Meu Deus, Eva Green! |
Muitos
atores ficam conhecidos por repetir um mesmo tipo de personagem. Mas Bruce
Willis é um dos poucos, senão o único, que pode bater no peito e dizer que
trabalhou em dois filmes nos quais fez o papel de um fantasma sofrido que
perdeu a mulher amada.
Infelizmente
para ele, em "Sin City - a dama fatal", não tem nenhum garotinho
dizendo que vê pessoas mortas para distraí-lo. Aqui, Bruce só fala sozinho,
olhando a Jessica Alba rebolar no palco de uma birosca para ganhar a vida. Pois
não é fácil a vida em Sin City, o lugar no futuro onde Christopher Lloyd foi
parar.
-
Mas ele não estava morto? – perguntou um espectador ao colega na cadeira ao
lado.
Claro
que não, amigo. Está feliz e trabalhando bastante aos 76 anos. Só andava meio
sumido do mainstream. Morto mesmo está Hartigan, o personagem de Bruce.
"Sin
City" se passa quatro anos depois dos eventos do primeiro filme, quando o
detetive Hartigan faz uma plástica no filho do poderoso senador Roark (Powers
Boothe) e em seguida tira a própria vida.
Agora
novos personagens surgem e velhos conhecidos reaparecem. Mas a trama de ódio e
vingança numa cidade fétida tomada pelo pecado, a promiscuidade e a
criminalidade é a mesma (calma, Sin City não é inspirado em conhecidas cidades
brasileiras). Além daquela clima meio poser de personagens narrando suas
histórias com jeitão de Cid Moreira recitando "A sangue frio". É
maneiro.
Entre
os velhos conhecidos está Marv, o vilão-herói vivido brilhantemente por Mickey
Rourke. Sempre pronto para uma boa briga, Marv agora é o bonzinho da parada. E
em Sin City isso significa que ele é o menos pior e só está ajudando Nancy, a
mocinha vivida por Jessica Alba, a conseguir alguma ação para mexer as velhas
juntas e o traseiro gordo. E o que Nancy deseja? Matar Roark, o senador que não
pode descer para o play porque não sabe brincar no pôquer.
Esta
é a história principal do filme conduzido por Frank Miller, o rapaz responsável
pelos quadrinhos que geraram a película, e Robert Rodriguez, o texano doidão
que fez aquele projeto “Grindhouse” (2007) com o Tarantino. E "Sin City
2", inclusive, tem muito de “Planeta Terror”, mas sempre naquela estética
noir-hipster do primeiro filme.
Mas
não esqueçamos que o subtítulo é “a dama fatal". Isso pressupõe que exista
essa personagem que enlouqueça a todos dentro e fora da tela, a ponto de você
desejar que ela se inspire em “A rosa púrpura do Cairo” (1985) e saia da tela
para se declarar para você. Esta mulher tem nome, sobrenome e provavelmente até
codinome: Eva Green.
Tudo
o que eu posso dizer sobre a participação de Eva Green no filme é: MEU DEUS DO
CÉU. Esta Brigitte Bardot do século XXI surge em todo o seu, digamos, esplendor
no papel de Ava. Você sabe desde o início que Ava vale menos do que uma nota de
R$ 3, mas é impossível resistir a ela. É como Marv diz para Dwight (Josh
Brolin): “Por uma mulher dessas, se mata”. Mas é claro que eu estou falando dos
hipnotizantes olhos verdes dela.
Ava
é uma viúva negra. Semeia a tragédia e suga a alma dos homens que toca. Todos
são apenas escadas para a sua chegada ao poder. Só que você está em Sin City e,
bem, vocês sabem como essas coisas podem acabar.
É
uma pena que com tantos personagens interessantes, “A dama fatal” não seja nem
de longe tão legal quanto o primeiro filme. Pode parecer estranho sabendo que
quem pilotou o filme foi Frank Miller, mas os diálogos são tão pouco inspirados
que nem parecem dele — e com isso a história não decola.
É
tudo muito bonito, mas falta um pouco de conteúdo. Parece aqueles filmes de
sequência do Jerry Bruckheimer ou do Michael Bay. O primeiro deu certo? Aplique
doses cavalares da mesma fórmula no segundo. Aí o bolo ficou todo solado.
Sabendo que não dará
uma volta com as mulheres assassinas da cidade velha de Sin City, a corneta
será implacável na nota. Pesando os prós e os contras, o fator diversão de uma
sexta-feira à noite e apesar da presença marcante de Eva Green, “Sin City: a
dama fatal” ganhará uma nota 5,5.
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