O Muse no HSBC Arena/Marcelo Alves |
Teignmouth é uma cidadezinha de pouco
mais de 15 mil habitantes (tipo um Moça Bonita lotado) que não tem nada e cuja
temperatura no verão não ultrapassa os 20 graus. Diante deste cenário
complicado, o que o jovem Matthew Bellamy podia fazer a não ser estudar
guitarra? E piano? E muito. Foi o que ele começou a fazer aos 6 anos, quando a
sua família se mudou de Cambridge para a cidade que fica em Devon.
Só pode ter sido assim que ele se
aperfeiçoou e virou um guitarrista abusadinho que usa a técnica do two hands
logo na segunda música de um show para mostrar que estudar é tudo e dá retorno
nesta vida.
Foi em Teignmouth que Bellamy
conheceu o baixista Christopher Wolstenholme e o baterista Dominic Howard.
Pintou um clima e eles formaram o Muse. Décadas depois, a banda aterrissou no
Brasil para mais um show no Rio após a explosiva apresentação no Rock in Rio de
dois anos atrás.
Além do two hands, Bellamy não
economiza nas distorções, trabalha ali naquelas casas da guitarra onde o som
sai o mais agudo possível e pedala como um ciclista (não vamos falar de
política, é um tema delicado e eu quero manter meus 17 leitores).
Para não ficar atrás do baixinho
descrito pelo Wikipédia como um "tenor de ampla gama vocal" (quanta
moral), Wolstenhome exibe uma coleção de baixos invocados com luzinhas
vermelhas, brancas e verdes. É, amigos, não é apenas na Leader Magazine que já
é Natal. Já Howard faz o que todo baterista deve fazer. Conduz a cozinha com
competência e discrição.
O show do Muse foi curtinho. Ficou
ali perto de 1h30m. Econômico, barulhento e, pelo visto, emocionante para os
seus fãs. Tinha gente cantando notas infinitas em
"Starlight" (I just wanted to hoooooooold/you innnnnnnn my
aaaaaaaaarms) e fazendo falsetinho em "Supermassive Black Hole"
(cante com voz de Anderson Silva: "Oh baby don't you know I suffer?/Oh
baby can you hear me moan?"). Tinha marmanjo chorando, tinha garota
se esperneando, tinha gente dançando, e uma galera filmando. É quase um pecado
que o show tenha durado tão pouco tempo.
Dá para dividir o show do Muse em
duas partes. A primeira teve um início vigorosos com "Psycho" e
"Reapers", músicas do bom disco novo, "Drones", que serviu
para um remelexo geral, uma empolgação, etc. Mas foi só em "Plug in
baby", terceira música e do segundo álbum da banda, "Origin of
Symmetry" (2001), que a plateia entrou em catarse. A partir daí só
melhorou ou manteve o nível.
A segunda parte poderia começar com a
12ª canção, "Madness". Aqui iniciou o grande karaokê do Muse e a
Barra da Tijuca ganhou seus ares de Feira de São Cristóvão. Mas ninguém tentou
cantar "Evidências". Como parecia que a banda queria ir embora cedo,
foi emendando um sucesso atrás do outro e deixando a galera cantar. Foi nesta
parte que veio "Supermassive Black Hole", "Time is Running
out", "Starlight", "Uprising" e um bis curtinho com
"Mercy", também do disco novo, e "Knights of
Cydonia".
No fim, tudo acabou em chuva de papel
picado, como virou praxe nos shows no Hell de Janeiro e o povão gritando: Olê,
Olê, Olê, Olê, MIUSÊ, MIUSÊ.
Foi bom, voltem sempre. Mas eu não
volto mais para a Barra esse ano (acho).
Cotação da corneta: 7,5
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