Ele é mau, mas agora nem tanto |
Não existem muitas razões diferentes da
mercadológica para fazer um filme sobre o Venom. Tudo bem que a simbiose entre
o alienígena e o jornalista Eddie Brock (vivido naquele esquema com um pé nas
costas por Tom Hardy) é um dos vilōes mais populares do universo do
Homem-Aranha. E aí é que está a questão. Como um vilão pode ser protagonista se
ele nasceu para ser antagonista?
A solução encontrada foi a pior possível. Sem a
presença do Homem-Aranha, devidamente recolocado no chapéu do universo
cinematográfico da Marvel, “Venom”, o filme, fica com um buraco difícil de
tapar. E a solução para isso foi transformar ele num quase
herói, um loser tentando se encontrar no mundo, uma junção de dois corpos
formados pelo bem (Eddie Brock) e o mau (Venom), transformando o personagem num
anti-herói, ou uma versão pós-moderna do “médico e o monstro”.
Dá certo? Só em parte. É difícil imaginar que um
personagem que nasceu do ódio de ambos (organismo simbiótico e Eddie) por Peter
Parker e o Homem-Aranha possam sair por aí agora salvando o universo.
A verdadeira origem do Venom foi toda jogada fora
em prol da criação de um filme feito para a Sony tentar explorar ao máximo o
universo do Homem-Aranha sem usar o grande protagonista do mesmo.
Venom, porém, não vai além de um filme meramente ok
baseado nos quadrinhos da Marvel. Tem efeitos especiais que fazem a diferença
para o Venom. E a evolução tecnológica só fez bem em relação à aparição do
personagem em “Homem-Aranha 3” (2007). Mas sua história é esquizofrênica quase
como que tentando ver o lado bom de Eddie Brock e vendo o jornalista como uma
vítima do parasita alienígena.
Venom certamente ganhará uma continuação. A
presença do Carnificina (Woody Harrelson) nas cenas extras garantem essa
possibilidade. Mas parece que sempre faltará algo em filmes como este. E esse
algo é a presença do herói ou de um antagonista para o vilão sem que ele deixe
de ser um vilão. Mas talvez o futuro filme do Coringa desminta a minha
tese.
Cotação da Corneta: nota 6.
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