Max enfrenta um calor típico carioca |
"Meu
nome é Max. Eu sou mau, não faço a barba e sou um dos sobreviventes de um mundo
pós-apocalíptico. Nesse planeta que os homens do passado deixaram para mim após
uma hecatombe nuclear, o sol é sempre inclemente e a minha próxima refeição é o
que eu encontro pela frente. Pode ser um percevejo ou um calango de duas
cabeças. E esse é o (re) começo da minha história".
Passaram
30 anos desde que George Miller lançou "Mad Max - além da cúpula do
trovão", terceiro e último filme da saga estrelada por Mel Gibson. Nestas
três décadas, Miller se ocupou em fazer filmes fofos como “Babe: o porquinho
atrapalhado na cidade” (1998) e “Happy Feet: O Pinguím” (2006).
Mas
se você achava que ele não tinha aquele feeling para fazer um bom filme de
ação, daqueles como gostamos de ver com peripécias, estripulias e cenas
mentirosas, está muito enganado. Miller pegou um roteiro que estava hibernando
há algum tempo, chamou Tom Hardy (o novo Max Rockatansky) e Charlize Theron
(Furiosa) para o deserto da Namíbia e disse: vamos trabalhar numa coisa ÉPICA.
E
"Mad Max - estrada da Fúria" é totalmente excelente. O melhor
blockbuster de todos lançados neste ano até o momento. E olha que estamos
falando num 2015 que já teve “Kingsman: Serviço secreto” e “Velozes e Furiosos
7”. Não Vingadores, vocês não entrarão nessa lista.
Tem
cada coisa maravilhosa que você pode fazer com novas tecnologias que nem dá
para condenar os reboots e releituras incessantes que andam acontecendo no
cinema. Só neste ano temos o novo “Jurassic Park” e o novo “Poltergeist”, cujo
trailer é ASSUSTADOR. Se por um lado isso pode denunciar uma crise de
criatividade (ok, um ponto que concordo em parte), é tentador usar novos
brinquedinhos tecnológicos revisitando velhas histórias.
No
novo filme de George Miller, Max é capturado pelo grupo de Garotos da Guerra,
homens brancos que seguem a filosofia “I live, I die, I live again” e que são
obsessivos por missões suicidas que os levem para Valhalla, o paraíso da
mitologia nórdica e também uma música do Judas Priest. Colocam nele uma
focinheira de Hannibal Lecter e o transformam em doador involuntário de sangue.
O objetivo disso é fortalecer os Garotos da Guerra para as batalhas neste mundo
em que todos falam pouco, mas batem muito. A linguagem do futuro é a violência
e a agressividade (ops, será que eu estava falando do futuro mesmo?)
Essa
tribo onde vivem os Garotos da Guerra e outras castas menos abastadas é
comandada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que também fez o vilão no
primeiro Mad Max, de 1979). Immortan é o tirano de máscara sinistra e cheio de
marcas de guerra que comanda a massa oprimida do alto da montanha. De lá, ele
dá algumas gotas de água para o povão sofrido lá embaixo. Ele controla o
fornecimento desse líquido tão raro nos dias de Mad Max. Sim, a água representa
nesta nova versão o que era a gasolina nas décadas na trilogia anterior: artigo
raro e de luxo.
Em
“Mad Max”, não está fácil pra ninguém. Se o mundo atual é difícil, amigos,
imagina após a hecatombe nuclear onde, por incrível que pareça, não sobraram
nem baratas. E se elas sobrassem, virariam alimento.
Immortan
Joe achava que viveria para sempre naquele bem bom e fazendo filhos em suas
várias mulheres como se fosse um sultão do mundo desértico. Ele só não contava
com a traição de Furiosa, que fez jus ao nome, colocou as garotas dele dentro
do caminhão e fugiu para o outro lado do mundo.
A
partir daí, meus caros, vem a tradicional corrida maluca de Mad Max, onde para
sobreviver todo mundo tem que ser um pouco Dick Vigarista.
Immortan
Joe rufa os tambores de guerra e pega o seu guitarrista cego para tocar os
melhores acordes de heavy metal numa guitarra de dois braços que solta fogo que
o Slash adoraria tocar e o Kiss invejaria pela pirotecnia. Todos colocam o pé
fundo no acelerador e temos uma primeira cena de perseguição de TIRAR O FÔLEGO.
Miller realmente não estava para brincadeira. Ele queria mostrar tudo o que era
capaz.
E
onde Max se insere nisso? Bem, ele cai de paraquedas nessa perseguição toda
porque era prisioneiro de Nux (Nicholas Hoult) e é obrigado a formar uma
aliança com Furiosa contra Immortan Joe e outras tribos para que ambos consigam
escapar ilesos dessa aventura mortal.
A
história de “Mad Max – Estrada da Fúria”, portanto, é simples. Um grupo de
mulheres lideradas por Furiosa e com a ajuda de Max tenta escapar do domínio de
Immortan Joe e ir para o tão falado Vale Verde, onde a grama do vizinho seria
mais... verde do que nesse mundo amarelo, cheio de areia e com a água muito
escassa. De preferência, todos devem chegar lá com vida. Ninguém pretende
conhecer Valhalla por mais que... I live, I die, I live again.
No
meio disso tudo, temos cenas ALUCINANTES de perseguição, carros maneiros
(adorei o do porco-espinho e o do guitarrista) e personagens esquisitos e cheios
de deformações. Nesse desfile, “Mad Max” ganha nota 10 em alegorias e adereços
e em fantasias. Além da primeira cena, destaque para outra no meio de uma
tempestade de areia.
“Mad
Max” é um filme puramente de ação e com pouquíssimos diálogos. Logo,
ecologicamente correto, pois não imprimiram mais do que cinco páginas por
pessoa para entregar o roteiro. Miller deixa que as imagens e os olhares falem
por si só e você vê poucas vezes tanto Hardy quanto Charlize dizendo algumas
palavras. O resultado final disso tudo é pura diversão. Para ser perfeito, só
faltou mesmo uma participação especial de Mel Gibson. E a Tina Turner cantando “We don’t need another hero”.
Tomara que pelo menos
o Mel Gibson apareça no próximo filme (alguém duvida que teremos uma
sequência?). Enquanto ele não vem, a corneta dará uma nota 9 para "Mad Max
- Estrada da Fúria".
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