quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Minas facts - parte I

Uma das belas igrejas de São João/Marcelo Alves
A Corneta Travel and Adventures, divisão de viagens do mega conglomerado da  Corneta Enterprises, está de volta com uma INCURSÃO em solo mineiro. Em uma semana viajando pelos RINCÕES do estado de Aécio Neves e Jota Quest,  vimos muita coisa digna de ser registrada em comentários CARICATURAIS e malemolentes. 

Sem mais delongas vamos ao primeiro textão dessa jornada do pão de queijo. 

SÃO JOÃO DEL REI

1- A primeira impressão não foi das mais positivas. Em uma caminhada pelo calçadão onde homens e mulheres das mais variadas idades fazem cooper, relatos de horror: 

- O que ele ia fazer? O cara estava armado - disse um cidadão. 

- Mas por que alguém iria assaltar aquela farmácia? - comentava outro. 

Um crime acabara de acontecer naquela que acreditávamos ser a pacata São João del Rei. 

2- Achar um mapa da cidade foi um desafio de Hércules. No hotel não tinha, no primeiro lugar que nos indicaram, um CORETO numa pracinha, também não. Aliás, o coreto estava bem bagunçado (tum dum tsssss). Depois de muito caminhar e ver a cidade quase toda, encontramos um mapa. Uma impressão em A4 em preto e branco que confirmava que já tínhamos visto tudo na cidade. 

3- GELAPAPO é o sorvete da cidade. Um Kibon sem grife. E não vale a pena. Também rola na área um tal de Ituzinho, espécie de sacolé turbinado. Não experimentei, visto que era do mesmo fabricante do Gelapapo. 

4- Faz calor em São João del Rei, calor de verão igual a qualquer lugar. Mas ar condicionado é um mito na cidade. Só encontramos numa agência do Itaú, que deve usar dos mesmos padrões para todas as agências deste Brasil. 

5- Os hits de São João del Rei são pastelarias e casas lotéricas. É igual farmácia no Hell de Janeiro. Você esbarra facilmente em uma delas. Fiz até uma fezinha na Mega da Virada. Afinal, esses prêmios sempre saem para o interior do Brasil. Mas infelizmente não rolou para mim e tive que voltar ao trabalho. 

6- Agora, encontrar um restaurante na região é tão desafiador quanto achar um político honesto. 

7- E se a gente comesse uma pizza? Boa ideia. Paramos na primeira e achamos estranho não ter mesa para sentar. Tudo bem, levamos para o hotel. Mas não tinha um forno à vista. Foi quando descobrimos que a pizzaria só fazia a pizza. Assar? Aí já era tarefa do cliente na sua casa. 

8- Netflix deve ser bombante em São João del Rei. Não vi um cinema na área. Mas achei uma LOCADORA. Para os jovens, antigamente nós íamos à locadora alugar filmes ou fitas de videogame para assistir/jogar. Eram tempos selvagens. Não podíamos ter o que queríamos na hora que queríamos como hoje. Mas havia promoções interessantes em feriados como carnaval e Semana Santa. 

O centro histórico é pequeno, mas bonito/Marcelo Alves
10- Até achar o centro histórico estava achando a cidade uma São Gonçalo com grife. Aí a área histórica deu uma nova impressão. Mas quando eu menos esperava, já tinha saído do centro histórico. 

11- As Igrejas são realmente muito bonitas. Aliás, o turismo sacro é o que há na região. 

12- Uma questão tomava a minha alma diante da falta de atrações na região, além da hamburgueria VAGÃO, que serve hambúrguer com milho: o que fazem os jovens da cidade? Como vivem? Como se reproduzem? Diante destes questionamentos fui para a night de São João del Rei e encontrei uma espécie de Baixo Gávea local com incríveis cinco bares/restaurantes (provavelmente 95% do que existe na cidade) onde toda a juventude local se reúne para conversar, AZARAR, e exibir os seus carrões com som potente tocando funk bem alto. Que experiência antropológica. 

