sábado, 22 de maio de 2010

De olho na franquia

Às vezes tenho a sensação de que não se faz mais nada em Hollywood hoje em dia quando se pensa em filmar um blockbuster que não seja antes responder à seguinte pergunta: Como será a sequência deste filme?

Estava pronto para esculhambar a visão de Ridley Scott para o cinema do lendário fora da lei que “roubava dos ricos para dar aos pobres” quando lá pelo terço final de “Robin Hood” caiu a ficha exclamativa. Porra, Marcelo! Esse é um filme do gênero “como-o-herói-se-torna-uma-lenda”.

Assim, esqueça pelo menos por 2h20m do Robin Hood vivido há 19 anos por Kevin Costner - e também de Sean Connery, Errol Flynn, entre outros – e concentre-se na história de Robin Longstride (Russel Crowe, vivendo muito bem outro herói de época, embora extremamente parecido com Maximus, o herói de “Gladiador” - 2000, também de Ridley Scott), arqueiro do exército do rei Ricardo Coração de Leão (Danny Huston), nobre, corajoso, capaz de dar a própria vida pelos seus ideais. Ele está neste momento fazendo uma revisão de sua existência enquanto procura juntar os cacos soltos de sua história. E a maneira como montará esse quebra-cabeça é das mais estranhas possíveis. A ponta que ficou solta foi no roteiro.

Floresta de Nottingham, roubar dos ricos, esqueça. Robin aqui ainda está formando seu grupo, composto, entre outros por frei Tuck (Mark Addy), Little John (Kevin Durand) e o seu grande amor, Lady Marion (Cate Blanchett).

Aqui, Robin é um líder de uma região do norte da Inglaterra. Na impossibilidade de Sir Walter Loxley (Max von Sydow) participar, fala por ela nas demandas com o rei John (Oscar Isaac), irmão do morto monarca Coração de Leão, e tenta unificar a Inglaterra em torno de um bem comum: a luta contra a invasão francesa do rei Filipe.

Um herói nobre, quase perfeito, mas fora da lei. Taí a semelhança com o general Maximus, tão brilhantemente vivido por Crowe numa atuação que lhe rendeu um Oscar no início da década.

Isso significa que “Robin Hood”, o filme, é ruim? Não. É um bom filme de aventura. Mas é aqui que retorno ao tema de abertura do texto. O trabalho de Ridley Scott é, de fato, uma mera preparação para uma sequência e prenúncio de uma milionária franquia. Não é a toa que o filme termina com a mensagem: “E a lenda começa”. Parece que ninguém mais consegue contar uma história em 120 minutos. Ou consegue, mas não quer. Uma espécie de efeito Matrix.

Assim, “Robin Hood” é a história de como Robin Longstride se tornou Robin Hood. Agora, aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Nenhum comentário: