'Sicário', o melhor filme de 2015 |
Sim, leitores de Memórias da
Alcova, chegamos ao último dia do ano e, junto com ele, temos que listar os
melhores e, claro, os piores filmes de 2015. É o momento da famosa premiação
“Corneta Awards”. A regra aqui é clara: Todo e qualquer filme que estreou no
Brasil entre 1º de janeiro e 30 de dezembro, também conhecido como ontem, está
apto a entrar na lista. Os que passaram no crivo vão para o top-10. Os que
fracassaram na cotação da corneta, vão para o top-5 do mal. Além disso, temos
as premiações individuais com categorias marotas, salientes e malemolentes.
Sem mais delongas, comecemos
pelos melhores e piores filmes de 2015. Sempre numa ordem de ranking porque
listas e rankings são polêmicas e alimentam discussões de bar e de ceias de
réveillon.
OS
MELHORES FILMES
Como
todo ano, chegar ao top-10 foi um trabalho árduo. Vinte e dois filmes ficaram
na pré-lista da corneta. Logo, 12 deles precisaram ser cortados. Ficaram de
fora, bons trabalhos como “Acima das nuvens”, “O jogo da imitação”, “Perdido em
Marte” ou “Para sempre Alice”. Além de outros muito divertidos como “Kingsman:
Serviço secreto”. Também foi com dor no coração que eu cortei da lista final
“45 anos”, “Labirinto de mentiras”, o novo do Ken Loach, “Jimmy’s Hall”, e a
estreia de Mélanie Laurent na direção com “Respire”, todos excelentes
trabalhos. Sem contar “Aliança do crime”, um ótimo filme como Johnny Depp não
fazia há muito tempo, o chileno “O clube” e o espanhol “Pecados antigos, longas
sombras”. Todos ganham a menção honrosa.
Feitas
estas ressalvas, vamos ao top-10 da corneta.
10º
lugar – “O cidadão do ano” – Na ausência de um Tarantino neste ano, o diretor
Hans Petter Moland fez a sua história particular de vingança estrelada por
Stellan Skarsgard. Apesar do sangue jorrando pela tela, o filme norueguês é divertidíssimo, no melhor estilo do diretor americano que volta aos cinemas na
semana que vem com “Os oito odiados”.
O drama turco 'Winter Sleep' entrou na lista |
9º
lugar – “Winter Sleep” – Sim é um filme turco. Sim, é um filme turco de três
horas de duração. Mas é um excelente filme que aborda questões éticas,
filosóficas e morais dentro de uma comunidade turca na Anatólia. Dê uma chance.
A corneta “agarante”.
8º
lugar – “O julgamento de Viviane Amsalem” – O “Corneta Awards” este ano está
bem eclético. Este filme é israelense e dirigido por Ronit e Sholomi Elkabetz.
É a história de uma mulher que deseja se separar do marido, mas
sofre por anos para conseguir isso, pois ele não quer dar o divórcio, ao mesmo
tempo em que têm o apoio de uma cultura machista e um rabino que privilegia a
visão do homem na questão. Aos poucos, os diretores vão revelando as camadas da
complexidade de um casamento falido, ao mesmo tempo em que expõe tudo com muita
delicadeza. Ronit também é a atriz que faz Viviane e tem uma atuação excelente.
'Timbuktu: da Mauritânia para o top-10 |
7º
lugar – “Timbuktu” – O filme dirigido por Abderrahmane Sissako foi o indicado
da Mauritânia ao Oscar de filme estrangeiro. É um excelente trabalho sobre a
atuação de jihadistas em uma comunidade no Mali impondo regras e o terror à
população usando a lei islâmica como pretexto.
6º
lugar – “Adeus à linguagem” – Ter um Jean-Luc Godard no top-10 é um luxo. E aos
85 anos, o diretor franco-suíço ainda consegue ser completamente diferente e
inovador ao filmar pela primeira vez em 3D. Godard não está nesta lista apenas
por ser um nome genial da história do cinema. Seu “Adeus à linguagem” é uma
experiência sensorial única dentro de uma história filmada ao seu estilo sobre
um casal em crise. Godard conseguiu fazer um 3D que vale a pena de ser visto,
ao contrário de muita picaretagem que vemos por aí.
É muito amor á bateria |
5º
lugar – “Whiplash – em busca da perfeição” – Isto é uma obra única, amigos. O
trabalho de Damien Chazelle vencedor de três Oscar é um filmaço sobre um rapaz
que deseja obsessivamente ser o melhor baterista de jazz dos Estados Unidos, ao
mesmo tempo em que lida com um professor que o faz ultrapassar todos os limites
possíveis. Grande filme e um excelente trabalho da dupla principal, Miles Teller e
J.K. Simmons. Este último merecidamente ganhou um Oscar de ator coadjuvante.
4º
lugar – “Birdman” – Em meio a tantos filmes de super-heróis, Alejandro González
Iñarritu nos deu um filmaço sobre um ator fracassado que tenta ser levado a
sério no teatro anos depois de ficar famoso vivendo um herói dos quadrinhos no
cinema. “Birdman” talvez seja a melhor atuação de Michael Keaton na carreira.
Além disso, tem uma trilha sonora fantástica só com solos de bateria e um
esquema de plano-sequências extremamente interessante. O trabalho venceu quatro
Oscar, entre eles os de melhor roteiro, direção e filme.
Max esteve numa enrascada |
3º
lugar – “Mad Max – Estrada da Fúria” – Num ano de tantos retornos de velhas
franquias do passado (Missão Impossível, James Bond, Star Wars, etc...), George
Miller voltou quebrando tudo com o seu “Mad Max”. Com Tom Hardy no papel que
outrora foi de Mel Gibson, o trabalho de Miller se destaca pelas
excelentes cenas de perseguição e pela presença HIPNÓTICA de Charlize Theron no
papel de Furiosa, a grande heróina do filme que fala sobre um futuro
apocalíptico onde as pessoas brigam por um bem preciosíssimo: água. “Mad Max –Estrada da Fúria” é um filme-pipoca da mais alta qualidade. Tanto que andou vencendo prêmios nos EUA onde filmes de ação não costuma aparecer.
'O ano mais violento': filmaço |
2º
lugar – “O ano mais violento” – Com apenas 42 anos, o diretor J.C. Chandor já
tem bons serviços prestados ao cinema. Fez o excelente “Margin Call”, décimo lugar no Best Of de 2011, e o bom “Até o fim”, sobre um navegador vivido por
Robert Redford que têm que sobreviver sozinho às intempéries do Oceano Pacífico. “O ano
mais violento” é uma história estrelada por Oscar Isaac e Jessica
Chastain. O filme se passa em Nova York na década de 80 e conta a saga de um
imigrante vivido por Isaac e sua esposa, que tentam prosperar nos negócios, mas
não conseguem escapar da corrupção, decadência e brutalidade que dominam a
região em que vivem.
Emily comeu o pão que o diabo amassou |
1º
lugar – “Sicário – terra de ninguém” – Excelente trabalho de Denis Villeneuve,
diretor de “Incêndios”. Estrelado por Benicio Del Toro, Josh Brolin e Emily
Blunt, o filme fala sobre a caçada americana para tentar destruir o violento
cartel de drogas mexicano, que exporta quilos e mais quilos de cocaína e outras
drogas para os Estados Unidos anualmente. É uma história violenta, dura,
pessimista, mas cruelmente real ao retratar a brutalidade do cartel mexicano
que vive na fronteira e as medidas nada ortodoxas dos americanos para lidar com
os bandidos. É daqueles filmes sem mocinhos ou bandidos. Todos têm alguma culpa
no cartório. Ótimo filme que merecidamente ganha o prêmio de melhor do ano
da Corneta.
PIORES
FILMES:
Depois
das flores, a hora dos espinhos. Vamos para as cinco maiores bombas de 2015.
5º
lugar – “Caminhos da Floresta” – Junte todos os contos de fada, dê uma
chacoalhada e transforme num musical. Isso é “Caminhos da Floresta”, um dos
filmes mais PAVOROSOS de 2015. Talvez só Anna Kendrick e Meryl Streep se salvam
dessa tragédia.
'Quarteto fantástico': vergonha alheia |
4º
lugar - “Quarteto Fantástico” – Existe uma caveira de burro enterrada nos sets
de filmagem de todo filme do Quarteto Fantástico, uma história em quadrinhos
tão legal que só gera filme ruim. Esta é a terceira bomba já feita sobre o
grupo. Realmente Hollywood não consegue acertar quando se trata de Red
Richards, Sue e Johnny Storm e Ben Grimm.
3º
lugar – “Cinquenta tons de cinza” – Esta é uma das grandes vergonhas de 2015.
Como se não bastasse o roteiro ruim, a história pífia e as atuações
constrangedoras, este “Sabrina” com raio gourmetizador ainda iludiu o mundo
naquilo que prometia mais. Sim amigos, Dakota Johnson usou um dublê de corpo.
