sábado, 3 de setembro de 2016

Só vale penas cenas de ação

Você vai por ali
Desde que resolveram desenterrar a série "Star Trek" dos livros de história, eu conheci alguns fãs que disseram que o J.J.Abrams estava transformando aqui tudo num "Star Wars B". Alguns até estavam bem raivosos. Tem uma galera que não consegue apreciar as duas histórias ou ficar de boa apenas com a sua favorita. Gastam o tempo achando que Star Wars X Star Trek é o Messi X Cristiano Ronaldo dos nerds. Que preguiça dessas duas "batalhas".

Bom, mas a Corneta tem uma péssima notícia. "Star Trek: sem fronteiras" é um processo final da "starwarização" da saga da USS Enterprise. Tem aquela estrutura igualzinha dos povos ali em equilíbrio, personagens esquisitos que podem virar bonecos legais (se eu fosse criança adoraria ter um boneco da Jaylah), um vilão que dá uma respiradinha no melhor estilo Darth Vader e uma trama simples que basicamente se resume a: o vilão está putinho e quer destruir o mundo. Logo, os heróis precisam impedir isso para manter a galáxia em harmonia entre as espécies. Não tem muito mais do que isso não. Pode espremer bem que não sai mais nada. 

A relação de opostos entre o passional capitão Kirk (Chris Pine) e o cerebral Spock (Zachary Quinto) tornou-se apenas escada para render algumas piadas que aliviem o clima de tiro, porrada e bomba do filme. 

Aliás, nada é muito profundo no novo Star Trek. Kirk está em crise existencial, tipo uma crise dos 30. Pensa em buscar novos desafios, aplica para uma vaga em outra empresa, mas essas questões só aparecem no comecinho do filme e no final. Ele também estaria em busca do seu lugar no mundo. Eu te entendo Kirk. Quem nunca sofreu disso? Mas nada que o impeça de fazer o seu trabalho bem feito. 

O Spock também está em crise. Seu mentor faleceu (RIP Leonard Nimoy), e agora ele não sabe se quer continuar naquela vida de viajante sem fronteiras, trabalhando eternamente embarcado nessa plataforma da Petrobras interplanetária. Ok, o salário é bom. Os amigos são gente fina. E ainda tem a Uhura (Zoe Saldana) que além de ter uma mente brilhante é uma gatinha. Muito mais do que um ser vivo de orelhas pontudas poderia desejar. 

Mas tudo isso se resolve num estalar de dedos entre uma explosão e outra. Entre um chute aqui, outro ali. 

Star Wars, ops ato falho. Star Trek é dirigido por Justin Lin. Ele dirigiu quatro dos sete filmes "Velozes e Furiosos". Fiquei com a impressão dele ter aproveitado algumas ideias da franquia. Tem uma cena então IDÊNTICA à outra de "Velozes e Furiosos 7". Aquela do carro caindo no abismo e o protagonista correndo para se salvar. Ok, ele não dirigiu o 7, mas ainda assim eu achei SUSPEITO. 

A questão é que o roteiro de Simon Pegg e  Doug Jung privilegia um filme que foi feito somente para entreter com cenas de ação. Seus personagens estão ali para correr, saltar, pular e fazer o impossível que só a tecnologia e os efeitos especiais são capazes. 

E o vilão, o famoso Kral (Idris Elba)? Bem, lhe faltou umas sessões de análise né. Ele quis criar uma celeuma interplanetária por muito pouco. Tá sozinho? Quer atenção? Amigo, você não é o umbigo do mundo. 

Até que chegamos ao momento mais legal do filme. Mas eu não contarei. O Capitão Kirk curtiu. Só o que eu posso dizer é que "Star Trek: sem fronteiras" é um filme para aqueles que sempre acreditaram que os Beastie Boys eram a salvação da humanidade (e das demais espécies). 

Apesar da saudável bateção de cabeça, o filme vai ganhar uma nota 5.

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