Denzel Washington e Frances McDormand |
Joel Coen, porém, não se intimidou com isso para criar a sua versão para “Macbeth”. E pode-se dizer que o diretor, pela primeira vez sem a companhia do irmão Ethan, trouxe um interessante olhar para esta que é uma das tragédias mais encenadas de Shakespeare.
“The tragedy of Macbeth” é visualmente exuberante. Filmado todo em preto e branco e em cenários construídos, o filme tem uma linda fotografia e uma estética inspirada no Expressionismo alemão que combinou muito bem com o texto de Shakespeare.
Ao contrário da versão mais recente “Macbeth: Ambição e Guerra” (2015), de Justin Kurzel, “The tragedy of Macbeth” valoriza mais o texto de Shakespeare, que pode ser visto como algo rebuscado ou exagerado para ouvidos contemporâneos, mas por trás de um inglês que por vezes soa arcaico há toda a universalidade dia temas tratados pelo escritor. Texto este que Coen dá ainda mais força pelas escolhas e cortes que dá para que a trama caiba em 1h45min.
E neste ponto Denzel Washington tem todo o espaço para fazer do seu Macbeth o vetor do ritmo colérico que o filme tem. Nos momentos mais relevantes da trama, as frases de Shakespeare soam enfurecidas até culminarem com o ápice da tragédia.
E, neste ponto, quem também entendeu bem a proposta de Coen de combinar imagem e fúria foi Kahtryn Hunter. Suas três bruxas são perfeitamente assustadores e arautos do apocalipse vindouro.
Talvez o lado negativo de “The tragedy of Macbeth” seja a Lady Macbeth de Frances McDormand. Ela ficou um pouco reduzida dentro da trama que fala sobre uma profecia e a tomada de poder na Escócia. Na obra de Shakespeare ela é mais relevante dentro da espiral de poder e loucura na qual os Macbeth se enredam. Mas no filme de Coen sua trajetória ficou jogada num canto e dada menor importância.
Mas são visões. A casa versão cinematográfica, sempre se pode recorrer ao belo texto de Shakespeare para um novo ou diferente entendimento da história. O que se pode concluir é que “The tragedy of Macbeth” é uma obra poderosa e ao mesmo tempo respeitosa com o texto do dramaturgo. A despeito dos necessários cortes para caber no tamanho pretendido do filme, Coen mexeu muito pouco no texto original. Sua proposta era apenas ditar o tom de fúria e casar o texto com uma estética certeira e bela.
Nota 8,5.
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