quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Que a Corneta esteja com você

Rey e Finn correm do perigo
J.J. Abrams criou "Lost". "Lost" era aquela série que deixou todo mundo boladão na frente do computador (você não viu na TV que eu sei) e acabou daquela forma pífia. Pela decepção de "Lost", J.J. Abrams foi informalmente condenado pelos deuses da nerdice a um programa de reabilitação que consistia em fazer filmes divertidos de velhas franquias do passado. 

Assim ele fez o seu trabalho. Pegou Tom Cruise e Phillip Seymour Hoffman e criou um novo Missão Impossível seis anos depois do segundo filme. Em 2009, arriscou-se no pantanoso terreno dos trekkies e fez um reboot/continuação de Star Trek. Não satisfeito, ele fez um segundo Star Trek em 2013. Alguns fãs curtiram. Outros detestaram. Para mim, que não sou fã, ele fez um bom trabalho. 

J.J. Abrams é um nerd master na escala Jedi. Era inevitável que chegasse em suas mãos um novo “Guerra nas Estrelas” se alguém decidisse fazer um novo filme. 

Depois da trilogia que causou calafrios entre 1999 e 2005 (Jar Jar Binks chegou a ser tão odiado pelo povo quanto o Eduardo Cunha), mexer nesse vespeiro era complicado. Mas J.J. Abrams é um nerd pós-moderno. Ele tem...... (Insira aqui aquela expressão de macho bêbado de boteco). 

E assim, a corneta voltou de uma galáxia muito distante para celebrar o despertar de uma nova era. Para se render a J.J. Abrams, virar para ele e dizer: “obrigado, amigo. Star Wars ficou muito legal. Nem a Disney atrapalhou. Posso tirar uma foto sua com o meu boneco do Luke Skywalker?”.

Apesar de todas as viagens intergalácticas na velocidade da luz, batalhas e uma grande mitologia, “Star Wars” sempre foi uma história de uma família bem complicada. É pai que não fala com o filho, parentes que não se bicam. Se dependesse de George Lucas, seria muito difícil ter um Natal harmonioso com todos sorrindo, comendo rabanadas e fazendo snapchats da família. 

Além disso, “Star Wars” sempre foi uma luta simples do bem contra o mal como eram as histórias ali nos anos 70 e 80. No canto direito, o lado negro da força comandado por Darth Vader. No canto esquerdo, a filosofia budista do lado branco e da força do mestre Yoda (e sua gramática particular) e seus Jedis. De um lado, sabres de luz vermelhos (George Lucas sempre achou que vermelho e preto eram a combinação do mal). Do outro sabres azuis para iluminar o caminho contra as trevas. 

O grande mérito de J.J. Abrams foi não mexer no time que estava ganhando nos anos 80. O que leva o "Despertar da Força" a ser tão legal é uma combinação de tradição, nostalgia e uma pitada de ousadia que farão os fãs caírem para trás. Todos os ícones aparecem em algum momento. A Millenium Falcon, os robôs R2D2 e C3PO, a trilha sonora característica, o início do filme com um textão igual aos que eu gosto de publicar no Facebook... Só faltou mesmo quem não podia estar por motivos de morte. Imagina se a Melisandre surge de “Game of Thrones” ressuscitando uma galera que morreu em outros filmes?

Chewbacca e Solo: momento good times
"O despertar da Força" se passa décadas depois dos eventos ocorridos em “O retorno de Jedi” (1983). Todo mundo está com rugas e cabelos brancos. Menos o Chewbacca. Luke Skywalker (Mark Hamill), nosso grande herói, está desaparecido. E todos estão atrás dele como quem procura o Santo Graal. Até onde se sabe (e a gente fica sabendo algumas coisas pelo textão que se esvai pela galáxia), ele tinha montado uma divisão de base de guerreiros Jedis, mas o projeto de La Masia não deu muito certo por causa de uma ovelha negra. Tipo como se o Messi fosse para o Real Madrid. Aí ele ficou desapontadozinho e desapareceu no mundo. Ou melhor, pelos mundos. 

Seguindo uma tendência de acúmulo de cargos e funções após cortes de pessoal nas empresas, Leia (Carrie Fisher) ainda é da realeza, mas também é uma general do exército rebelde. E Han Solo (Harrison Ford), bem, virou um contrabandista trambiqueiro. Mas ele ainda tem um bom coração. E virou o avô que todo mundo queria ter. Revê-los depois de décadas vai balançar o coração dos nerds. 

Mas como se passa no futuro, o novo “Star Wars” urge inserir novos personagens. O momento vivido pela galáxia está um pouco complicado. A tal da Primeira Ordem quer transformar a galáxia num império comandado por Kylo Rein (Adam Driver), o vilão de preto e máscara da vez. Só que para isso precisa esmagar a República e os rebeldes, o exército de Leia e do piloto fodão Poe Dameron (Oscar Isaac). 

No meio dessa bagunça toda, dois jovens losers e meio perdidos na vida entram no  circuito. Um deles é Finn (John Boyega), um Stormtrooper desgarrado que quer apenas fazer o que acha certo e arrasta uma asa para a Rey (Daisy Ridley). Quem é ele? O que come? Qual a sua origem? De onde veio? Perguntas que só serão respondidas no próximo filme. Ou no Globo Repórter.

Rey, por sua vez, é outra mulher, cuja origem ainda é envolta em brumas. Não sabemos sua origem (mas desconfiamos), nem porque ela foi parar num planeta ferro-velho. Rey é a grande heroína do novo filme. Em meio a todo o mix de aventuras, nostalgia, citações, bichos estranhos e batalhas, é a jornada de Rey o foco central do filme de Abrams. E podemos imaginar o quanto ela não vai aprontar até o episódio IX em 2019.

Ainda ouviremos falar muito de Rey. Mas enquanto o futuro não chega, eu só penso em ter uma réplica do BB-8 na minha casa. Contudo, eu já desisti ao ver que ele custa R$ 2,7 mil no site da “Saraiva”. Em homenagem ao BB-8, no entanto, a Corneta dará uma nota 8 para o novo “Star Wars”. É isso, até 2016. E no ano que vem, que a Corneta esteja com você.

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