quinta-feira, 3 de junho de 2010

Alice cresce e amadurece


Não sou daqueles caras que têm orgasmos múltiplos com novas tecnologias ou a cada lançamento. Embora confesse que com o passar do tempo, acabo me rendendo a algumas facilidades interessantes. Mas ainda assim, não tenho I-Pad, I-pod ou qualquer coisa do gênero - a indústria erótica ainda vai acabar inventando o I-Phode (não podia perder a piada).

Essa introdução é para dizer que embora reconheça que isso seja o futuro, não me empolgo com o chamado cinema 3-D que vai ganhando força a cada blockbuster que surge por aí. Não é que eu lidere uma resistência pelo 2-D ou me recuse a assistir filmes neste novo formato. Só não vejo muita graça em colocar uns óculos no cinema para ver uma borboleta voar na minha cara. Talvez até porque eu viva numa cidade em que ainda é possível que uma borboleta voe na minha cara. Pelo menos até o apocalipse ambiental que muitos desejam.

Então foi por falta de opção que vi “Alice no país das maravilhas” em 3-D. Não queria, pois acredito que um bom filme é bom até em 1/2 D, mas não tive escolha e paguei um pouco a mais para ver o novo filme de Tim Burton.

Menos mal que ao contrário de “Avatar”, a bomba sem graça de James Cameron, “Alice” é até interessante. Sim, Burton e a roteirista Linda Woolverton fizeram algumas alterações na história original de Lewis Carroll, fundiram personagens, mudaram uma coisa aqui e ali, mas na essência os principais personagens estão lá, incluindo o Chapeleiro Louco (Johnny Depp, sempre bem, em mais um personagem esquisito para a sua coleção) e as rainhas vermelha (Helena Bonham Carter) e branca (Anne Hathaway).

Contudo, o mais interessante desta leitura é que embora a película tenha o mesmo nome do livro de Carroll, Burton optou por contar a história do retorno de Alice, vivida pela até então desconhecida australiana Mia Wasikowska, ao País das Maravilhas.

Assim, sai a menina inocente, entra a adolescente quase adulta petulante, com posições firmes e decidida e uma missão nesta história de contornos levemente medievais. Alice agora é trazida de volta a este mundo paralelo e fantástico para cumprir o seu destino e decidir o que deve fazer enquanto no “mundo real” parentes o aguardam para uma resposta diante de um pedido de casamento arranjado.


A jornada de Alice é de reaprendizado, crescimento e reflexão que vão culminar na sua entrada definitiva na idade adulta. Afinal, todos já conhecem a história da pequena Alice. Era preciso, portanto, tomar a liberdade de avançar sobre ela. O resultado pode não ter uma marca tão forte como a que Burton impõe aos seus filmes, mas a conclusão é de um filme que seria divertido em qualquer dimensão.

Um comentário:

Lion disse...

Cara, eu tb gostei do filme... mas fui achando que ia ser um filme regado à ácido de primeira... e era só um Marlboro sem filtro...