domingo, 22 de junho de 2025

Film review: “A vida de Chuck” e “Operação Vingança”

Tom Hiddleston brilha no filme
A vida de Chuck (The Life of Chuck — EUA — 2024)

Estrelado por: Tom Hiddleston (Charles “Chuck” Krantz), Jacob Tremblay (Charles “Chuck” Krantz jovem), Benjamin Pajak (Charles “Chuck” Krantz criança), Chiwetel Ejiofor (Marty Anderson), Karen Gillan (Felicia Gordon), Mia Sara (Sarah Krantz), Carl Lumbly (Sam Yarborough), Mark Hamill (Albie Krantz), Q´orianka Kilcher (Virginia “Ginny” Krantz), Matthew Lillard (Gus), Violet McGraw (Iris), Kate Siegel (Miss Richards), Samantha Sloyan (Miss Rohrbacher), Heather Langenkamp (Vera Stanley), Nick Offerman (Narrador).

Roteiro: Mike Flanagan a partir do conto de Stephen King.

Direção: Mike Flanagan

Gosto quando um artista se arrisca fora de sua zona de conforto. Com um nome extremamente associado ao terror graças a boas séries de TV como “A maldição da Residência Hill” (2018)“A maldição da Mansão Bly” (2020) e “A queda da casa de Usher” (2023)Mike Flanagan resolveu levar uma das lições do seu novo filme para si e mostrar que também contém multidões, como no poema “Song of Myself”, de Walt Whitman, citado em “A vida de Chuck”.

Baseado num conto de Stephen King“A vida de Chuck” não deixa de ter um elemento até certo ponto de fantástico e de aterrorizante, mas o que pode ser mais aterrorizante do que a vida? Do que arriscar-se a viver? Algo que nem todos se propõem a fazer em meio aos medos e obrigações que atravessamos pela nossa existência.

“A vida de Chuck” é filme bem bonito. Causa estranheza ao começar pelo terceiro ato, mas aos poucos ele vai se construindo lindamente até montarmos todo o quebra-cabeças de referências que vimos no início nos dois atos restantes. Tudo para fechar com uma revelação que nos faz refletir como agiríamos se soubéssemos daquilo.

Muito bom ver Jacob Tremblay trabalhando. Ele que apareceu tão bem em “O quarto de Jack” (2015). Que atuação delicada e bonita de Tom Hiddleston, que faz o Chuck em sua fase adulta. Que casal fascinante fazem Mia Sara e Mark Hamill, que vivem os avós de Chuck. Ela, toda sabedoria, amor e leveza. Ele, pura razão, mas também amor, pragmatismo e ensinamentos importantes.

“A vida de Chuck” me fez lembrar um pouco “Peixe Grande e suas histórias maravilhosas” (2003), por causar um sentimento agridoce, mas também ser um filme que é uma afirmação da vida. Pode não ser o melhor filme do mundo, mas vou sempre lembrá-lo por sua beleza e delicadeza.

Nota 8/10.

Mais um filme fraco de Malek
Operação Vingança (The Amateur — EUA — 2025)

Estrelado por: Rami Malek (Charlie Heller), Rachel Brosnahan (Sarah), Jon Bernthal (The Bear), Evan Milton (Slater), Holt McCallany (Diretor Moore), Julianne Nicholson (Diretora O´Brien), Barbara Probst (Gretchen Frank), Joseph Milson (Ellish), Marc Rissman (Mishka Blazhic), Michael Stuhlbarg (Schiller), Laurence Fishburne (Henderson), Caltriona Balfe (Inquilline).

Roteiro: Ken Nollan e Gary Spinelli a partir do livro de Robert Littell.

Direção: James Hawes.

A essa altura do campeonato e seis anos depois do fim de “Mr Robot” (2015–2019), já podemos dizer que Rami Malek não é exatamente um grande ator. Apesar de ter feito um bom trabalho ao interpretar o jovem brilhante e altamente instável emocionalmente na famosa série de TV, tudo o que o ator fez na sequência foram variações das caras e bocas do Elliot de “Mr Robot”. Incluído aí o seu Freddie Mercury de “Bohemian Rhapsody” (2018), cuja vitória no Oscar ainda tenho dificuldades de compreender.

“Operação Vingança” é só mais uma variação deste mesmo tema. Pior. Depois de tantos personagens diferentes em que não conseguiu trazer minimamente novas camadas, Malek volta a interpretar aqui um especialista em cibersegurança genial e que se vê diante de uma missão pessoal. No caso do filme, vingar a morte da esposa, que fora vítima de um atentado terrorista em Londres.

Filmes sobre vingança não costumam ser ruins, mas “Operação Vingança” abusa demais da minha suspensão de descrença. Elliot, quer dizer, Charlie Heller, o novo personagem de Malek, não tem instinto assassino, mas fábrica bombas como ninguém. Como quer saciar o seu desejo para ontem, ele até chantageia os colegas da CIA. Colegas estes corruptos, é claro, pois nosso herói atrapalhado que não sabe sequer empunhar uma arma, precisa ter a nossa simpatia numa jornada de vingança que passeia pelo mundo bem ao estilo James Bond.

No fim, depois de passarmos o tempo todo ouvindo que ele não tem um instinto assassino, somos agraciados com uma filosofia de botequim em pleno alto mar antes de Heller dar o xeque-mate no vilão. Acho que podíamos ficar sem essa.

Duas coisas me chamaram a atenção neste filme que se revelou extremamente genérico e anódino:

  1. Como pode um único homem, por mais brilhante que seja, enganar TODA a CIA em sua operação clandestina. E toda a inteligência mundial, porque ele viajou muito em sua jornada de vingança.
  2. O que deve ter convencido tanta gente boa a trabalhar neste filme? Ele tem Rachel BrosnahanLaurence FishburneJon BernthalMichael Stuhlbarg e Holt McCallany. Tudo bem que nenhum deles faz parte da a lista A de Hollywood, mas são atores bons e famosos o suficiente para estarem num filme melhor. Ou são muito amigos do diretor James Hawes ou são muito fãs dos romances de espionagem de Robert Littel, cuja obra se baseia o filme. Eis um mistério que nem Charlie Heller conseguiria solucionar.

Nota 5,5/10.

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