2º
lugar – “Olhos da Justiça” – “O secreto dos seus olhos”, o filme argentino de
Juan José Campanella, foi eleito pelo “Corneta Awards” o melhor filme de 2010.
Era um filmaço. Esta versão americana é PÍFIA e um desperdício absoluto de
talentos (Julia Roberts, Nicole Kidman, Chiwetel Ejiofor, etc...). Fica a
pergunta: Por que refilmar uma história que já era excelente? Só para ter
alguém falando em inglês? Patético.
Defina constrangimento |
1º
lugar – “Sexo, amor e terapia” – Uma verdadeira afronta ao tradicional cinema
francês, “Sexo, amor e terapia” quebrou todos os paradigmas de ruindade em
2015. Uma história horrorosa, personagens toscos, roteiro patético e um
desperdício de talentos como Sophie Marceu e Patrick Bruel. O filme é um strike
de coisas horríveis. Passe longe. Não veja na TV, não faça download. É o
primeiro filme nota zero da história da corneta. Esqueça dele e terás uma vida
próspera.
MAIS
PRÊMIOS DA CORNETA:
Troféu
decepção de 2015 – Era grande a expectativa pelo final de “Jogos Vorazes”, mas
a segunda parte do tomo “A esperança” revelou-se um fracasso. No fim, o cinema
mudou coisas fundamentais do livro e o transformou num grande conto de fadas.
Faltou ousadia e alegria para fazer um verdadeiro clássico.
O
herói do ano – Harry Hart (Colin Firth), o herói de “Kingsman” teve seus
momentos incríveis, enquanto Ethan Hunt
(Tom Cruise em “Missão Impossível: Nação Secreta”) é sempre um candidato, mas o
ano, amigos, é de Bond, James Bond. Num dos melhores filmes da série, “Spectre”,
007 voltou na pele de Daniel Craig para salvar o mundo, tomar martinis e transar
com Bond Girls como manda o figurino. Tudo sem amarrotar o terno. É novamente
um herói de classe como os fãs gostam.
Blofeld, o arqui-inimigo de Bond |
O vilão
do ano – Também de “Spectre” sai o vilão de 2015. Ernst Stavro Blofeld
(Christoph Waltz) voltou para atazanar a vida de Bond e para a alegria dos fãs
da série. Waltz ainda promete aprontar muito na série.
O retorno
do ano – Num ano de muitos retornos de séries clássicas (007, Missão
Impossível, Mad Max), acho que nada foi mais esperado do que a volta de “Star Wars”. E o novo filme, “O despertar da força” não decepcionou. J.J. Abrams nos
entregou um filme de fã para fã e que abre uma série de possibilidades para o
futuro. Defintivamente,
“Star Wars” ganha o troféu “Comeback of the year”.
No filme não vale nada, mas gostamos de você |
A
musa de 2015 – Esta é das categorias mais importantes do “Corneta Awards”. E
pela primeira vez na história teremos uma bicampeã. Vencedora do troféu em 2012, Jessica Chastain leva novamente o prêmio pelo conjunto da obra em dois
filmes de 2015: “O ano mais violento”, quando fez uma trambiqueira, maior 171,
mas que amamos, e “Perdido em Marte”, quando ela era uma nobre capitã da
espaçonave que resgata Matt Damon do planeta vermelho. Impossível resistir a
essa ruiva, que agora carrega o seu segundo troféu de musa para casa. E
relembrando todas as campeãs até aqui: Sharon Stone (2006), Eva Mendes (2007),
Penélope Cruz (2008), Kate Winslet (2009), Anna Mouglalis (2010), Cecile de
France (2011), Jessica Chastain (2012), Melanie Laurent (2013) e Eva Green
(2014).
A melhor
cena de sexo – “Love” é um filme muito ruim, bem ruim, mas o trabalho de Gaspar
Noé ficou famosinho por duas coisas: muito sexo e tudo isso feito em 3D.
Fiquemos então com um ménage clássico entre os três personagens principais para que este
filme não saia de mãos abanando de 2015.
A melhor
cena de briga – Nada, absolutamente NADA, supera a cena da igreja protagonizada
por Colin Firth em “Kingsman: Serviço Secreto”. Coisa de obra-prima. (VEJA AQUI)
O
filme Sessão da Tarde do ano – Divertido como um velho filme de espião dos anos
60, “O agente da U.N.C.L.E” é daqueles filmes tão leves e legais que merecia
ter um segundo. De preferência com uma participação maior de Hugh Grant, que
esteve impagável no pouco tempo que apareceu.
