Diário de guerra da Olimpíada do Hell de Janeiro:
9º dia
Levar toco é uma especialidade da
casa. Já levei da Caroline Wozniacki e não fiquei intimidado. Não ia ser depois
de quatro anos mais velho que eu iria me abalar. Por isso que fui dar plantão
na Vila Olímpica com uma missão na cabeça: falar com os russos. Foram 11 tocos.
Alguns raivosos, outros com uma cara de pau digna de carioca.
Depois do escândalo de doping, acabou o amor. Mas há quem
diga que eles sempre foram sisudos. Só pioraram um pouco. O nome do filme agora
é "From Russia without love".
"Vem comigo, mas toma cuidado, pois você sabe como é
motorista carioca, né? Eles acham que estão dirigindo um carro de
Fórmula-1". Foi assim que um voluntário da Rio-2016 me alertou sobre os
perigos de atravessar as pistas fora dos locais permitidos.
De fato, o primeiro shuttle que me levou ao Parque
Olímpico era um exemplo disso. Senti-me dentro de "Mad Max". Quase
consegui imaginar o motorista dizendo o mantra: "to live, to die, to live
again". E só pensando no Valhalla.
Por sorte, a primeira impressão não se confirmou como
tendência. O nível dos motoristas é alto (pode acreditar!) e os ônibus são
confortáveis. Pena, que transporte não parece que vai dar certo. O pessimismo
impera quando você vê que perdeu o último ônibus da Vila e que os ônibus do
Riocentro ainda não começaram a funcionar. Trinta minutos de caminhada para
pegar o shuttle de volta para Copacabana no Parque Olímpico. O nome do filme
agora é "Corra, Marcelo, Corra".
Os primeiros contatos com o Parque, aliás, permitem umas
constatações:
1. Jesus, como a Olimpíada é longe. É como se diariamente
você saísse de King's Landing para as regiões para além da Muralha.
2. Definitivamente, está será a Olimpíada fitness. Todo mundo vai emagrecer
porque ninguém vai comer, pois os preços praticados na área olímpica são
pornográficos. O restaurante é R$ 98 o quilo. Um mísero kit kat, custa R$ 4. Um
ínfimo bolinho Ana Maria também custa R$ 4. Um saco de Ruffles que tem mais
vento que batata, custa R$ 6. Tenho certeza que tudo isso foi calculado pelo
euro. Quiça pela libra. É muito surreal.
3. Até o momento, o destaque positivo do Rio-2016 tem sido os voluntários.
Sempre educados, prestativos e prontos para ajudar.
4. Bolo Ana Maria no mercadinho, sala de imprensa que se chama FANDANGO. Tem
alguém na Rio-2016 que sente saudade dos sabores da infância.
PS: Posso ter levado toco das russas (e dos russos), mas
não levei toco da Adriane Galisteu. Super simpática, super pra cima, super alto
astral, mas exagerou no otimismo ao apontar o basquete masculino como potencial
medalha de ouro. Quem não é jornalista pode ser Brasil, mas vamos com calma.
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