Portman no papel da estrela pop Celeste |
Vendo
o trailer um pouco antes do seu lançamento, “Vox Lux” pareceu-me um cruzamento
de “Cisne Negro” (2010) com “Nasce uma estrela” (2018). A alusão ao primeiro
filme tinha uma clara relação com o fato de ser também estrelado por Natalie
Portman em um papel de uma artista. Lá, uma bailarina. Aqui, uma estrela pop.
Já a comparação com o segundo filme vinha mais pela temática de falar sobre uma
cantora pop.
“Vox
Lux”, porém, fala mais sobre a decadência de uma estrela, enquanto “Nasce uma
estrela” é mais sobre a ascensão de uma cantora em meio à queda do seu namorado
também cantor.
Grosseiramente
falando, é sobre isso que o filme fala. O difícil é encontrar no trabalho de
Brady Corbet uma estrutura narrativa para além desta visão clichê. E também uma
reflexão sobre o que o diretor pretendia dizer com todos os elementos que
reuniu neste filme.
Falta
profundidade a “Vox Lux”. O que Corbet queria dizer ao associar atentados e a
violência brutal do terrorismo e dos assassinatos em massa com a história de
uma garota que desde cedo torna-se uma estrela pop? Celeste é fruto da
violência por estar numa escola atacada por um garoto nos mesmos moldes de
Columbine? Por isso quer virar uma estrela pop? Para levar alegria aos fãs em
meio as dores da violência?
A
violência está sempre presente na sua carreira. O início pôs-atentado na
escola, o meio durante o ataque às torres gêmeas do World Trade Center em 2001 e
o renascimento quando tem que lidar com um atentado na Croácia que se assemelha
muito ao ocorrido numa praia da Tunísia em 2015. E o que isso tudo tem a ver
com uma estrela mirim que vira mãe muito jovem e torna-se uma adulta inconsequente,
drogada e alcoólatra, mas ao mesmo tempo uma diva pop cheia de fãs?
Corbet
não deixa claro sobre o que pretende com o seu filme. E nem se pretende deixar
no ar temas para o espectador refletir por si mesmo. Na verdade, “Vox Lux” é
uma grande confusão que não aponta para uma direção sequer.
Enquanto
isso, Natalie Portman tenta defender o seu personagem com garra. Nunca a vimos
tão cheia de trejeitos. Sua Celeste é uma caricatura das estrelas pop, mas o
caminho do sarcasmo parece só tomado por ela e não acompanhado pelo filme, que
ainda conta com um Jude Law raras vezes apático no papel do empresário de
Celeste.
“Vox Lux”
ainda encerra com uma longa tomada de um show, que me lembrou o constrangedor
final de “Bohemian Rhapsody”. Se havia algum recado a dar naquele momento, seja
pela performance, seja pelas mensagens passadas no telão, elas não foram
devidamente claras. Ou sequer simbólicas. Foi um grande nada.
A
sensação que fica é exatamente a desse vazio que “Vox Lux” passou. Poderia ter
sido melhor, mas foi um desperdício de tempo.
Cotação da Corneta:
nota 3.
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