Os filmes e as séries mais interessantes que eu vi em junho:"A vida de Chuck", "Homem com H" e "Andor"
A vida de Chuck (The Life of Chuck) — Mike Flanagan se afastou um pouco do seu terreno do terror para fazer um dos filmes mais bonitos que eu vi neste ano. De certa forma, “A vida de Chuck” me fez lembrar um pouco “Peixe Grande e suas histórias maravilhosas” (2003), por causar um sentimento agridoce, mas também por ser um filme que é uma afirmação da vida.
Homem com H (BRA) — Sem sombra de dúvidas uma das maiores cinebiografias de um artista brasileiro. Soube abordar os pontos certos, fez a passagem do tempo de uma forma orgânica e aborda praticamente todos os pontos da carreira de Ney Matogrosso.
É um filme para fã e para te transformar em fã. Um filme que sabe mostrar a dimensão e a grandeza de um artista como Ney Matogrosso.
É muito bem editado e tem algumas tomadas magníficas que demonstram uma montagem brilhante. Nota-se isso muito claramente na cena da suruba e nos ganchos que ajudam a fazer a passagem do tempo.
Jesuita Barbosa está monstruoso no papel principal. Ele encarnou o cantor. E o final do filme é a cereja no bolo.
Só não achei perfeito porque não gostei muito do trabalho do ator que fez o Cazuza, A comparação com Daniel de Oliveira acaba sendo um pouco inevitável para quem viu “Cazuza: o tempo não pára” (2004).
Echo Valley (EUA) — Julianne Moore e Sydney Sweeney num filme cheio de reviravoltas do mesmo criador de “Mare of Easttown” (2021). Um deleite para quem gosta daquele gênero de filmes que trata de um crime e a complexa situação para solucionar um problema em meio a dilemas éticos e morais. Lamento apenas que a personagem de Catalina Sandino Moreno tenha sido pouco aproveitada.
Bailarina (Ballerina — EUA, HUN) — “Bailarina” não deve nada aos melhores filmes de John Wick. É uma história de vingança simples igual ao primeiro filme da franquia estrelado por Keanu Reeves e que tem todos os signos e as mitologias do universo criado pelo roteirista Derek Kolstad.
As cenas de ação são incríveis e, embora eu ainda tenha dúvidas se Ana de Armas consegue entregar um bom trabalho como atriz, tenho certeza de que no que diz respeito a cenas de ação ela se sai muito bem. A atriz já havia brilhado do mesmo jeito em “007 — sem tempo para morrer” (2021).
A lamentar apenas a pequena participação da personagem de Catalina Sandino Moreno. Gostaria de ter visto uma dinâmica maior entre ela e Ana de Armas. Acabou sendo um buraco esquisito na história. Ainda maisdada a importância dela não só para vilão vivido por Gabriel Byrne como pela pequena revelação que é feita no filme.
Buraco este que talvez se justifique pelas fofocas de bastidores. Embora tenha sido dirigido por Len Wiseman, “Bailarina” passou por refilmagens por parte de Chad Srahelski, diretor dos quatro filmes de John Wick. Stahelski teria ficado insatisfeito com o trabalho de Wiseman. Mas, com exceção desta trama paralela, o filme não parece uma colcha de retalhos.
A ressaltar também que este foi o último filme do ótimo ator Lance Reddick, que faleceu em 2023. E que o filme se passa entre John Wick 3 e 4. Portanto, não podemos nos empolgar. Ainda não sabemos se John Wick de fato sobreviveu em Paris.
Extermínio: A Evolução (28 Years Later — ING, EUA) — Vinte e três anos depois do primeiro “Extermínio”, Danny Boyle e Alex Garland voltam a Inglaterra pós-apocalipse zumbi para nos mostrar como está a ilha depois de 28 anos do primeiro infectado. Temos novos elementos, caos e uma era das trevas enquanto o resto do mundo seguiu o seu curso natural. O estilo de Boyle continua o mesmo e o filme é pura diversão.
Levados pelas marés (Feng liu yi dai — CN) — Filme super experimental de Jia Zhang-Ke que começou a partir de filmagens que o diretor começou a fazer há 30 anos sem qualquer propósito além de experimentar diferentes técnicas de filmagem. Depois disso, Zhang-Ke pensou na história do casal que se desencontra em meio as transformações que a China passou nas últimas décadas. Tudo muito interessante.
Andor (EUA — Disney Plus) — Acabou a discussão. A maior trilogia de Star Wars é Andor — Season 1, Andor — Season 2 e Rogue One (2016). George Lucas que me desculpe, mas esta é a maior obra de Star Wars já feita. Inclusive, é um exercício interessante ver Rogue One, passar para Andor e depois rever Rogue One. Cassian Andor (Diego Luna, incrível, trabalho impecável) colocou até o nosso amado Han Solo (Harrison Ford) para trás. Tony Gilroy nos trouxe um mundo cheio de complexidades, personagens cinzas dos dois lados e uma ebulição política e social que devia ser o ponto central de Star Wars. No entanto, sabemos que esta é uma joia em meio a usina de venda de bonequinhos de Star Wars. Mas um dia voltaremos a nos encontrar em uma ou outra obra de arte da franquia. Afinal, “I have friends everywhere”.
O Eternauta (El Eternauta — ARG — Netflix) — Ricardo Darín tem cadeira cativa no meu panteão de artistas desde que eu era o único jovem sub-30 a ver os seus filmes nos “cinemas de arte” do Rio de Janeiro. Baseado na HQ de Francisco Solano Lopez esta série de ficção científica argentina é super bem produzida e conta a história de um grupo de pessoas que tenta sobreviver num mundo que vai sendo devastado por uma nevasca mortal. Depois, ela evolui para outras coisas que me deixaram curioso o suficiente para querer ver o que acontecerá na segunda temporada.
As quatro estações do ano (The Four Seasons — EUA — Netflix) — Baseada no filme de mesmo nome de 1981 de Alan Alda, eu acho que eu só dei play nesta série porque eu tenho visto tudo o que Steve Carrell e Colman Domingo têm feito nos últimos anos. É bonitinha e eu gosto de como a construção é feita a partir das quatro estações de Vivaldi. Valeu a jornada, mas definitivamente não era necessário anunciar uma segunda temporada.
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