A
cena mais absurda – Bem que Liam Neeson tentou levar esse prêmio ao parar um
avião que estava decolando jogando um Porsche contra o trem de pouso da aeronave
em “Busca Implacável 3”, mas nada supera a picaretagem de um carro atravessando
DE UM PRÉDIO GIGANTESCO PARA O OUTRO em Dubai de “Velozes & Furiosos 7”. É a
cena mais absurda de um filme cheio de loucuras. Uma divertida obra picareta. (VEJA AQUI)
Os melhores
roteiros – Top-5 de 2015: “Whiplash – em busca da perfeição”, “Birdman”, “O ano
mais violento”, “O Clube” e “Sicário”.
Os piores
roteiros - O top-5 do mal: “Sexo, amor e terapia”, “Love”, “Quarteto Fantástico”,
“Cinquenta tons de cinza” e “Chappie”.
'Adeus à linguagem', filmaço de Godard |
O
filme francês do ano – “Samba” merece uma menção honrosa, mas pelos motivos
expostos no top-10, “Adeus à linguagem” é o filme francês de 2015.
O filme
argentino do ano – Pablo Trapero nos deu o bom “O Clã”, que conta a história de
uma família que ganhava a vida fazendo sequestros durante a ditadura argentina.
Tem um plano-sequência em uma cena do jantar que é maravilhoso.
O
filme brasileiro do ano – Talvez seja a grande injustiça do “Corneta Awards –
2015”. Como não consegui ver “Que horas ela volta?”, o filme não poderá ser
votado. Mas acho que o documentário “Chico Buarque: artista brasileiro” está
bem representando aqui.
O
filme de quadrinhos do ano – Nem Marvel, nem DC. O prêmio deste ano ficará com “Kingsman:
Serviço secreto”, filme baseado nos quadrinhos de Mark Millar. Foi um dos mais
divertidos de 2015.
O
filme-pipoca do ano – Perdão “Star Wars”, perdão 007, perdão “Missão Impossível”,
mas o grande filme-pipoca de 2015 é “Mad Max – Estrada da Fúria”.
O melhor
filme ruim – Você ainda não viu “O sétimo filho”? Não sabes o que está
perdendo. Tem Jeff Bridges canastrão, tem Julianne Moore fazendo uma bruxa e
tem uma história de amor estilo Romeu e Julieta, com a diferença que os
protagonistas não morrem. É tosco, mas é divertido.
Os melhores
diretores – Damien Chazelle (“Whiplash – em busca da perfeição”), Alejandro
Gonzalez Iñarritu (“Birdman”), Jean-Luc Godard (“Adeus à linguagem”),
Denis Villeneuve (“Sicário”) e, claro, George Miller (“Mad Max – Estrada da
Fúria”).
Os piores diretores – Billy Ray (“Olhos
da Justiça”), Gaspar Noé (“Love”), Sam Taylor-Johnson (“Cinquenta tons de cinza”),
Neil Blomkamp (“Chappie”) e Tonie Marshall (“Sexo, amor e terapia”).
Melhores atuações masculinas –
Johnny Depp (“Aliança do crime”), J.K. Simmons (“Whiplash”), Eddie Redmayne (“A
teoria de tudo”), Oscar Isaac (“O ano mais violento”) e Mark Rylance (“Ponte
dos Espiões”).
Piores atuações masculinas –
Patrick Bruel (“Sexo, amor e terapia”), Hugh Jackman (“Chappie”), Collin Farrel
(“Miss Julie”), Chris Pratt (“Jurassic World”) e Miles Teller (“Quarteto Fantástico”).
Marion Cotillard no filme dos Dardenne |
Melhores atuações femininas – Charlotte
Rampling (“45 anos”), Emily Blunt (“Sicário”), Helen Mirren (“A dama dourada”),
Amy Adams (“Grandes Olhos”) e Marion Cotillard (“Dois dias, uma noite”).
Piores atuações femininas – Dakota
Johnson (“Cinquenta tons de cinza”), Bryce Dallas Howard (“Jurassic World”),
Sophie Marceu (“Sexo, amor e terapia”), Kate Mara (“Quarteto Fantástico”) e
Aomi Muyock (“Love”).
E assim termina o Best Of 2015. É claro que ano que vem continuarei cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo para todos os que me aturaram neste ano. Em 2016 tem mais.
E assim termina o Best Of 2015. É claro que ano que vem continuarei cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo para todos os que me aturaram neste ano. Em 2016 tem mais.
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