Londres destruída por um filme ruim |
Se eu tivesse que fazer um ranking de
filmes que me deixaram mais constrangidos no cinema recentemente ele teria
"Warcraft", "Cinquenta tons de cinza" e, óbvio,
"Batman vs Superman". Mas nenhuma destas obras, digamos assim,
únicas, seria capaz de superar a ruindade de "Independence Day: o ressurgimento".
O novo filme de Roland Emmerich é uma
coletânea de erros e situações patéticas, mas a medalha de ouro vai para o
quinteto de roteiristas (Emmerich entre eles). Porque é preciso muito esforço
para que cinco cabeças juntas pensem em tantas situações clichês, bizarras ou
piegas para fazer um filme que nem os efeitos especiais ajudam.
É um tal de filho vendo os pais em
situação difícil e nada podendo fazer, crianças aparecendo para trazer a
mensagem de esperança, vibração de uma humanidade reunida em busca de um ideal
(muita vibração. Parecia o Galvão comemorando gol do Brasil), rivais do passado
que viram amigos e rapidamente resolvem picuinhas. Tudo com atuações
SOFRÍVEIS.
O novo filme se passa vinte anos
depois dos eventos do primeiro "Independence Day". Como faltou verba
para contratar um ator famoso, Will Smith, um dos heróis do primeiro filme, não
passa de um retrato na parede da Casa Branca. Melhor assim. Nem deu para sentir vergonha alheia.
Os Estados Unidos e o mundo vivem em
paz e harmonia. Nunca houve Brexit no mundo paralelo de Emmerich. Todos
trabalham juntos num grande crowdfunding internacional e até interplanetário,
visto que a Lua virou uma segunda casa. Sua estação espacial é chefiado por um
chinês, tem americanos, europeus trabalhando em harmonia e no planeta não há
racismo, machismo nem homofobia. Queria muito viver nesse mundo encantado de "Independence Day"!
O único problema é que neste mundo
encantado, os efeitos especiais deixam a desejar. De uma coisa boba como um
discurso da presidente americana diante de uma multidão que parece uma
gravação de um comício nos anos 70 aos discutíveis efeitos da invasão
alienígena sinto que faltou bom gosto neste departamento.
Mas se esse fosse o único problema
tudo bem. A questão é que o conjunto da obra deixa a desejar. Os protagonistas
Dylan Hiller (Jessie T. Usher) e Jake Morrinson (Liam Hemsworth) parecem jovens
estreando em "Malhação". Enquanto Jeff Goldblum, que volta a viver o
pesquisador David Levinson parece um professor da escola de
"Malhação".
Diante disso tudo, eu me questiono:
por que amigos? Por que Charlotte Gainsbourg foi se meter nessa roubada?
Bom, mas nessa história sem pé nem
cabeça, os alienígenas voltam para se vingar da surra que levaram no primeiro
filme. Aparentemente eles têm uma conexão com o ex-presidente americano vivido
por Bill Pullman e outros personagens. Um deles, inclusive, baixa um santo e
sai escrevendo equações matemáticas no quarto do hospital como se fosse o
Russell Crowe em "Uma mente brilhante".
Ok, ok, "The winter is
coming", mas como o filme faz questão de repetir insistentemente a cada 20
minutos: É 4 de julho, vamos chutar uns traseiros gordos porque nós somos
americanos e somos bons demais.
A partir daí, "Independence
Day" vira "Space Invaders". Com a triste diferença de que você
não pode jogar.
Contudo sempre pode piorar! Mais para
frente, descobrimos que na verdade os aliens não estavam querendo se vingar da
surra que tomaram há vinte anos. Estavam só de passagem pela Terra para
reabastecer a nave. Tipo, a Terra era só o Posto Ypiranga deles. Eles
estavam mesmo metidos numa guerra intergaláctica de proporções inimagináveis
que agora os humanos, outrora bois de piranha, são convocados para liderarem o
exército aliado contra os aliens maus. Sim, parece que existem os aliens
bonzinhos. Sim, os humanos foram promovidos de raça primitiva a raça top do
Universo só porque demonstraram garra, perseverança, união, amor e compaixão.
Mas isso só
acontecerá no terceiro filme. Peraí, depois dessa tragédia haverá terceiro
filme? Esperamos que não. Não há alternativa. Nada, absolutamente nada se
salva. "Independence Day: o ressurgimento" ganhará uma nota 0.
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