Seymour Hoffman, perfeito no papel |
Certos
filmes nos oferecem algumas reflexões. Momentos em que devemos pensar sobre que
atitude tomar diante de determinadas situações. A reflexão que “O homem mais
procurado” nos oferece é: devemos confiar nos americanos?
Ok,
os americanos já salvaram o mundo incontáveis vezes. Seja com exércitos de um
homem só como Rambo ou John McClaine, seja com grupos de heróis como os
Vingadores. Ou até o presidente dos Estados Unidos! (Ah, “Independence Day”..).
Eu só tenho pena do prefeito de Nova York, que gasta toneladas de dinheiro do
orçamento para reconstruir a cidade a cada ameaça que surge.
Mas
a pergunta que fica é: devemos confiar nos americanos? Principalmente se eles
são chefiados por Claire Underwood (Robin Wright)? Quem vê “House of Cards”
sabe que por trás daqueles olhos azuis existe uma mulher que vai te devorar
vivo. E não será legal. Claire, você está com os cabelos escuros e exibindo o
nome de Martha Sullivan no crachá da CIA, mas você não me engana. É com essa
questão que o protagonista do filme terá que lidar.
"O
homem mais procurado" é a nona adaptação para o cinema de um livro de John
Lee Carré. Os livros do escritor inglês quase sempre dão bons filmes. O ultimo
deles foi "O espião que sabia demais" (2011), um filmaço com Gary
Oldman e Colin Firth.
Lee
Carré é um adepto da espionagem roots. Gosta de uma história em que a ação está
nos diálogos, no trabalho de formiguinha de agentes secretos que não fazem
barulho e atuam nas sombras. Ele traz a espionagem para a vida real. Esqueça os
filmes de James Bond, onde o agente secreto é um super-herói que salva o mundo
sem amassar o terno. E ainda fica com todas as mulheres. Aqui os personagens
são imperfeitos e a ação acontece quase sempre na moita, enquanto você vai na
padaria. O jogo sujo é feito por baixo dos panos.
Transposto
para as telas, as obras do escritor resultam em filmes intrincados, tensos e
com personagens soturnos. Enfim, a vida de espião não é glamorosa e está cheio
de gente querendo te dar bola nas costas.
"O
homem mais procurado" é uma história de pescador. Gunther Bachmann (Philip
Seymour Hoffman em um dos seus últimos trabalhos. Que triste perder um ator
espetacular como ele), quer pescar um tubarão do terrorismo internacional. Ele
é um empreendedor da espionagem. Faz concessões com peixes menores e limpa as
arestas, para focar no que realmente interessa: pegar os grandes financiadores
do terrorismo do planeta e tornar o mundo um lugar melhor (risos, por favor).
Com
sua voz rouca e olhar desiludido da vida, Bachmann vai gastar três ou quatro
bebidas e dúzias de cigarros arquitetando o seu plano de pescar o peixe grande
com suas histórias. Mas, enfim, o mundo da espionagem não é uma equação
matemática simples. Eu tenho a sensação que Bachmann poderia pensar: "Às
vezes eu gostaria de ser James Bond". Não está fácil para ninguém, amigo.
Dirigido por Anton
Corbijin (do muito bom “O homem misterioso”, um dos trabalhos em que George
Clooney é menos George Clooney), "O homem mais procurado" é mais um
prazeroso filme da safra Lee Carré. A corneta deixou o cinema desiludida do
mundo e refletindo sobre a pergunta do início do texto. Devemos confiar nos
americanos? Veja o filme e tire as suas próprias conclusões. Mas ela também
saiu satisfeita com o que viu na tela. Por isso que “O homem mais procurado”
vai ganhar uma nota 8.
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