Você sabia que tinha essa irmã raivosa, Thor? |
A Corneta
abandonou o gerúndio, mas jamais deixou de lado a língua afiada. E ela voltou
em sua versão internacional para contar um segredo sobre “Thor: Ragnarok”: toda
vez que toca a música do Led Zeppelin vem uma cena muito maneira. Então,
prestem atenção. Quando o Robert Plant vem com aqueles versos “Valhalla I am
coming”, podes crer que o Thor (Chris Hemsworth) vai nos entregar uma
pancadaria digna do Deus do Trovão.
Mas “Thor: Ragnarok” não se resume a isso.
Podemos dizer que este é o melhor dos três filmes do herói que me fez amar a
mesóclise e as segundas pessoas do singular e do plural. Sim, pois muito antes
dele virar um fanfarrão nas mãos dos diretores de cinema, Thor era um cara....
bom ele era um pouco fanfarrão também nos quadrinhos, mas tinha um tom solene
na voz. Tinha uma vibe de deus no meio dos mortais. O que era justamente o que
ele era.
Mas ser o melhor filme não significa grande
coisa, é verdade. Embora eu goste bastante do primeiro filme com sua pegada
shakespeariana, entendo que ele não caiu exatamente nas graças de público e
crítica.
Na terceira aventura, a que narra os
acontecimentos da profecia do RAGNAROK, toda a mitologia do Thor entra na
fórmula do cinema da Marvel: aventura, piadinhas, algumas boas cenas de combate
e um vilão que basicamente quer destruir tudo isso que está aí e, de quebra,
dominar o mundo. No caso, Asgard.
Tratar com humor a mitologia nórdica talvez
até seja melhor opção, visto que todas as vezes que os americanos meteram as
mãos em mitologia ou qualquer coisa sobre o tempo antes de Cristo pareceu tão
ridículo quanto novelas da Record. Quem não lembra de “Tróia” (2004),
“Alexandre” (2004), “Deuses do Egito” (2016) e outras pérolas de Hollywood?
Mas a pergunta que fica da Corneta é:
precisava tratar o Thor com aquele humor físico misto de Jerry Lewis com
Trapalhões? Só faltou torta na cara.
“Ragnarok” começa com uma nota triste. Odin
(Anthony Hopkins) está partindo para Valhalla e não há nada que Thor e Loki
(Tom Hiddleston, sempre maravilhoso neste papel) possam fazer. O problema é que
quando um deus vira deus (imagino que depois da morte, ele vire uma divindade
eterna, né), sempre tem complicações. Tipo, a saída de cena de Odin libera um
monstro. Um belíssimo monstro, sem dúvida, a quem eu me curvaria sem pestanejar.
Estamos falando de Cate Blanchett. Quer dizer,
de Hela, a poderosíssima emo fã de Linkin Park DEUSA DA MORTE. Como primogênita
de Odin, Hela reclama o trono de ferro (e ouro) de Asgard. E o que as quatro
temporadas de “Vikings” nos ensinou é que quando alguém reclama o trono, sai de
baixo porque cabeças rolarão e sangue será jorrado em cachoeiras.
Hela quer escravizar, possuir, dominar. Hela é
o Christian Grey e quer transformar o universo no seu grande quarto vermelho.
Começando por Asgard.
Claro que o Thor terá que impedir isso. Pois é
isso que os heróis fazem. O problema é que antes ele precisa passar por uma
longa e quase enfadonha viagem pelo planeta Sakkar, espécie de Capital perdida
de “Jogos Vorazes”, onde lutará com o Hulk e terá uma DR (soooono) com o
monstro verde e o Bruce Banner (Mark Ruffalo). Ah, ele também vai recrutar a
última Valquíria (Tessa Thompson) sobrevivente da guerra contra Hela. Uma
Valquíria alcoólatra, mas nada que alguém que tenha convivido com Tony Stark
não possa lidar.
Mesmo sem o seu inseparável martelo Thor salva
o dia (isso não é spoiler, pois os filmes da Marvel são previsíveis) e prepara
o seu povo para colonizar um espacinho da Noruega em Midgard (a Terra para os
asgardianos). Será que os noruegueses vão receber bem essa leva enorme de
imigrantes? Por muito menos, tem gente na Europa gritando. Mas esta é uma
resposta que só teremos no próximo Thor. Ou talvez em “Guerra Infinita”, onde o
bicho promete pegar feroz.
Antes de ir embora, duas coisas:
1- A cena com o Doutor Estranho é uma das
minhas favoritas.
2- Repararam na participação especial do Matt Damon?
Cotação
da Corneta: nota 7.
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