segunda-feira, 23 de maio de 2016

O Apocalipse é aqui

Apocalipse: 'Vou dominar o mundo!'
Eu não vou comparar "X-Men: Apocalipse" com "Batman vs Superman" porque a goleada que a Marvel está dando na DC em 2016 já é histórica. De fazer o 7 a 1 parecer café pequeno. 

A Marvel agora (e por enquanto) só pode ser comparada com a própria Marvel. E "X-Men: Apocalipse" é um bom produto. Inferior a "Guerra Civil", sim, mas se insere no contexto dos bons filmes dos jovens mutantes que lutam para proteger a humanidade que os teme e odeia. Melhor que "X-Men 3", por exemplo, filme que me parece que recebeu uma leve zoada quando Jean Grey (Sophia “Sansa Stark” Turner) diz, ao sair de uma sessão de Star Wars no cinema, que o terceiro filme é sempre pior. 

Não é à toa que este filme tem o que apresentar. Com Bryan Singer na direção, os X-Men entram nos debates que são importantes participar. Já foi o preconceito e a aceitação da diversidade. Hoje é o poder tirânico de um Apocalipse que serve como metáfora para superpotências do mundo. E a questão filosófica: eram os deuses mutantes?

Vivido de forma teatral, quase como se saísse de uma peça inspirada na obra de Boccaccio por Oscar Isaac, Apocalipse resvala no clichê. Principalmente quanto toca a sinfonia número 7 de Beethoven. Mas como se conter em uma versão vilanesca de "Pink e o Cérebro" diante de tamanho poder acumulado por milênios? 

Apocalipse vivia no Egito antigo junto com seus quatro cavaleiros quando era conhecido como En Sabah Nur. Até que uma ação heroica de uns pobres mortais egípcios o fizeram ser mumificado involuntariamente até os anos 80 do século XX. 

Quando Apocalipse acorda não entende nada. Fala um dialeto arcaico, vê coisas estranhas como trânsito, feira e bife com palmito, tá confuso e tá doidão. Mas milênios de experiência têm que servir para alguma coisa. Logo Apocalipse se situa e se informa super bem por uma televisão. Isso soou como uma piada para mim, mas deixa pra lá.

Após passar por um intensivão do que ocorreu nos séculos em que esteve hibernando, Apocalipse decide que está tudo errado no mundo. Um áudio vazado de uma conversa dele com Magneto (Michael Fassbender) revela sua insatisfação:

- O Xavier (James McAvoy) não ganha porra nenhuma! Esquece. Nenhum pacifista dsse tradicional tem voz – disse Apocalipse.
- O Xavier, rapaz. O Xavier não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Xavier? Eu que participei daquela escola em Massachusetts... – respondeu Magneto.
- O Xavier será o primeiro a ser comido – garantiu Apocalipse.

Para garantir o sucesso do seu plano, nosso vilão em marcha lenta logo, logo reúne a sua nova versão boy band dos cavaleiros do Apocalipse. Junta Tempestade (Alexandra Shipp), Anjo (Bem Hardy), Psylocke (Olivia Munn, que mulher! Sempre tive um fraco pela Psylocke) e Magneto, eternamente tentando se encontrar e tateando sempre entre o lado Jedi e o lado negro da Força. Se decide, rapaz! 

E qual é o objetivo de Apocalipse? O mesmo do ratinho Cérebro: dominar o mundo. Então ele olha para o céu, faz um discurso bonito de devastação, EUA, União Soviética e China tremem nas bases e ao fundo as torcidas cantam: "Apocalipse vai te pegar! Apocalipse vai te pegar!".

Só que ele não contava que um grupo de jovens da new generation da escola para jovens superdotados do professor Xavier fosse aparecer para acabar com a festa. 

E lá estão Jean, Ciclope (Tye Sheridan), Noturno (Kid-Smith McPhee) e Mercúrio (Evan Peter) - a Jubileu (Lana Condor) foi deixada para trás -, reforçados pelos veteranos Fera (Nicholas Hoult) e Mística (Jennifer Lawrence), para provar que quando um grupo está unido e tem um plano de jogo bem definido pode derrotar um time mais forte.

As cenas de ação não são um forte deste novo X-Men #fail. Mas não podemos deixar de destacar duas: a divertida passagem do Mercúrio salvando os alunos da explosão na escola e a cena do Wolverine (Hugh Jackman) liberando toda a sua selvageria lá pelo terço final do filme. O Wolverine é sempre o que há de melhor em qualquer filme dos X-Men.

É preciso admitir que a franquia dos X-Men por vezes é confusa. Parece até a de Star Wars. Umas histórias filmadas no passado vieram depois de histórias filmadas no presente e no futuro. Enfim, uma loucura. Mas para quem viu todos os filmes recentemente ou lembra deles, dá para perceber que tudo é relativamente bem amarrado por Singer e com uma história compreensível.

Com tantas tramas ainda a serem contadas, a questão que fica é: O que vem pela frente? Mas nas mãos de Singer, os X-Men não perdem o seu rumo. Aguardemos o próximo passo. Enquanto isso, "Apocalipse" ganhará uma nota 7.

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