13- Esse sotaque mineiro é maravilhoso. Para mim, sempre foi medalha de bronze mundial, só perdendo para o britânico e o gaúcho. Embora eu tenha um carinho especial pelos sotaques de todos os povos do Nordeste. 

14- A noção de distância mineira também é inigualável. Aquela igreja que fica ali a duas quadras é "lá longe e fica em outro bairro". Mas para chegar ao centro histórico você anda "menos de 1km", o que não era verdade. 

15- E a educação e simpatia nos lugares para comer?  Sempre um bom atendimento mesmo quando a comida demora horas para chegar. Tudo só comprovando o quanto o Rio é muito ruim em serviços. 

16-
Cotação da Corneta: 

Voltaria a São João del Rei? Acho que não. A cidade não tem lá muitos atrativos interessantes. Mas até toparia voltar com alguém que estivesse viajando comigo e quisesse conhecer assim mesmo. 

Moraria em São João del Rei? Definitivamente não. Como eu ia viver sem cinema e sem saída para o mar? Dá para ficar sem um destes itens. Sem os dois, é complicado. 
Ruas simpáticas e belas igrejas em Tiradentes/Marcelo Alves


TIRADENTES

1 - Tiradentes, vocês sabem, tem esse nome por conta do Inconfidente mais pop de todos, espécie de Justin Bieber mineiro. Os Inconfidentes eram tipo uma boy band iluminista que queria fazer uma revolução na região lá pelo século XVIII. Mas diferenças musicais no grupo e traições acabaram sufocando o movimento.  

2- Você conhece Tiradentes como aquela imagem clássica parecendo um Jesus Cristo superstar, mas no Largo do Sol há uma estátua dele arrumado para festa com umas vestes meio Saint-Laurent, meio Givenchy, que fará o mito cair. Ou naquele dia ele ia para a festa de réveillon animada em São João del Rei. 

3- Igrejas, Igrejas e mais Igrejas.... mas vamos destacar duas: a da Matriz, que tem um cemitério em anexo e outros corpos enterrados dentro dela (parece que pagava-se caro por isso) e a do Rosário, que foi construída por escravos que não tinham o direito de frequentar as outras igrejas e resolveram então fazer a deles escondidos dos senhores de engenho. 

4- Tiradentes é bonitinha com suas casinhas, suas ladeirinhas, seu comércio fofinho e todos os diminutivos que você puder usar para simpatizar com a cidade. 

A cachoeira do Mangue em Tiradentes/Marcelo Alves
5- E tem cachoeiras. Mas há cachoeiras e cachoeiras. E para vocês terem uma ideia que não podemos julgar ninguém pelo nome aí vai um exemplo. A cachoeira do BOM DESPACHO parece simpática, mas é uma droga. Fica na Estrada Real, mas não rola aquela HARMONIA com a natureza. Tudo fruto do funkão que come solto. Já a cachoeira do MANGUE é tranquila, simpática, na paz e tem aquela água maravilhosa que podemos ouvir batendo nas pedras de forma relaxante, que quase te faz dormir como se estivesse ouvindo um CD da Enya. Mas para chegar nela é preciso caminhar por 40 minutos em uma trilha, o que sempre é divertido.

6- Por falar em Estrada Real, venderam essa área como uma atração bonita e tal. Andei por ela e estou até hoje esperando acontecer algo interessante. 

7- Tiradentes vai ganhar o troféu simpatia deste périplo mineiro. Era o guardador de carro com mais conhecimento do que guia turístico fazendo de tudo para ajudar, era o guia que deu carona até a trilha e foi batendo papo e indicando o melhor lugar da cachoeira... Sempre pessoas simpáticas e gentis estiveram no caminho, transformando Minas numa jornada agradável. 

8-
Cotação da Corneta:

Voltaria a Tiradentes? Sim. É uma cidade fofa. Deve ser legal no Festival de Cinema. 


Moraria em Tiradentes? Aí acho que não. Sabe como é, não vi cinema nem tem saída para o mar.

Nenhum comentário: