É muito mi-mi-mi |
Primeiro é preciso dizer que
"Brooklyn" não é tão legal quando "Downton Abbey". E
quando eu vi Ellis (carregue no X para falar com irlandeses) desembarcando em
Nova York naquela fila de imigração respirando para não tossir para não parecer
que ela está levando tuberculose para a América temi que estivesse diante de um
novo (e pavoroso) "Era uma vez em Nova York" (2013).
Ainda bem que Saoirse Ronan teve mais
sorte que Marion Cotillard. A vida das duas imigrantes seguiu rumos opostos
neste desembarque em massa de irlandeses na terra prometida.
E aqui temos um problema. Com exceção
da natural "home sick" nada de conflituoso e problemático acontece na
vida de Eillisxxxx. Ela vai muito bem na loja em que trabalha, está estudando
para melhorar de vida, é correta e amada pela dona da pensão, e arruma um encanador
italiano para namorar que espera MESES em paciência zen-budista para dar um
beijinho. Um ÚNICO beijinho que não sai nem quando ele já está de quatro e diz
que a ama.
E aí você se pergunta: por que você
vai pagar para ver uma história de alguém perfeitinha? Gente perfeita não dá
história. Por favor, Nick Hornby. Você já fez coisas melhores.
"Livre" (2014) obviamente não está entre elas.
É quando acontece a necessária virada
no roteiro, aquela que a gente espera quando está de olho no relógio e já
passou quase uma hora de filme. A virada que obriga Eillisxxxx a voltar para a
Irlanda e viver dilemas.
Mas.... Os dilemas são rapidamente
resolvidos com um papinho com a dona de uma padaria local, espécie de bruxa do
71 da pequena comunidade irlandesa cheia de verde e paz, mas que também tem
suas víboras.
"Brooklyn" é uma história
de amor de imigração em que Eillisxxxx tem que se decidir entre dois mundos,
duas realidades diferentes. De um lado, a paisagem bucólica irlandesa com mamãe
sedenta para ter a filhinha embaixo da asa e um garotão jogador de rugby. Do
outro, uma Nova York pulsante e já cosmopolita onde o seu Suoer Mario Bros a
está esperando para morar numa casinha em Long Island. E no meio disso, olhares
perdidos, cineminha. restaurantes, conversinhas com o padre patrocinador aquela
música sonolentaaaazzzzzz.
Roteirista do filme, Nick Hornby é um
fanático torcedor do Arsenal. Ele tem até um livro sobre essa paixão, o
"Febre de Bola". Parece que ao adaptar o livro de Colm Tóibin ele
resolveu se inspirar no boring Arsenal, o time do 1 a 0 dos anos 70 e 80. Bom,
mas nem tudo é culpa dele. Afinal, quem escreveu o livro não foi Hornby.
"Brooklyn" é bonitinho, tem
seus bons momentos, mas lhe falta ser um pouco ordinário. É de longe o mais
fraco dos candidatos ao careca dourado. Não chega a ser um desastre completo,
mas receberá da corneta uma nota 5.
Indicações ao careca dourado: melhor filme, atriz (Saoirse Ronan) e roteiro adaptado.
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