Gary Oldman perfeito como Churchill |
Eis o desafio
que a Corneta lhes impõe. Já que TODO mundo nos últimos anos resolveu abordar
mais ou menos os mesmos assuntos, vamos organizar este super filme sobre a
Inglaterra durante a Segunda Guerra ficar bonito. Para essa receita dar certo
precisaremos de três computadores (ou três TVs com DVDs, depende de como vocês
se sentem mais à vontade). No primeiro, vocês começam o aquecimento vendo “O
discurso do rei” (2010). Na sequência, vejam “O destino de uma nação”, este
novo filme de Joe Wright ora em cartaz.
Quando o covarde e mané do Halifax (Stephen
Dillane) começar a desafiar o Churchill (Gary Oldman está simplesmente
maravilhoso no papel), vocês pegam o segundo computador e vejam o sexto
episódio da segunda temporada de “The Crown”, aquele mesmo que fala no que a
Inglaterra se transformaria se a Alemanha tivesse vencido a guerra e fala da
aliança do ex-rei Edward, o traidor safado, com Hitler.
Faltando mais ou menos 40 minutos para o fim
de “O destino de uma nação”, quando a operação Dínamo estiver prestes a ser
anunciada, vocês pegam o maravilhoso “Dunkirk”, de Christopher Nolan, e dão
play no terceiro computador. Ao fim de “Dunkirk”, entrem com “Churchill” (2017)
e arrematem com a primeira temporada de “The Crown”, para acompanharmos a
decadência de Churchill (por sinal, um John Litgow igualmente muito bem).
É fato que um dia farei isso. Para quem já viu
“O mágico de Oz” (1939) ouvindo “Darkside of the moon” (1973), do Pink Floyd,
isso é só mais um desafio.
Feita esta receita de molho inglês, o que
podemos dizer sobre “O destino de uma nação”? É um filme feito para o talento
de Gary Oldman ser finalmente recompensado com um Oscar. E lembremos que esse
ator incrível NUNCA ganhou um careca dourado. Será que depois de faturar o
Globo de Ouro, Churchill vai lhe dar um Oscar? Gary devia emular o trecho do
discurso mais emocionante do filme e gritar: “We should fight! We should never
surrender!”
O problema é que nessa categoria ainda temos o
Daniel Day-Lewis, que já anunciou a sua aposentadoria após “Trama Fantasma”. Aí
complica. Não sei para quem torcer!
(E ATENÇÃO, TEMOS AGORA SANGUE, SUOR, LÁGRIMAS
E SPOILERS).
O filme todo gira em torno de Churchill. Sua
indesejada ascensão ao cargo de primeiro-ministro inglês, sua batalha dentro do
gabinete de guerra contra qualquer proposta de paz com Hitler (esses caras estavam
LOUCOS), o jeito como ele tem que vencer a desconfiança até do Rei George VI -
aquele mesmo, o gago, pai de Lilibeth (já tenho intimidade com a rainha) - e
manter a Inglaterra “in good spirit” para continuar lutando contra os
nazistas...
Gary Oldman está muito bem num papel que no
cinema e na TV já foi vivido por inacreditáveis 63 atores. E eu achando que o
Batman já teve atores demais. Diante disso tudo, não tem muito o que fazer. É
repetir aquele ar carrancudo, o jeito um tanto convencido e petulante, o andar
curvado e... fumar e beber em escala industrial.
“O destino de uma nação” talvez só peque em
colocar Churchill num pedestal quase divino como o herói incontestável que luta
contra tudo e contra todos para liderar uma Europa quase esmagada pelo exército
nazista numa virada digna de um Vasco x Palmeiras na final da Mercosul de 2000.
Ok, tudo bem que o Churchill foi quase um Romário do seu tempo, mas calma aí.
No filme, o cara vira um super-herói com o poder da oratória que convence a
todos como se fosse uma sereia cantando para os piratas. Até o Rei George fica
bo-bo-bo-bolado. Bom, mas não podíamos esperar algo diferente de um filme
inglês.
Por outro lado, como não querer ir para a
batalha depois do discurso no final do filme? Se juntar aquelas palavras de
Churchill com “The Trooper”, do Iron Maiden, eu embarco para Dunkirk amanhã.
Cotação da Corneta: nota 7.
Indicações ao careca dourado: Melhor filme,
ator (Gary Oldman), maquiagem e cabelo, fotografia, design de produção e
figurino.
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