Diário de guerra da Olimpíada do Hell de Janeiro
27º dia
Tá acabando, gente. Falta pouco.
Sprint final. 🏃🏻🏃🏻🏃🏻
Acho que o esporte olímpico tem
três nomes que magnetizaram as plateias do mundo inteiro neste ainda infante
século XXI. Quis o destino que eu estivesse presente no adeus de dois deles.
Mas essas despedidas não poderiam ser em condições mais díspares.
Um deles foi Michael Phelps. O
maior mito do esporte mundial que se aposentou conquistando cinco medalhas, sendo
quatro de ouro, e revelando-se um homem maduro e um líder que ninguém imaginou
que ele seria quando era aquela máquina incessante de medalhas e recordes em
Pequim-2008.
A outra é Yelena Isinbayeva, uma
atleta fantástica, bicampeã olímpica, recordista mundial do salto com vara, mas
impedida de competir no Rio por causa do escândalo de doping envolvendo a
Rússia. Isinbayeva não se conforma com isso até hoje. Com alguma razão, pois
nunca foi pega em nenhum exame. Mesmo os feitos por entidades independentes.
Ainda que o seu país tivesse um sistema sofisticado de acobertamento de doping.
Toda vez que eu leio sobre esse caso da Rússia lembro do Drago, o rival de
Rocky Balboa em "Rocky IV". Aquilo era muito doping.
Gostaria de ter visto de perto
Isinbayeva competir. São coisas da vida e da cobertura. Da mesma forma que não
verei Usain Bolt, o terceiro elemento deste trio que, para mim, monopoliza(va)
as atenções do esporte a cada ciclo olímpico desde Atenas-2004. Bom, no caso de
Bolt desde Pequim.
O adeus dela revelou uma mulher
ainda cheia de mágoa com alguns elementos do esporte. Cheia de mágoa por não
poder estar no Engenhão na final do salto com vara. Atirando para todos os
lados, sendo deselegante com as coleguinhas, sendo contraditória e também
fazendo política. Sendo Putin até a veia.
Ninguém é perfeito. Embora ali na
frente, do alto dos seus olhos verdes e falando em russo, Isinbayeva pareça
perfeita (eu adoro uma língua estranha).
Mas o adeus da forma como foi
pareceu ser duro de admitir. Embora ela tivesse convocado a coletiva para isso,
a saltadora hesitou, não quis falar, até que, pressionada, finalmente desabafou
que estava parando. A aposentadoria foi meio isso. Ela não queria que fosse
daquele jeito, mas teve que ser.
Antes, tentou colocar a culpa dessa
hesitação no fato de ser geminiana. Eu nem sabia que russos acreditavam em
astrologia. Como não entendi nada (era mais fácil entender ela falando em russo
do que entender astrologia), fui consultar uma pessoa especializada. Disse a
minha fonte:
"Geminianos falam muito,
buscam o conhecimento e têm fama de serem fofoqueiros e duas caras. E são muito
drama queens".
Que perigo é Isinbayeva. E ela é
bem drama queen mesmo. Mas na minha mente, ficará sempre registrada a imagem da
mulher de meio sorriso que deixou o palco olhando para os jornalistas, buquê de
flores na mão, e dizendo uma de suas poucas palavras em inglês.
- Bye
Até logo, Isinbayeva.
PS: O Leonardo di Caprio já
ganhou um Oscar. O mundo não suporta a queda de três tabus históricos num mesmo
ano. Logo, ou o Brasil no futebol ou a Itália no vôlei têm que continuar em
jejum de ouros olímpicos para que a humanidade permaneça em equilíbrio.
Seria melhor que fossem os dois.
Mas se for para escolher, que o futebol continue sem o ouro.
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