Uma amiga
me mostrou esta semana uma mensagem verdadeira sobre como é fascinante a
palavra "ué". O ué é fenomenal, pois pode ser aplicado em várias
situações dependendo do contexto e entonação. Isso me fez colocar no papel (ou
melhor, no bloco de notas virtual) umas ideias que eu já desenvolvia há algum
tempo sobre algumas palavras que deveriam ser universais e estar em todos os
idiomas. Sem que suas respectivas traduções sejam excluídas, é claro, pois o
Marcelismo é a pura democracia. Obviamente, o ué estaria nesse grupo.
Meu esperanto particular também teria o
"disgusting". A força dessa palavra tem muito mais valor do que o
português "nojento", como você pode ler nos exemplos abaixo:
1. O governo é nojento
2. O governo é disgusting
2. O governo é disgusting
Perceberam? O impacto é muito maior.
Também estariam neste meu grupo particular o grego
"kalimera" e o francês "bon jour". Quem escuta um kalimera
de bom dia, começa o dia feliz, em êxtase, porque é uma palavra dita com
sorriso de orelha a orelha. É provável que ouvir um kalimera te faça sair para
trabalhar cantando e dançando como numa cena de "Mamma Mia". Já se
você escuta Bon Jour, você começa o dia já apaixonado. Agora, escutar Bom dia é
broxante e dá azia. É como acordar cedo na segunda-feira.
Por falar em amor, a expressão "Jet'aime"
tem muita imprensa. Não chega perto de um "Eu te amo" ou um "I
love you". Agora, se a questão é trepar mesmo, nada supera o espanhol
"te quiero". Eu sei que não necessariamente isso tem a ver com sexo,
mas vai dizer que você não pensa naquilo quando ouve um "te quiero"?
Mas se o assunto é odiar, "I hate you"
tem muita força, porém nada comparável ao alemão "Ich hasse dich".
Da língua de Nietzsche eu também tiraria para o meu
esperanto particular o termo "Entschuldigung", porque "com licença"
e sua variante "licencinha" não têm condição. Enquanto "excuse
me" soa como aquela patricinha metida e sebosa falando. E se alguém
espirra, nada melhor do que dizer "Gesundheit". E nada exemplifica
melhor o significado de trabalho do que o alemão "arbeit" (entendam
como quiserem).
Aliás, o inglês têm uma série de expressões que
podem soar mal. Tipo "sorry". O italiano "scusa" é mais
bonito. "Pardon" também é uma boa e elegante opção.
Agora, se temos que dizer adeus, não busque a
música do Roupa Nova. Bye bye é ruim, mas eu até gosto de farewell, porque é
classuda e aparece nas peças de Shakespeare. Contudo, ninguém diz adeus como os
russos. Ouvir "Do svidaniya" é o melhor até logo que você pode
receber. Quando você escuta Do Svidaniya, parece que acabou de deixar o bar
bêbado e feliz. Perto dos russos só o "arrivederci" italiano.
Por falar em bar, aquele momento do tim-tim seria
lindo se disséssemos o sueco (e nórdico) skål (fala-se iskool). Ninguém brinda
como os nórdicos.
Outra palavra inglesa que não engulo é "Thank
you". Soa debochado na boca de alguns. Talvez esteja desgastada, afinal, o
inglês é o esperanto que deu certo. "Obrigado" também me incomoda. Se
você tira primeira sílaba remete a briga, se tira a última remete a obrigação.
E o agradecimento deveria ser um ato de generosidade. No esperanto marcelista
falaríamos "Efscharistó" (se fala Efaristô). Quando você usa a
expressão grega, está sempre sorrindo. O "merci" francês te traz um
meio sorriso enigmático e também está valendo. E o arigatô japonês devia ser
usado sempre em ocasiões formais.
Se tem uma expressão que é universal é
"Ok". O mundo ocidental inteiro diz ok. Ok, eu peguei implicância. No
meu dicionário diríamos mais o espanhol "vale".
- Vamos no cinema amanhã?
- Vale
- Vale
E para que eu fiz esse textão
linguístico afinal de contas? Sei lá. É apenas uma reflexão de domingo enquanto
eu espero "Game of Thrones".
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