Colin Firth é puro estilo |
Há
filmes que nos ensinam algumas lições. Em "Kingsman: serviço secreto"
uma delas é: Não incomode um homem que esteja bebendo uma cerveja.
Principalmente se for uma famosa marca irlandesa em um pub inglês. Você pode se
arrepender. Afinal, é preciso uma certa fleuma até entre adversários.
"Kingsman"
é daqueles tipos de filme que você sabe tudo o que vai acontecer a partir do
momento em que viu o trailer. Mas como não se divertir com as melhores cenas de
luta do cinema ocidental desde, sei lá, "Matrix" (1999)? Pois,
convenhamos, é muito difícil bater os chineses especialistas em kung fu no
quesito cenas de luta.
Eu
não sei qual foi o orçamento gasto com o coreógrafo dos combates e todos os que
trabalharam nestas cenas (o filme todo custou US$ 81 milhões), mas eles
mereceram cada centavo. Parabéns a todos os envolvidos. Difícil é escolher qual
é o melhor momento. Se é a cena do bar da lição de moral citada no início deste
texto, a da igreja ou o bom e velho um contra um entre herói é o capanga do
vilão ao fim que costuma marcar o clímax de filmes deste gênero. E tudo com um
clima, digamos, “tarantinesco”.
Este
é um dos motivos de o filme ser o mais divertido do ano até aqui. Veja bem, não
é o melhor, não é o roteiro mais incrível ou com atuações dignas de prêmio de
nome complexo em festival francês. O quesito aqui é o Oscar da diversão/zuera.
E o filme de Matthew Vaughn sai na frente.
"Kingsman"
é o típico filme de herói veterano que prepara o terreno para passar o bastão
para o novato assumir o protagonismo. Nesse meio tempo, eles tentam salvar o
mundo de um tirano maluco.
Tudo
é uma paródia dos filmes de espionagem. As citações são muitas, 90% delas
envolvendo James Bond (Uma hilária versão de como o Martini deve ser preparado
e a cena com o herói e uma bela mulher, por exemplo). Mas também há a um
pouquinho de Jason Bourne e até Jack Bauer, que nem agente secreto é. É ir
pescando é rir das situações.
A
história? Basicamente é o seguinte: o vilão Valentine, vivido de forma
propositalmente caricata e com língua presa por Samuel L Jackson, tem um plano
de dominação mundial que precisará ser executado, pois todo grande vilão deste
tipo de filme tem Síndrome de Cérebro e acorda pensando num plano de como vai
conquistar o mundo. Caberá aos alfaiates superpoderosos impedi-lo de realizar o
feito. Você sabe que isso vai acontecer né? Não existe spoiler neste tipo de
filme.
Enquanto
isso, o Kingsman precisa encontrar um novo agente secreto para substituir o
antigo que morreu no Iraque em uma missão no início do filme ao som de Dire
Straits. Pelo menos ele se foi com uma bela canção.
O
bambambã do grupo é Galahad, vivido em corpo, alma, terno e sotaque britânico
por Colin Firth (descrição feita de propósito só para fazer as mulheres
suspirarem). Numa dessas coincidências da vida (é mesmo? – “sinal de ironia”),
ele escolhe o filho de um agente morto no passado para indicar para o grupo
secreto. O problema é que Eggsy (Taron Egerton) não tem nenhuma classe. É um
fora da lei do subúrbio de Londres cheio de problemas, mas que pelo menos sabe
parkour. Em meio a vários almofadinhas, ele terá que aprender não apenas a
lutar, como a ter algum estilo, requisito fundamental para o trabalho.
E
Galahad estará sempre pronto para ajudá-lo. Afinal, se tem alguém que tem
classe nesse mundo é Colin Firth. Não importa se você está por cima da carne
seca, é um rei gago (“O discurso do Rei”, de 2010) ou um soldado torturado por
japoneses durante a II Guerra Mundial (“Uma longa viagem”, de 2013). Colin
daria um James Bond infinitamente melhor que Daniel Craig.
Então
Egssy terá que aprender a ser “phyno”. Assim mesmo. Com ph e y. Não como em
"Uma linda mulher" (1990), porque ele não tinha Sessão da Tarde na TV
de casa para conhecer o filme. É sim como em "Minha bela dama”. Ao indicar
que gosta de Audrey Hepburn, o rapaz mostra ao menos algum requinte.
Desnecessário
comentar o que vem na sequência. Você já pode imaginar. Mas o divertido é ver
como a história chega até o final ao som de Bryan Ferry. “Kingsman” realmente
gosta de um som dos anos 80.
A corneta curtiu
"Kingsman", deu boas risadas e conseguiu chegar até o fim deste texto
sem contar a única surpresa que configuraria um spoiler neste filme. Vitória!
Sobre a nota final, “Kingsman” ganhará um 7.
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