Guns N'Roses/Divulgação |
Crítica originalmente publicada no site Rock on Board - http://www.rockonboard.com.br/2017/09/rock-in-rio-2017-no-melhor-jeito-de.html
Depois do dia 2 de outubro de 2011, Axl Rose parecia fadado a nunca mais pisar num palco do Rock In Rio. Mais do que um show abaixo da crítica, as horas de atraso do cantor para se apresentar na chuvosa noite de encerramento do festival irritaram tanto Roberto Medina que o empresário idealizador do Rock in Rio chegou a declarar que Axl era uma figura riscada do seu restrito caderninho de headliners. E a troca pública de farpas, com a banda respondendo às críticas, só colocaram mais lenha na fogueira.
Depois do dia 2 de outubro de 2011, Axl Rose parecia fadado a nunca mais pisar num palco do Rock In Rio. Mais do que um show abaixo da crítica, as horas de atraso do cantor para se apresentar na chuvosa noite de encerramento do festival irritaram tanto Roberto Medina que o empresário idealizador do Rock in Rio chegou a declarar que Axl era uma figura riscada do seu restrito caderninho de headliners. E a troca pública de farpas, com a banda respondendo às críticas, só colocaram mais lenha na fogueira.
Mas se Axl se reconciliou com seus ex-companheiros Slash e Duff McKeagan,
por que não faria o mesmo com Medina? Ajudou muito também a campanha dos fãs,
que ainda em êxtase pelas seis apresentações do grupo no Brasil com sua
formação quase toda clássica, iniciaram uma campanha para ver a banda no
festival. Medina vislumbrou a oportunidade, disse que as diferenças estavam
superadas e lá estava Axl Rose no palco com seus velhos "parças" para
fechar mais uma noite do Rock in Rio. A quarta da história da banda.
Talvez como se estivesse em dívida com o público do Rock in Rio, Axl se
viu na obrigação de começar na hora (o que aconteceu) e fazer um show épico.
Bom, no que diz respeito a sua duração não há dúvida quanto a isso. Foram 32
músicas em quase 3h30min de espetáculo que avançou até depois das 4h da
madrugada de domingo.
Muitos não conseguiram chegar até o fim. Pelo contrário, pode-se dizer que
o público foi se dispersando aos poucos. A primeira leva grande foi embora depois
de "Sweet Child O'Mine". Outra
foi após "November Rain" e um
terceiro grupo saiu ao fim de "Nightrain".
Natural. Axl impôs um tour de force que para muitos é muito cansativo após
um dia inteiro de shows. Mas quem não arredou o pé encontrou fôlego para cantar
"Paradise City" no encerramento do show.
Quanto a qualidade do espetáculo, porém, o Guns
voltou a se ver refém do seu calcanhar de Aquiles do momento: a qualidade vocal
reticente de seu líder. É inegável que a voz de Axl nunca mais foi a mesma dos
discos 'Appetite for Destruction' (1987), 'Use your Illusion I e II' (ambos de 1991). Naquela
época, o Guns era dono do mundo e Axl uma estrela incontestável. Dos últimos
tempos para cá, quando a banda veio várias vezes ao Brasil, sempre se alternou
momentos em que Axl cantava bem ou até de uma forma aceitável com outras que
ele ia mal. E essa foi a diferença para o show de novembro do ano passado, que
também fazia parte da atual turnê "Not in this lifetime". No
Engenhão, Axl parecia em melhor forma. Na Cidade do Rock, ele viveu o seu dia
"hoje não" com a voz.
E esse problema ficou ainda mais evidenciado porque minutos antes havia se
apresentado no Palco Mundo um impecável Roger Daltrey no alto dos seus 73 anos.
A comparação com o vocalista do The Who seria inevitável nestas circunstâncias.
Ainda que ambos cantem estilos diferentes no rock. De certa forma, parece que o
Guns vive uma sina de ser ofuscado quase sempre quando toca no Rock in Rio. Em
1991, o Faith no More roubou a cena. Em 2011, o System of a Down superou e
muito o Guns e agora o The Who fez um dos melhores shows do festival enquanto o
Guns apenas não foi tão incrível quanto se esperava.
Mas é claro que a apresentação do Guns teve vários pontos altos. Muitos
deles graças a Slash. Coube ao guitarrista segurar as pontas com seus solos,
seu carisma nato e sua competência. Slash é, muitas vezes, a alma dessa banda.
O repertório que o público viu no Rock in Rio não foi muito diferente do
que foi visto no Engenhão há menos de um ano. O Guns tocou todos os sucessos
possíveis da carreira e insistiu nas dispensáveis canções do
controverso 'Chinese Democracy', o álbum
que demorou 14 anos para ser lançado e ainda resultou num produto ruim.
As diferenças ficaram por conta da inclusão de dois covers: "Black Hole Sun", do Soundgarden,
homenagem ao recentemente falecido Chris Cornell, que vinha sendo incluída nos
shows da turnê, e "Wichita Line Man",
de Jimmy Webb. Além de "Patience".
"Out ta get me" foi retirada do
set.
O saldo final para o fã do Guns, no entanto, foi muito positivo. Ele ouviu
tudo o que queria. Principalmente os que resistiram heroicamente até o fim do
show madrugada adentro.
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