sábado, 21 de abril de 2012

O nome da banda é...

Os Ink Spots, grupo vocal dos anos 30 e 40
The Ink Spots. Confesso que fiquei curioso ao ler a entrevista-ataque de Joaquim Barbosa com uma coisa. Afinal, que diabos é esse tal de The Ink Spots, que fez o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) se diferenciar do seu colega-arquirrival-inimigo-número-1, Cezar Peluso, como se o mundo se dividisse entre os apreciadores do The Ink Spots e o resto.

Para não sofrer "supreme bullying" dos meus colegas, fui pesquisar sobre o tal grupo que na entrevista virou o divisor de águas na rixa do STF. De onde veio, para onde foi e o que ele representa no cenário musical que vemos ai. É isso mesmo. Pensei numa pauta meio "Globo Repórter". Para tirar as minhas conclusões, li algumas coisas e consultei as duas Bíblias modernas. Obrigado, Google, também chamado de Velho Testamento. Obrigado, Wikipédia, também chamada de Novo Testamento. Por fim, encontrei coisas interessantes, ou nem tanto, sobre o tal "Manchas de Tinta".

Os Ink Spots foram fundados em 1931 em Indianápolis. Desde o início até o seu fim, em 1964, o grupo teve mais formações do que qualquer banda que você conheça. Mas originalmente os fundadores foram Orville “Hoppy” Jones (baixo), Ivory “Deek” Watson (vocal, guitarra e trompete), Jerry Daniels (vocal, guitarra e ukelele) e Charlie Fuqua (vocal e guitarra). Deek e Daniels faziam as vezes de tenores enquanto Fuqua era o barítono.

Outros seis músicos fizeram parte do grupo. E todos eles já estão mortos. O último a falecer foi Huey Long, em junho de 2009, aos 105 anos, quando os Ink Spots já tinham entrado para a eternidade no Hall da Fama dos grupos vocais (1999) e no prestigiado Rock and Roll Hall of Fame (1989).

Mas por que eles entraram num espaço que supostamente seria para o rock and roll? Ora, meus caros, porque os Manchas de Tinta são considerados uma importante influência para o bom e velho rock. Mais do que isso, eles são considerados um dos grupos que ajudaram a definir o gênero do Rhythm and blues (R&B), que, por sua vez, desembocaria no Elvis Presley rebolando, no Bill Haley e seus cometas contando as horas e no rock and roll que você passou a escutar desde aqueles mágicos anos 50 até o Jack White (and counting...).

É por isso que o grupo tem todo esse reconhecimento e o respeito do mundo do rock. E por isso que o Megadeth já gravou uma música usando um sample de “I don’t want to set the world on fire” na música “Set the world afire” (veja o vídeo no fim do post), do disco “So far, so good.. so what!” (1988). Quem diria que Dave Mustaine e Joaquim Barbosa tinham algo em comum. Embora eu não consiga imaginar o Mustaine cantando “If I didn’t care”, outro sucesso dos The Ink Spots, nem escondido no chuveiro.

É claro que eu não ouvi todas as canções do grupo para fazer esse post, mas escutei um número suficiente para dizer que as músicas do Ink Spots seguiam sempre um padrão. Um riff de guitarra no início bem tranquilo (afinal, estávamos nos anos 40, né, não dá para acelerar muito a batida), e a entrada de um dos vocalistas soltando a voz sempre estendendo a última sílaba das últimas palavras de cada frase/estrofe. Ali pelo meio, o cantor que fazia a segunda voz entrava quase declamando um texto com os demais tocando seus respectivos instrumentos ao fundo. No fim, repete o refrão, mantém o coro e pronto. Receita de bolo.

O padrão era esse e fez muito sucesso nas décadas de 30 e 40. E o mais importante para quem tentava fazer música nos Estados Unidos daqueles tempos: foi um grupo que fez um som extremamente bem aceito entre os brancos. Se isso não tivesse acontecido, provavelmente eles não tinham durado e Joaquim Barbosa ia ter que citar outra coisa para exemplificar suas adversidades com colegas de tribunal.

Embora tenham existido até a década de 60, o grupo concentrou a maior parte dos seus sucessos nas décadas de 30 e 40. Natural. Depois outros sons começaram a surgir e os Ink Spots passaram a fazer parte dos livros de história.

“If I didn’t care” foi a primeira canção a entrar nas paradas americanas, mas ficou em segundo lugar. Contudo cinco músicas do grupo atingiram o topo. A primeira foi “Adress Unknow", em 1939, mesmo ano de “If I didn’t care”. Também foram campeãs, “Whe Three” (1940), “The Gipsy” (1946) e “To Each his own” (1946) e dois duetos com Ella Fitzgerald: “I’m making believe” e “Into each life some rain must fall”.  

A última a figurar nas paradas americanas, mas numa modesta 23ª posição, foi (That’s just the way of) Forgetting you”, em 1952. Os Ink Spots começavam a sair de cena dando lugar a uma turma um pouco mais barulhenta e agitada.
   
Abaixo, o vídeo do Megadeth com a citação e canções dos Ink Spots.






















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