sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O que faz Brooklyn no Oscar?

É muito mi-mi-mi
Se eu tivesse que definir "Brooklyn" em um tweet o chamaria de "O Downton Abbey mal feito da imigração". E poderia parar por aí, dar a nota e voltar pra casa: Mas o que é a corneta sem textão? 

Primeiro é preciso dizer que "Brooklyn" não é tão legal quando "Downton Abbey". E quando eu vi Ellis (carregue no X para falar com irlandeses) desembarcando em Nova York naquela fila de imigração respirando para não tossir para não parecer que ela está levando tuberculose para a América temi que estivesse diante de um novo (e pavoroso) "Era uma vez em Nova York" (2013).

Ainda bem que Saoirse Ronan teve mais sorte que Marion Cotillard. A vida das duas imigrantes seguiu rumos opostos neste desembarque em massa de irlandeses na terra prometida. 

E aqui temos um problema. Com exceção da natural "home sick" nada de conflituoso e problemático acontece na vida de Eillisxxxx. Ela vai muito bem na loja em que trabalha, está estudando para melhorar de vida, é correta e amada pela dona da pensão, e arruma um encanador italiano para namorar que espera MESES em paciência zen-budista para dar um beijinho. Um ÚNICO beijinho que não sai nem quando ele já está de quatro e diz que a ama. 

E aí você se pergunta: por que você vai pagar para ver uma história de alguém perfeitinha? Gente perfeita não dá história. Por favor, Nick Hornby. Você já fez coisas melhores. "Livre" (2014) obviamente não está entre elas. 

É quando acontece a necessária virada no roteiro, aquela que a gente espera quando está de olho no relógio e já passou quase uma hora de filme. A virada que obriga Eillisxxxx a voltar para a Irlanda e viver dilemas. 

Mas.... Os dilemas são rapidamente resolvidos com um papinho com a dona de uma padaria local, espécie de bruxa do 71 da pequena comunidade irlandesa cheia de verde e paz, mas que também tem suas víboras. 

"Brooklyn" é uma história de amor de imigração em que Eillisxxxx tem que se decidir entre dois mundos, duas realidades diferentes. De um lado, a paisagem bucólica irlandesa com mamãe sedenta para ter a filhinha embaixo da asa e um garotão jogador de rugby. Do outro, uma Nova York pulsante e já cosmopolita onde o seu Suoer Mario Bros a está esperando para morar numa casinha em Long Island. E no meio disso, olhares perdidos, cineminha. restaurantes, conversinhas com o padre patrocinador aquela música sonolentaaaazzzzzz. 

Roteirista do filme, Nick Hornby é um fanático torcedor do Arsenal. Ele tem até um livro sobre essa paixão, o "Febre de Bola". Parece que ao adaptar o livro de Colm Tóibin ele resolveu se inspirar no boring Arsenal, o time do 1 a 0 dos anos 70 e 80. Bom, mas nem tudo é culpa dele. Afinal, quem escreveu o livro não foi Hornby. 

"Brooklyn" é bonitinho, tem seus bons momentos, mas lhe falta ser um pouco ordinário. É de longe o mais fraco dos candidatos ao careca dourado. Não chega a ser um desastre completo, mas receberá da corneta uma nota 5

Indicações ao careca dourado: melhor filme, atriz (Saoirse Ronan) e roteiro adaptado.


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