sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cotação da corneta: ‘Alabama Monroe’

Elise e Didier mandando no country
A corneta se amarra numa globalização e num mundo sem fronteiras. Só neste maravilhoso planeta novo do Facebook-Iphone (que eu juro que não me patrocinam), você pode ver numa sala de cinema brasileira um filme belga sobre fãs de Chitãozinho e Xororó indicado ao maior prêmio do cinema americano.

Ok, estou exagerando, o sertanejo é o country que deu errado. Mas em alguns momentos o country de “Alabama Monroe” é tão chato quanto qualquer Zezé de Camargo e Luciano. Embora o ritmo seja bem mais palatável.

Mas a música tem a sua função. É preciso reconhecer. É a de pontuar as passagens do tempo, revelar as camadas da relação trágica e dramática de Didier (Johan Heldenberg) e Elise (Veerle Baetens). Cada vez mais profundas, cada vez mais dolorosas. E aí o filme de Felix Van Groeningen vai ganhando pontos com a corneta e ficando mais interessante. Menos Victor e Leo e mais Crosby, Stills, Nash & Young.

Elise, a tatuadora que tem os amores marcados na carne. Didier, o belga que sonha em ser um caipira americano e tem uma banda de bluegrass.

Surge um bebê e os primeiros conflitos. Uma doença e é o momento de mostrar o poder de superação. Entram questões morais, éticas, científicas, religiosas e até uma defesa das pesquisas com células-tronco. O amor sobreviverá a tudo o que vai acontecer ou não? Não darei respostas. Vai ver o filme.

Temos dois atores entregues de corpo e alma aos seus papéis e a corneta até entende o lugarzinho belga no quinteto que briga pelo careca dourado de filme estrangeiro.

“Alabama Monroe” não é melhor que “A grande beleza”. Nem que “A caça”. Mas tampouco é um filme ruim. Vale o ingresso. Com isso, a nota final do drama belga é 7.

Ficha técnica: Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown – 2012 – Bélgica) – Johan Heldenberg (Didier Bontick/Monroe), Veerle Baetens (Elise Vandevelde/Alabama), Nell Cattrysse (Maybelle). Escrito por Johan Heldenberg, Mieke Dobbels, Carl Joos e Felix Van Groeningen. Dirigido por Felix Van Groeningen. Bom filme, belas atuações dos protagonistas e Veerle é candidata a musa da temporada.

Indicação ao Oscar: melhor filme estrangeiro.

Nenhum comentário: