A briga lá embaixo tá boa |
Nunca joguei "Warcraft".
Nem sei do que se trata o universo em questão. Mas eu também sou um fã de algo.
Logo, super entendo a quantidade de aplausos que o filme recebeu ao fim da
sessão tomada de nerds que a corneta assistiu. É sempre divertido uma sessão tomada de nerds. De fato, se eu tivesse dedicado
minha vida a jogar "Warcraft", talvez tivesse rolado uma conexão.
Talvez até uma atração por uma ORQUISA (uma palavra tão estranha quanto
presidenta). Mas eu tenho esse desvio de caráter. Nunca joguei
"Warcraft".
O que é difícil de encontrar são qualidades
na adaptação de Duncan Jones para os cinemas longe do seu nicho de nerds
apaixonados por essa guerra eterna entre orcs e humanos. "Warcraft" parece um videogame que você nem tem a chance de jogar. Sim, amigos, sob pena
de ter a vida sugada por um feitiço de Vilania, a corneta é taxativa:
"Warcraft" é ruim de doer a alma. E só não é de doer a vista porque
se tem uma coisa que o filme tem de bom são as imagens e os efeitos
especiais.
Mas a história do ponto de vista de
um roteiro cinematográfico é dura de engolir. Em resumo: um orc Mestre dos Magos/Vingador
se alimenta de uma magia negra sinistra e depois de destruir o planeta orc
resolve invadir a terra para colonizar o planeta e escravizar os humanos. Só
que os homo sapiens não vão deixar isso barato e lutarão até o fim como se
estivessem brigando contra o rebaixamento no Brasileirão. Há traições dos dois
lados e reflexões de uma tribo orc sobre se o orc mago não estaria doidinho e
seduzido pelo seu poder verde. Além de uma série de reflexões
existencialistas de fazer Sartre se questionar: foi para isso que eu fiz esses livros?
No meio disso, temos Ragnar Lothbrok,
ops, Lothar (Travis Fimmel) liderando a rebelião humana. E querendo dar uns
pegas numa orquisa guerreira e mestiça. Sim, meus caros, "Warcraft"
tem romance entre espécies. Não configura zoofilia porque orcs tecnicamente não
são animais. Eles também têm telencéfalo altamente desenvolvido e polegar
opositor. E dentes protuberantes.
Aí você tem humanos bonzinhos,
humanos mauzinhos, orcs bonzinhos, orcs mauzinhos, uma disputa de poder
celestial entre os magos da luz verde e da luz azul e uma deixa para uma
continuação com um bebê orc que será criado entre humanos. Óbvio, né? Esse mito
da mãe que deixa o filho embrulhado ir embora num rio é mais velho que andar
para frente.
Aliás, os magos merecem um parêntese.
Eles são muito sem graça, pois acabam com toda a ação. Toda vez que um grupo de
humanos está na pior. No caso, quase sempre, pois os orcs são maiores e mais
fortes, um mago surge, fala uma coisa em aramaico e sânscrito e ganha a luta. Tudo bem, os efeitos são maneiros, mas é igual a um videogame, quando você tem aquela jogada especial que usa contra o
mestre no final. Quem nunca usou um Ha-Do Ken antes?
É uma pena que "Warcraft"
não tenha ido além de um game com atores reais e efeitos especiais. E manteve uma tradição:
nunca um filme baseado em videogame é bom. Não ia ser "Warcraft" que
ia contrariar isso. E no fim fica a pergunta: como pode uma sociedade supostamente medieval, que só usa espadas e machados para brigar, de repente ter armas de fogo? Depois disso, o filme vai ganhar uma nota 4.
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