Diário de guerra da Olimpíada do Hell de Janeiro:
10º dia
Os gringos hoje descobriram o
significado do lema informal do Hell de Janeiro. O "choveu, fudeu".
Toda vez que chove, a cidade para. Resultado disso? Ônibus que demorou mais do
que o normal e ônibus improvisado fazendo todas as rotas para cobrir eventuais
buracos. Imagina quando o Parque Olímpico estiver realmente cheio. E chover...
Por falar nisso, faltando pouco tempo para o início dos
Jogos, o MPC, como é chamada a área de imprensa, começa a ficar com aquela cara
de babel característica de toda olimpíada. Além das nações tradicionais e de
peso olímpico (EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha), já é possível ver indianos
com turbante e tudo, jornalistas do Turcomenistão, da Grécia, da Argentina...
Sem falar nos italianos. É impossível não notar os italianos. Eles sempre falam
com alguns decibéis acima do normal.
Brasileiros também fazem uma certa algazarra. Ao lado da
mesa designada para a firma para o qual eu escrevo fica o tradicional "The
Times". Um jornal de 231 anos de história. Eles provavelmente cobriram os
Jogos de Atenas-1896. Quando o "Times" nasceu, não existia nem
energia elétrica. Agora a 367ª geração de jornalistas do veículo dividia o
Wi-Fi conosco.
Fico me perguntando o que aqueles ingleses tão
concentrados no computador e com seus cadernos de anotações absolutamente
organizados pensam daqueles vizinhos falantes que reclamam que a internet não
está funcionando. Mas no fim são todos humanos comendo sanduíche de frango e
saladinha em porções de plástico.
Pareciam estar mais gostosas do que o hambúrguer frio e
sem graça que eu comi. É dura a vida do operário das palavras.
PS: a foto do post podia ser de um mercado da Venezuela,
mas é do mercadinho da mídia mesmo. Galera está consumindo bem, hein.
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