Bryan Adams e seu show de hits na Barra da Tijuca/Marcelo Alves |
Eu estava na
estrada pelo mundo paralelo da Barra da Tijuca e resolvi parar para pedir
informação num lugar que fazia artesanatos e miçangas.
- Amigo, onde tem show do Bryan Adams?
- Lá no Posto Ipiranga - respondeu ele.
Foi assim que eu me dirigi para o inenarrável
KM DE VANTAGENS HALL (minha estreia no novo nome!) para conferir o show do
cantor de 57 anos, espécie de cruzamento de Roberto Carlos com Erasmo Carlos
canadense. E o resultado dele está nos seguintes tópicos malemolentes.
1- Todo mundo sabe que o Bryan Adams está a
frente do Ryan Adams nos mais diferentes aspectos da vida. Da lista de chamada
na escola ao número de hits que embalam os corações do mundo.
2- Tanto que o show estava cheio de tiozões e
tiazonas saudosos daquele maravilhoso verão de 69, quando os brotos iam azarar
na praia de Copacabana, combinavam encontros na praça Van Halen, na Tijuca, e
não tinham preocupações, pois não precisavam trabalhar 40 anos para se aposentar
e estavam sorrindo sob o guarda-chuva da CLT. Afinal, those were the best days
of my life.
3- Mas também havia representantes das
gerações mais jovens, prontos para seguirem cantando os hits do TREMENDÃO
canadense.
4- Bryan Adams é um cara extremamente
simpático e que entende a gente. Tanto que tira fotos, faz lives durante o
show, stories no Instagram... e manda fotos para a mamãe. E no fim ainda se
despede gritando para a gente um "muitos beijinhos!!!".
5- Bryan Adams é uma usina de hits. Uma hidrelétrica
de clássicos. Tanto que praticamente não tivemos aquela música que nos permite
dar a pausa para ir ao banheiro. Afinal, você quer cantar junto quase todo o
set list.
6- E tem as músicas do disco novo, "Get
up". Mas aí você tem que prestigiar. Sair nestes momentos seria como um
pai que sai da sala quando a filha vai apresentar o namorado novo. Deselegante.
7- A banda merece um título de uma das mais
elegantes do rock. Eu que estou acostumado com uma coisa mais bagaceira ou
circense então, senti-me num evento chique. Se eu tivesse intimidade com o
Bryan Adams até pedia a roupa de um dos integrantes da banda emprestada para um
casamento que preciso ir semana que vem.
8- Gente, "Summer of 69".
"SUMMER OF 69". Como eu sonhei em um dia cantar essa música com o
Bryan Adams. Ela levanta o moral de qualquer tropa e dá esperança de viver.
9- Bryan Adams nos presenteou com diversos
hits. E o que recebeu em troca? Aprendeu a falar "Mexe a bunda". Foi
essa a tradução que arrumaram para o "move your ass" dele. Acho justo
e ele curtiu.
10- O cantor canadense tem vários rocks de
tons nostálgicos que fazem as pessoas requebrarem o esqueleto à moda anos 50. É
uma marca que ele faz questão de manter até hoje, como em "Brand New
day", do novo álbum.
11- Mas a gente vai mesmo para ouvir as old
songs. E num set de quase 30 músicas não faltaram momentos especiais. Teve
"Can't stop this thing we started", "Cloud #9", "It's
only love" (mas faltou a Tina Turner aqui), "Kids wanna rock",
"Back to you" e "Somebody".
12- Nenhum momento teve mais celulares ligados
espontaneamente do que em "Heaven". Todos ali cantando bregamente a
plenos pulmões em nome do amor num momento bonito e fofo.
13- Mas não pense que foi a única balada.
Bryan Adams é o rei do camarote das baladas. Olha só o que mais teve:
"Let's make a night to remember", "(Everything I do) I do it for
you", "Have you ever really loved a woman?", "Straight from
the heart" e "All for love". Vocês têm noção da quantidade de
açúcar liberado nisso tudo?
14- Além de elegante, a banda merece receber
um destaque pela presença do guitarrista Keith Scott. Presepeiro quando deve
ser (do jeito que gostamos, girando a guitarra e colocando-a entre os dentes) e
meloso quando precisa com aquelas notas que se esticam eternamente enquanto ele
faz caras e bocas. O rapaz tem carisma.
15- O show foi surpreendentemente ótimo (não
esperava que fosse tão legal a ponto de eu querer ver de novo). A decepção
ficou mesmo pela casa ainda exibir a decoração antiga. Eu crente que veria um
posto Ipiranga lá dentro e todos os serviços possíveis juntos. De compra de
balas juquinha a jatos supersônicos.
16- E vamos aprender a falar o nome dele para
não rolar gafe da próxima vez. É Bryan Adams e não Bryanadams, como sempre
falamos. Ele reclamou, gente. Brincando, mas falou.
17-
Cotação da Corneta: nota 8.
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