'How you dooooin' Adaline?' |
Já
imaginaram como seria incrível viver para sempre e com uma aparência jovem?
Parece legal né? Mas Adaline Bowman (Blake “Gossip Girl” Lively) não curte
muito esse lance Peter Pan na Terra do Nunca. Enquanto muitos procuram formas
de preservarem a juventude fazendo até carteirinha de sócio proprietário no
clube dos cirurgiões plásticos (juro que não estou mandando indiretas!),
Adaline não precisa se preocupar com isso. Ela tem a mesma aparência de uma
mulher de 29 anos, embora tenha 107.
É
isso mesmo, queridos leitores da corneta. "A incrível história de
Adaline" conta a supostamente extraordinária trajetória de uma mulher que
nunca fez uma visita ao Pitanguy. Simplesmente porque ela não tem, nem nunca
terá, rugas, pés de galinha ou PAPADA.
Adaline
é o Benjamin Button que deu certo. Chegou a um estágio na vida em que parou.
Curiosamente, e aparentemente quando apresentava a sua mais EXUBERANTE beleza.
Méritos de Blake.
Mas
nada disso surgiu por acaso. Ela virou imortal e parou no tempo depois que foi
atingida por um raio no meio de uma tempestade quando estava jogada na água
após um acidente de carro (é, vocês vão ter que acreditar nisso para
continuarem vendo o filme). Ali naquela água mega gelada de um inverno
americano, ela tomou um raio na cabeça e não morreu como qualquer pessoa normal
faria. Pelo contrário. Ficou imortal. E jovem para sempre.
Acontece
né? Ela podia ter virado o Flash de saias. Ou a Tempestade. Mas só foi
acometida por uma Síndrome de Dorian Gray. Com a vantagem de nem ter um quadro
que envelhece por ela.
Que
maravilha ser para sempre jovem. Mas não é bem assim. É aí que o filme que,
convenhamos, é bem meia-boca, ganha alguns pontos. O trabalho de Lee Toland
Krieger nos leva a fazer uma reflexão sobre o quanto é importante manter o
ciclo da vida e do quanto seria complicado e doloroso interromper este ordem
natural das coisas.
Isso
porque Adaline sofre. Ela tem que viver se mudando e trocando de identidades
para que as pessoas não desconfiem que ela não envelhece e não tem sequer um
fiozinho de cabelo branco. #inveja
E
o grande paradoxo de sua existência é o seguinte: Adaline vive décadas e
décadas, acompanha momentos históricos da humanidade, mas não tem uma vida. Não
constitui uma família, pois seus potenciais pretendentes vão envelhecer e até a
sua filha agora se parece com a sua avó. A morte passa a ser uma companheira
frequente dela, pois todos os amigos que vai fazendo por décadas vão ficando
pelo caminho pela ordem natural da vida. Suas melhores companhias passam a ser
os cachorros, que Adaline frequentemente têm que trocar porque eles também
morreu.
Adaline
sequer pode tirar selfies para postar no Face. Aliás, ela sequer pode ter um
Face. Que vida horrível.
Essas
questões são interessantes, mas... é claro que ia surgir um bonitão na história
para bagunçar a vida certinha e programada de Adaline. Quando ela preparava uma
mudança para a sua nova identidade numa fazenda em Oregon, surge Ellis (Michiel
Huisman), um barbudinho hipster cheio de más intenções com ela e com aquela
conversinha "are you doing" (Joey eterno) que já sabemos que 90% das
mulheres do cinema caem.
Adaline
age como aquele tipo de mulher que diz não o tempo inteiro, mas no fundo quer
sim. Aquele sorrisinho "investe mais que eu tô gostando" denuncia
isso. O cara se sente encorajado. Até que consegue levá-la para sair após uma
piada péssima sobre beisebol que nem eu que gosto do esporte consegui entender.
Eu não disse que ela estava a fim?
O
primeiro date é um fracasso completo. Nos subterrâneos de São Francisco, onde
estão fazendo escavações e acham um barco do tempo em que Adaline era uma
criança. Mas ela curte, dá uma nova chance e o cara a leva para casa onde ele
cozinha um delicioso cachorro-quente gourmet.
Convenhamos,
está mais difícil acreditar nessa relação do que no raio que atingiu Adaline e
não a matou. A moça também acha difícil a aposta na relação, mas não pelos
mesmos motivos da corneta. Afinal, ela tem aquela questão de quem nunca vai
precisar dar entrada na aposentadoria na Previdência.
Tomada
por angústias, Adaline terá que medir se deseja esse amor impossível, voraz que
a consome por dentro ou se permanecerá no seu plano de desaparecer do lugar em
que mora a cada dez anos. E a figura do pai de Ellis, William Jones (Harrison
Ford), acabará sendo importante para fundamentar as suas escolhas. Ele será
responsável por uma virada interessante na história.
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