sábado, 5 de janeiro de 2008

No tempo do lampião

Certamente deve existir uma estatística (há uma para tudo neste planeta) relacionando o número de mortes por problemas do coração/stress e o avanço da nossa dependência dos cada vez mais rapidamente modernos equipamentos eletrônicos. Com sua dubiedade mortal, ligada tanto ao sagrado quanto ao profano, a incorporação deles aos hábitos humanos deve ter gerado um considerável aumento de óbitos.

Analisemos bem. Você hoje baixa música em MP3 no seu computador para ouvir no Ipod ou tocar no seu celular, que tem rádio, câmera fotográfica, filmadora, acesso à internet e, de vez em quando, você até usa para telefonar. As fotos e os vídeos feitos através do celular são tratadas e ou manipuladas em avançados programas encontrados no seu computador.

Com o aparelho ou o laptop, voce entra na internet e tem acesso ao mundo inteiro em alguns cliques. É através dessa teia de informações que você conversa com o amigo de hoje no MSN, descobre o de ontem no Orkut ou no MySpace, publica suas idéias - ou a falta delas - num blog, seus vídeos no Youtube, checa seus e-mails, etc...

Ufa... e eu nem citei o aparelho de DVD que é usado para ver os vídeos que você armazenou num disquinho depois de transpor do videocassete as suas fitas ultrapassadas. Tudo feito no computador, mas porque o DVD que grava ainda é muito caro e, por isso, de difícil acesso para a maior parte da população. Reparou como tudo está interligado?

E novas mudanças são apontadas no horizonte. Ou seja, nós humanos, demasiado humanos, ficamos dependentes/viciados na tecnologia. É aí que surge a pergunta: E quando uma peça dessa engrenagem se rompe? Sendo mais claro, e quando algum aparelho quebra? É o caos. Eis que surgem as mortes por infarto, tentativas de suicídio e outras situações menos cotadas.

Não cheguei a tanto (ainda), afinal estou aqui escrevendo (e só Deus sabe o sacrifício que foi), mas foi quase desesperador ver o meu computador pifar e não poder fazer nada. Me deixou fortemente irritado também. É a dependência tecnológica que sempre evitei, mas que com o desejo de fazer um blog cada vez melhor e com mais coisas originais, me faz ficar cada vez mais envolto nesta teia perversa.

Resta saber se me manterei vivo a cada momento que uma peça da engrenagem se romper. Felizes eram os habitantes da Terra no século XIX. Não tinham nada daquilo que listei acima e nem energia elétrica. A maior diversão estava em apreciar uma boa e seleta literatura antes de dormir tendo a instável luz do lampião como testemunha. Eram mais felizes e certamente não tinham problemas do coração.

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Em tempo. A máquina quebrada me impediu de publicar no dia 31 o - por que não? - já tradicional "Best Of" de 2007. Já pedindo desculpas pelos problemas, prometo daqui a alguns dias, assim que o computador ficar bom (espero), publicar o texto. Não posso decepcionar meus oito leitores.

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