakanda é de levantar da cadeira do cinema
e gritar “Yes!”.
8- Diante disso, e
das inúmeras mortes que aconteceram no passaralho celestial, fica bem claro
quem são os protagonistas da parada: o arco destes dez anos foi desenhado para
o retorno aos Vingadores originais, aqueles que aparecem no primeiro filme, de
2012: Thor, Capitão América, Homem de Ferro e Hulk. E talvez a Viúva Negra
entre na parada. Depois que a relação ficou meio azeda com a briga de gangues
em “Guerra Civil” (2016) e a saída de cena de Thor para cuidar de seus
problemas particulares em Asgard, pensei até que os Vingadores iam mudar a
formação. O que é algo absolutamente comum nos quadrinhos. Porém, ainda não.
Esse quinteto ainda tem uma missão importante a cumprir.
9- Além do Surfista
Prateado, senti falta de pelo menos da presença dos X-Men e do Quarteto
Fantástico em “Guerra Infinita”. Queiram ou não, esta é uma guerra de todos que
não devia ser medida por contratos de Hollywood.
10- Também não
contava com a morte do Doutor Estranho. Afinal, ele é uma das peças importantes
da história. Como antes de desaparecer no estalar de dedos de Thanos ele
vislumbrou 14,6 milhões de possibilidades de futuro e sabia o que estava
fazendo ao entregar a joia do Tempo, presumo que ele já sabe o que irá
acontecer e outro cara com super-poderes vai vir para cuidar da situação.
11- Donde vem a
grande pergunta de “Guerra Infinita”. Onde está Adam Warlock? Ele não dá as
caras um segundo sequer no filme. E só ele pode acabar com a guerra. Só ele,
esse Churchill intergaláctico, pode inspirar corações e mentes em busca da
vitória. Só ele e...
12- ...uma mulher
foda podem salvar o universo. Vem, Capitã Marvel. Vem Brie Larson. Vem tirar
Thanos de seu trono celestial.
13- Como Warlock
não aparece no filme, minha expectativa é que ele surja em algum momento no
filme solo da Capitã Marvel previsto apenas para o março de 2019. Ou de repente
nas cenas extras de “Homem Formiga e Vespa”, o próximo lançamento da Marvel. Se
não, bom, em algum momento ele tem que aparecer. Afinal, não existe “Guerra
Infinita” sem Adam Warlock.
E agora vamos aos
comentários absolutamente aleatórios:
1- Eu vou para o
inferno, mas eu ri vendo o Peter Dinklage fazendo um anão gigante.
2- Incrível com a
ditadora da barba atingiu até o Capitão América. Logo ele que rivalizava com o
Superman como herói de propaganda da Gillette.
3- Achei meio
patético o filme anunciar em dois momentos que Thanos acabará com o universo
num estalar de dedos usando duas cenas no meio da história de personagens estalando
dedos e anunciando que ele literalmente fará isso.
4- Mas realmente a
cena que vale mesmo é de arrepiar. E você vendo todo mundo desaparecendo feito
pó é um final DAQUELES.
5- Wakanda é
sensacional. Eu quero morar em Wakanda.
6- Menos piada é
mais história. Continue neste bom ritmo, Marvel. Chega de gracinhas.
7- Aliás, quando
pensamos em criticar a Marvel ele nos entrega dois filmes do nível de “Pantera
Negra” e “Guerra Infinita” num intervalo de três meses. A Marvel joga o sarrafo
lá em cima e deixa a DC comendo poeira, mesmo quando a DC esboça uma
microreação.
8- Tem uma cena do
trailer que mostra o Hulk lutando em Wakanda. Só que o Hulk não dá as caras
desde a briga com Thanos no início do filme. Não sei quem errou nisso. Ou se a
Marvel soltou um trecho da parte dois do filme. Bom, como nos quadrinhos há uma
volta ao passado (vocês não achavam que iam matar todo mundo assim, não é?)
pode ser que ainda role.
9- A Feiticeira
Escarlate (Elizabeth Olsen) está sensacional no filme. O Visão (Paul Bettany)
está um bundão. O Doutor Estranho também está maravilhoso. Cumberbatch é um
ótimo Stephen Strange. Não podia ter morrido. Se bem que como ele é um mestre
das artes místicas talvez consiga reverter a própria morte.
10- Capitão América,
Homem de Ferro, Pantera Negra (Chadwick Boseman) e Thor também foram destaques
da partida. Homem-Aranha (Tom Holland) teve uma atuação irregular, mas fez bem
o seu papel como um volante de contenção. O Hulk brilha no início, depois cai
de produção até à escala da irrelevância.
11- A Viúva Negra
está apagadíssima e merecia mais espaço, mas só porque amamos Scarlett
Johansson, pois na história ela é mera figurante e nem viaja para enfrentar
Thanos. E queremos a Viúva ruiva como sempre foi!
12- Por outro lado,
Okoye (Danai Gurira) tem que seguir nesta guerra aí. Adoro a líder do exército
de Wakanda.
13- Que pena que o
os guardiões da galáxia morreram. Especialmente a Gamora (Zoe Saldana). Mas
infelizmente precisava abrir espaço para novos heróis entrarem sem estourar o
orçamento.
14- Os demais
heróis (Falcão, Soldado Invernal, etc...) cumpriram o seu papel de fazer volume
nas mortes para impressionar quem nunca tinha lido os quadrinhos.
15- E o Gavião
Arqueiro, hein? E o Homem-Formiga, hein? Não deram nem um oi em “Guerra
Infinita”. Quando mais se precisa dos amigos...
16- Olho na
Nebulosa (Karen Gillan), pois nos quadrinhos ela tem um protagonismo. É
possível que venha a ter na sequência do filme.
17- Cotação da
Corneta: nota 9,5.
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